Ato também marca os dois anos do assassinato de Marielle Franco
Com aumento recorde de feminicídios no Brasil, com a retirada de direitos e com a ameaça aos seus territórios causadas por empreendimentos, mulheres de Santarém sairão às ruas no próximo dia 14 de março, como parte da agenda de atividades do Mês das Mulheres. O ato “Mulheres da Amazônia contra Bolsonaro: em defesa das nossas vidas e dos nossos territórios” tem a concentração marcada a partir das 8h, no Parque da Cidade. Após às 9h, as mulheres devem sair em marcha até a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) de Santarém, no bairro Aeroporto Velho.
A mobilização deve ir até o local para denunciar as dificuldades no atendimento às mulheres vítimas de violência – como a dificuldade de encontrar o contato para registro de ocorrência e o atendimento apenas em horário comercial. Em 2019, a DEAM registrou mais de 1700 ocorrências – somente no feriado de Corpus Christi, a delegacia foi acionada para 10 casos de violência, em um período de quatro dias. Desses registros, 4 casos foram registrados no domingo.
O número alarmante de violência contra a mulher em Santarém também acende um alerta para os dados nacionais: no Brasil, a cada dois minutos uma mulher registra agressão sob a Leia Maria da Penha, segundo o 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Além disso, o país registrou um aumento recorde nos casos de feminicídio no último ano – somente em 2019, ao menos 1.314 mulheres foram assassinadas no Brasil pelo fato de serem mulheres.
Mulheres da Amazônia Contra Bolsonaro
Além do aumento na violência e nas dificuldades encontradas no atendimento às vítimas, as mulheres da Amazônia também denunciarão a implantação de uma política que ameaça a vida delas e de seus territórios. A flexibilização na posse de armas, mudanças no tempo para aposentadoria, flexibilização na legislação ambiental e o incentivo à projetos e empreendimentos na região – como mineração, portos, hidrelétricas e ferrovias – são exemplos disso. O ato também marca os dois anos do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, cujos suspeitos pelo assassinato são relacionados à família Bolsonaro.
O ato é organizado por mulheres de diferentes coletivos e instituições, como representantes da Fase, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares (STTR), União dos Estudantes do Ensino Superior de Santarém (UES), Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Santarém (AMTR), Grupo Na Raça e na Cor, Grupo em Defesa da Amazônia (GDA), Terra de Direitos e Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Santarém.
Colaboração: Ayla Tapajós