Pesquisa alerta que queimadas podem piorar crise de Covid-19 na Amazônia

Além disso, estudos indicam que exposição a partículas finas aumentam a predisposição à infecção pelo coronavírus.
Crédito: Departamento de Comunicação/Governo de MT

Uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) revela que a temporada de queimadas pode provocar uma escalada na pandemia de covid-19 na região. Segundo os pesquisadores, os problemas respiratórios decorrentes dos incêndios já geram uma grande procura por hospitais, o que aumentar a exposição da população a ambientes hospitalares. Além disso, estudos indicam que exposição a partículas finas aumentam a predisposição à infecção pelo coronavírus.

A nota técnica divulgada pelo instituto leva em conta o histórico da degradação do bioma amazônico. Enquanto a derrubada da mata atinge o pico entre os meses de maio e julho, a queima da floresta desmatada ocorre nos meses seguintes. Com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Ipam estimou a área derrubada que não foi alvo do fogo e concluiu que há 4.503 km² de floresta a serem queimadas, o equivalente a três vezes à da cidade de São Paulo.

Boa parte dela no Pará, cujo território, segundo o Ipam, concentra a maior parte das áreas desmatadas não queimadas, representando 42% ao todo, seguido por Mato Grosso (23%), Rondônia (13%) e Amazonas (10%).

A ONG alerta para uma sobrecarga ainda maior nos sistemas hospitalares da região amazônica, onde estados como o Amazonas tiveram o sistema de saúde colapsado com o avanço do coronavírus. O Pará também foi lembrado como um dos estados que enfrentam dificuldades pela falta de leitos, UTI’s e respiradores.

Previsão

O instituto prevê que, até o fim de julho, o Brasil pode ter até 9 mil km² de materiais prontos para serem incendiados. As projeções indicam que o país pode repetir o roteiro das queimadas de 2019, que mobilizaram o mundo inteiro a favor da preservação do bioma ou mergulhar em um cenário ainda mais sombrio.

Segundo o Ipam, para que se repita o volume de incêndios registrados em 2019, basta que 60% da floresta desmatada seja incendiada. A tendência crescente do desmatamento em meio à pandemia, no entanto, indica que o volume queimado pode ser ainda pior.

Caso esse índice chega a 100%, os pesquisadores preveem uma situação de calamidade pública. Um alerta similar foi feito por três pesquisadores do Inpe na semana passada. A combinação do problema com a crise do coronavírus pode levar a uma “tempestade perfeita”, aponta o Ipam.

O relatório cita ainda um estudo da Universidade Harvard (EUA) que aponta para um aumento de 8% na taxa de mortalidade da Covid-19 entre pessoas expostas a partículas finas de poluição conhecidas como PM 2.5.

Como saída para evitar a crise, o Ipam defende que a operação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na Amazônia Legal, amparada pelo decreto 10.341 de 2020, seja prolongada até o fim de outubro com o intuito de combater ações criminosas, além do monitoramento atento às áreas desmatadas e com focos de queimadas tanto pelo governo federal quanto pelos estados amazônicos. 

Fonte: IG