Instalação artística paraense sobre os encantados amazônicos e afro-religioso será apresentada em Santarém

Anderson Pereira, é um artista plástico negro e gay, que fará uma exposição inédita dando visibilidade a temas místicos, espirituais em contexto com a vida na Amazônia

Com uma proposta de experiência envolvente combinando elementos místicos amazônicos e a interconexão positiva e negativa entre humanos e a natureza, Santarém, no oeste paraense, receberá pela primeira vez uma exposição artística cuja obra é inspirada na ancestralidade, encantados da Amazônia e nas entidades caboclas: Mariana, Jarina e Herondina. A obra é do artista plástico Anderson Pereira, belenense e morador santareno, que levará ao público a instalação “Altar Urbana: Da Floresta à Cidade, onde as encantadas se encontram”. A exposição será do dia 13 ao dia 21 de outubro, no Centro Cultural João Fona.

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O artista quer promover experimentações compartilhadas que possam estimular a articulação de ideias, debates, reflexões e outras formas sociais de interação através da arte. A instalação dará visibilidade a uma representação artística dos encantados em harmonia com a fauna e flora amazônicas, além da vida na cidade, destacando a fragilidade desses ecossistemas diante das mudanças climáticas.

Anderson explica que a instalação refere-se a uma forma de expressão artística em que o artista utiliza um espaço tridimensional para criar uma experiência envolvente para o espectador. Em vez de se limitar a um quadro ou escultura independente, a instalação envolve a disposição de vários elementos no ambiente em que ela está situada.

“A exposição quer envolver as pessoas em atividades criativas e interativas, que levam a vários pensamentos. Essa abordagem não apenas desperta a consciência, mas também fomenta uma compreensão mais profunda das complexas vivências entre a natureza, as crenças espirituais e os desafios ambientais. Queremos provocar no público uma rede de sensações “etnopoética”, em torno da noção dos cuidados vivenciados pelos povos de matriz africana e indígena na Amazônia”, enfatizou o Artística Plástico.

Num contexto imersivo, a obra integra por meio dos objetos em forma de altar em conexão com a dimensão espiritual; a instalação pode tocar as fibras mais profundas da relação entre as comunidades locais e o seu ambiente contribuindo para um senso de responsabilidade, tolerância e de respeito às diversas formas de existir e reverenciar.

Ele explica que fará uma releitura dos usos dos espaços urbanos em contexto amazônico. Anderson afirma que para o processo de criação foi levado em consideração as pessoas e o mau uso desses espaços e as danosas consequências para a sociedade como um todo.
Na cena, terá um dos quadros pintados pelo artista, que desponta como revelação Paraense no seguimento de artes visuais, e ainda vários elementos representativos do cotidiano das pessoas.

“A utilização de cores vibrantes e simbologia específica vai enriquecer ainda mais a narrativa da obra, proporcionando uma imersão na diversidade e profundidade dessas tradições. Quem for ver a instalação vai poder observar as representações artísticas dos encantados em harmonia com a fauna e flora amazônicas, destacando a fragilidade desses ecossistemas diante das mudanças climáticas”, disse.

Encantados – Os encantados da Amazônia são seres míticos e espirituais, frequentemente presentes nas tradições folclóricas e culturais das comunidades amazônicas. Essas entidades são consideradas guardiãs da floresta e seus habitantes, representando uma conexão profunda entre a natureza e as crenças locais.

Os encantados podem assumir diversas formas, muitas vezes associadas a animais da região, como botos, cobras, curupiras ou outros seres da floresta. A ligação entre as crenças dos encantados da Amazônia e as concepções afro religiosas, como o Candomblé ou a Umbanda, é muitas vezes uma expressão da riqueza da diversidade cultural e espiritual no Brasil, especialmente nas regiões amazônicas.

De acordo com o produtora executivo, Mayco Chaves, que ajudou na pesquisa para o projeto.
“Eles são vistos como seres benevolentes, mas também demandam respeito e reverência. As lendas dos encantados são passadas de geração em geração, contribuindo para a rica tapeçaria cultural da Amazônia”, afirma.

Anderson destaca que o tema escolhido fala das espiritualidades na região, nos quais elementos das tradições indígenas da Amazônia e das práticas afro-brasileiras se entrelaçam. “Por exemplo, algumas entidades cultuadas nas religiões afro-brasileiras podem ser associadas ou adaptadas para incorporar características dos encantados da Amazônia. Essas relações são formas que enriquecem as identidades culturais amazônicas”, disse.

MiniBio: Artista Plástico e Antropólogo. Mestre e Doutorando em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Graduação em Antropologia pela Universidade Federal do Oeste do Pará. Bacharel em Administração com ênfase em Marketing pelo Centro Universitário do Estado do Pará.

RDN, com informações da assessoria