Mulher que matou sargento a golpes de faca em Santarém, diz que agiu em legítima defesa

A defesa de Daniele Siqueira da Silva e Silva, 37 anos, diz que era de conhecimento da família do casal episódios de violência por parte de Márcio Anderson Vinhote Silva, 42 anos.
Reprodução: redes sociais

Presa e autuada em flagrante pela morte do 3º sargento da Polícia Militar Márcio Anderson Vinhote Silva, 42 anos, com quem era casada, Daniele Siqueira da Silva e Silva, 37 anos, confirmou ao seu advogado Igor Célio Dolzanis que foi a autora das facadas que provocaram a morte do marido, mas afirmou ter agido em legítima defesa.

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“Na realidade o que foi comunicado por ela é que o sargento teve um surto psicótico, claro que ele tomava remédio controlado, numa dose exagerada há cinco anos. Aí, ele chegou em casa, desferiu dez tiros na casa, e dois em direção a ela. Se sentindo ameaçada ela pegou uma arma branca e desferiu os golpes. Ela agiu em legítima defesa”, contou Igor Dolzanis.

Ainda de acordo com o advogado de Daniele, era de conhecimento de toda a família, tanto dela quanto do sargento, que os episódios de violência por parte do policial eram corriqueiros. “Infelizmente, houve essa situação. Uma mulher sendo ameaçada por 10 disparos, acredito que isso vai ser bem visto na fase judicial. Além da legítima defesa, vamos trabalhar com a inexigibilidade de conduta adversa dela, não pelo fato de ser mulher, mas porque ela estava sendo ameaçada por um cidadão que sabia atirar, que tinha total perícia em armamento, e desferiu esses disparos em direção a ela”, ressaltou.

Perguntado sobre o porquê de Daniele não ter procurado a polícia para denunciar episódios anteriores de violência dos quais teria sido vítima, Igor Dolzanis justificou que ela preferiu preservar a família.

“Nesses relacionamentos assim, geralmente uma parte ou outra ama mais e prefere preservar tanto a identidade do outro, quanto a vida da família. Esse caso foi uma infelicidade. Hoje ela está de uma maneira totalmente traumatizada, está presa, e com o tempo, a verdade vai vir à tona”, disse o advogado.

Como Daniele se manteve em silêncio na delegacia, a defesa vai pedir a perícia do local, assim como o exame cadavérico, pra ver se tinha alguma substância a mais no que o sargento ingeriu, pra saber o que ele bebeu.

Segundo Igor Dolzanis, Daniele também está disposta a também fazer os exames necessários. Ele disse que ela apresenta alguns machucados nas mãos e nas costas. “Já estamos requerendo o exame de pólvora combusta e vamos deixar esse desfecho para a justiça”, pontuou.

Investigação

De acordo com a delegada titular da Especializada de Homicídio, Raíssa Beleboni, no momento da ocorrência estavam no local apenas o casal e um filho deles, de 13 anos.

“As informações iniciais são de que o adolescente não presenciou o ocorrido. Mas ele será encaminhado pelo delegado plantonista para realização de escuta especializada na Deaca. Foram realizadas diligências preliminares e foi identificada uma possível testemunha de parte da ação criminosa e o procedimento foi lavrado com oitiva dos policiais militares responsáveis pela apresentação, dessa testemunha que auxiliou no socorro à vítima e a oitiva da acusada. Assistida por advogado, a Daniele permaneceu em silêncio e portanto não foi ouvida nesse início de inquérito policial”, explicou Beleboni.

De acordo com a delegada, as diligências continuarão sendo realizadas pela equipe plantonista. Ainda nesta quarta, serão realizadas as perícias no local do crime onde o sargento foi socorrido, e partir daí, em razão da prisão de Daniele, o inquérito tem prazo de 10 dias para ser concluído.

Fonte; g1 Santarém