Unidade também já realizou 75 transplantes renais, se consolidando como referência na região Oeste do Estado
Desde fevereiro de 2012, o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, é habilitado pelo Ministério da Saúde e realiza a captação de múltiplos órgãos dentro da unidade.
Em pouco mais de dez anos – até agosto de 2022 –, já foram realizados 44 procedimentos deste tipo e 165 órgãos foram captados, sendo 82 rins, 69 córneas, dez fígados e quatro corações.
Hoje, a unidade, que pertence ao governo do Estado e é gerenciada pela Pró-Saúde, conta com uma Organização de Procura de Órgãos (OPO), setor que atua na identificação, manutenção e captação de potenciais doadores em toda a região Oeste do Pará.
Este trabalho começou em 2008, com a criação da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT) e seguiu alcançando grandes marcas, como a primeira captação de múltiplos órgãos realizada por uma equipe do próprio hospital – até então profissionais de fora faziam as cirurgias – e o primeiro transplante renal da unidade, ambas em novembro de 2016.
Até aqui, 75 transplantes renais foram realizados pela equipe médica do HRBA, sendo 42 intervivos – quando geralmente o doador é um parente do transplantado – e mais 33 de doadores falecidos.
A destinação dos órgãos captados é de responsabilidade da Central Estadual de Transplantes, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (SESPA), que atende as demandas de acordo com a fila de pacientes que esperam por um transplante.
“Em julho de 2018, entramos para o circuito nacional de doação de órgãos. Então, além de mandarmos órgãos quando temos doadores, também recebemos de outras cidades e estados. A partir disso, começamos a fazer os transplantes de uma forma mais rápida”, explica o médico nefrologista e responsável técnico do serviço de transplantes do HRBA, Emanuel Espósito.
Em junho deste ano, o HRBA iniciou os transplantes renais preemptivos, procedimento até então inédito na região. Neste tipo, o transplante é realizado com doador vivo e antes do paciente renal crônico precisar ir para máquina de hemodiálise.
“É a melhor modalidade, porque nós já começamos a fazer os exames e avaliações para o transplante antes que esse paciente tenha a falência total dos rins. Isso permite uma maior comodidade ao paciente e também uma maior durabilidade do rim. O transplante preemptivo é o que tem o maior índice de sucesso”, destaca Emanuel.
O Marlon ainda era adolescente quando o HRBA fazia os primeiros procedimentos de captação e transplante de órgãos. Em 2021, com apenas 22 anos, ele descobriu que tinha um problema genético que fez com que os dois rins parassem de funcionar. Após mais de um ano fazendo hemodiálise, no último mês de maio, ele realizou o transplante a partir da doação da própria mãe.
“A minha mãe me deu a vida uma vez e agora me deu uma segunda chance de viver novamente. O amor que eu sentia por ela triplicou”, declara o jovem.
O diretor Técnico da unidade, Dr. Epifanio Pereira, comemora o desenvolvimento desse serviço, que tornou o Hospital Regional do Baixo Amazonas uma referência no Pará quando o assunto é a captação e o transplante de órgãos.
“O comprometimento e expertise dos nossos profissionais nos possibilitou alcançar esses números, essas marcas. Muitas pessoas já foram beneficiadas, voltaram a ter saúde. Fazer este tipo de procedimento na Amazônia é, com certeza, um marco para todos nós”, declara o profissional.
Setembro Verde e o incentivo à doação
Todo mês de setembro, o HRBA realiza ações para incentivar a doação de órgãos, sobretudo de doadores falecidos. Este ano, a campanha teve como tema “Converse com a sua família! Doe órgãos, a vida precisa continuar” e contou com uma série de ações, como abordagens nas recepções, palestras, blitz de orientação e distribuição de folders, discussão sobre o assunto na rádio interna da unidade, além da iluminação da fachada do hospital com a cor da campanha.
Para ser um doador de órgãos após a morte, é necessário o diagnóstico de morte encefálica, que consiste na parada irreversível das funções do cérebro, e conta com um rigoroso protocolo médico para a determinação.
Hoje, um paciente que pretende ser doador, não precisa deixar nenhum documento escrito, mas sim manifestar o desejo à família, para que este seja respeitado.
“A doação hoje depende da autorização da família. É importante que a pessoa em vida manifeste esse desejo. O ato de doar é um ato de amor, de solidariedade. Hoje, no Brasil, temos muitos pacientes em lista, aguardando um transplante de órgãos. A doação pode mudar a vida dessas pessoas”, ressalta o médico coordenador da OPO, Antônio Carlos Silva.
Quem passou por todo o processo de tratamento da hemodiálise, sabe o quanto uma doação faz toda a diferença.
“No momento em que se faz uma doação, a pessoa que recebe aquele órgão tem uma segunda oportunidade de viver, de ter uma vida perto do normal. Quem doa órgãos, com certeza salva vidas”, conclui Marlon.
Comunicação HRBA/Pró-Saúde