PSOL define no dia 28 de maio as candidaturas próprias ao Governo do Pará e Senado Federal

Saiba quem são os membros da legenda que já colocaram seus nomes à disposição do partido para o Executivo
O presidente estadual do PSOL afirma que maioria quer candidatura própria (Everaldo Nascimento/ O Liberal)

Belém é a única capital brasileira administrada pelo PSOL, partido fundado em 2004 e registrado em 15 de setembro de 2005 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A conquista eleitoral em 2020, com a terceira vitória municipal de Edmilson Rodrigues, no entanto, não foi suficiente para que a legenda decidisse rapidamente por lançar pré-candidatura própria ao Governo do Pará para as eleições gerais deste ano.

O tema vai ser discutido pelos membros do partido em reunião no dia 28 deste mês. De acordo com o presidente estadual, Adolfo Neto, existe um “amplo sentimento” de que o melhor caminho para que o partido amplie sua participação institucional no Pará – e defenda um programa de mudanças – é com a apresentação de uma candidatura própria.

A demora na definição, no entanto, é vista por membros do próprio partido como um sinal de que o entendimento pelo candidato independente ainda não esteja fortalecido. De acordo com a pesquisa Real Time Big Data, o governador Helder Barbalho (MDB) lidera a disputa com 60%; o senador Zequinha Marinho (PL) aparece em segundo, com 7%; e o vereador Fernando Carneiro (PSOL) surge na terceira posição, ainda que o nome não esteja consolidado.

“O PSOL é um partido democrático e algumas pessoas têm dificuldade de entender isso por achar que nós somos muito parecidos com outros partidos, que possuem visões tradicionais, com estrutura mais hierarquizada. O PSOL é composto por seus militantes, e estes, de maneira organizada, debatem os temas. Então, é muito natural para nós que esses debates aconteçam. Para nós, inclusive, é uma maneira saudável de você exercitar a política, para que, a partir de diversos pontos de vista, você possa encontrar um caminho que seja entendido coletivamente como o melhor para intervir na realidade”, afirma Adolfo Neto, questionado se há polêmica sobre a escolha entre ter candidatura própria ou não ter.

As relações políticas entre o prefeito Edmilson Rodrigues e o governador Helder Barbalho são vistas por membros do PSOL como o principal empecilho para a tomada de decisão, já que uma candidatura do partido socialista poderia diminuir o potencial de votos do atual governador e candidato à reeleição.

Segundo Adolfo Neto, o prefeito de Belém, no âmbito da discussão coletiva partidária, não possui opinião com maior peso que as demais. “O Edmilson é um militante do partido. Ele é um companheiro que cumpre uma tarefa muito específica, que é estar à frente do nosso governo na Prefeitura de Belém, mas ele não tem tido qualquer ação que impeça os fóruns do partido de funcionarem. Muito pelo contrário. A gente entende que só o partido como elemento forte, vivo, dialogando com a sociedade, vai garantir também que outras dimensões da construção política se efetivem e que se possibilitem avanços cada vez maiores na Prefeitura de Belém”, argumenta.

Para o político e professor paraense João Batista Oliveira de Araújo, mais conhecido como Babá – fundador do PSOL e ex-vereador do Rio de Janeiro, após assumir como suplente a vaga de Marielle Franco, em 2018 – o anúncio de que o partido no Pará só decidirá a questão no fim deste mês é um sinal de que “não é prioridade a construção de uma candidatura competitiva”. “Se a maioria quer mesmo (a candidatura própria), porque está demorando tanto para decidir? Será resolvido até o fim de maio, é o que dizem. Enquanto isso, Helder navega em águas tranquilas e já lidera com folga a disputa, como apontou uma pesquisa”, diz o engenheiro civil, que é pré-candidato ao Senado Federal pelo Rio de Janeiro.

O cientista político Renan Bezerra atenta para o fato de que os diferentes partidos no Brasil, independentemente da orientação política, possuem formas de organização também variadas, o que significa que algumas legendas podem demorar mais tempo que outras para tomar decisões. Para o pesquisador, no entanto, o PSOL está em processo interno de disputa, tanto em âmbito nacional quanto estadual.

“Em nível nacional, as correntes majoritárias do PSOL apontam o apoio a Lula, candidato do PT, sob a alegação de que é preciso fortalecer o campo democrático, e outras correntes acreditam que é preciso lançar candidatura própria, inclusive há o deputado federal Glauber Braga, que já colocou o seu nome. Esse debate também se reflete em nível estadual, onde alguns acreditam que é preciso ter candidatura própria ao governo estadual”, analisa.

Entre os militantes do partido, o vereador Fernando Carneiro e a professora Silvia Letícia já anunciaram a vontade, em reuniões de suas correntes políticas e em redes sociais, de disputar o cargo máximo do Executivo estadual. Adolfo Neto ressalta, no entanto, que apenas a convenção do partido, no dia 28, decidirá formalmente quem será o candidato ou candidata.

“Tanto o Fernando quanto a Silvia são dois companheiros históricos do PSOL, têm nosso respeito e nossa admiração, mas hoje, concretamente, nenhum dos dois são nossos pré-candidatos ao Governo do Pará. Colocaram seus nomes à disposição do partido, o partido vai discutir em seus fóruns e vai definir no final do mês. Hoje, pela aceitação que os nomes deles têm dentro do partido, eu diria que há muitas chances de que não seja nenhum dos dois o nosso candidato”, afirma. 

Fonte: O Liberal