Indios Kayapós interditam BR 163 em manifesto contra Ferrogrão em Novo Progresso

Conforme o RD antecipou no último sábado, lideranças indígenas interditam a Rodovia como forma de protesto para chamar a atenção e exigem melhorias na saúde.
Foto/Reprodução – On News

Lideranças indígenas da etnia Kaiapó começaram a cumprir na manhã desta segunda feira (17) a promessa de interdição da rodovia BR 163 (Santarém – Cuiabá). A interdição ocorre à altura da cidade de Novo Progresso.

Os indígenas elencaram uma série de motivos para o protesto, entre eles, a falta de renovação do Plano Básico Ambiental, que é a compensação pelos impactos que sofrem por causa do asfaltamento da BR-163. E ainda pela falta de consulta e inclusão dos Kayapó nos processos de concessão para a iniciativa privada da BR-163 e de planejamento da Ferrogrão – a ferrovia de transporte de grãos, que vai passar a menos de 50 km das terras Kayapó.

Foto: redes sociais

A princípio, a interdição do perímetro durar dois dias. Eles usam faixas para chamar a atenção das autoridades.

A implementação da Ferrogrão, está em tramitação. A Ferrovia será uma das vias mais importantes do país e um dos ativos mais aguardados pelos investidores. Com 933 quilômetros (km) de extensão, a ferrovia terá papel logístico fundamental para o escoamento da produção de milho, soja e farelo de soja do estado de Mato Grosso, prevendo-se também o transporte de óleo de soja, fertilizantes, açúcar, etanol e derivados do petróleo.

A implementação da Ferrogrão deve consolidar o novo corredor ferroviário de exportação do Brasil pelo Arco Norte, ligando Sinop (MT) ao Porto de Itaituba (PA). Estão previstos, também, o ramal de Santarenzinho, entre Itaituba e Santarenzinho, no município de Rurópolis (PA), com 32 km, e o ramal de Itapacurá, com 11 km.

A PRF acompanha a movimentaçãoFoto: redes sociais

Veja a pauta completa de reivindicações dos indígenas:

BR-163 – PAUTA DE REIVINDICAÇÕES DOS KAYAPO MEKRÃGNOTI.

  1. SAÚDE INDÍGENA
    a) Reforma da CASAI (estrutura insalubre construída pelo DNIT);
    b) Contratação de serviços de terceiros(contratação de motorista, serviços gerais,
    cozinheira, barqueiro e administrativo)
    c) Contratação de profissionais da saúde; (contratação de 10 (dez) Técnicos de
    enfermagem, 01 Nutricionista, 01 Enfermeira, e AIS (Agente indígena de
    saúde), para atuar na CASAI e Aldeias
    d) Poços artesianos;
    e) Manutenção de veículos e equipamentos;
    f) Aquisição de equipamentos e material apoio;
    g) Teste rápido para covid-19;
    h) Construção de Postos de Saúde nas aldeias;
  2. BR 163
    A. Renovação/continuidade do CI-PBA;
    B. Liberação de recursos do Plano Emergencial;
    C. Autorizar a utilização da aplicação financeira que está conta do Instituto Kabu;
    d) Casa de Cultura Kayapó;
    d) Manutenção do ramal Kayapó (Terra Indígena Menkragnotí)
    e) Manutenção do ramal para Terra Indígena Baú;
    f) Abertura do ramal Kayapó para as aldeias Krimej, Kawatum e Mekrãgnoti Velho;
    g) Pendência dos carros que foram cedidos ao Instituto Kabu pelo DNIT (documentação, doação, manutenção);
    h) Concessão da BR 163 – Não fez consulta;
  3. FERROGRÃO

a) Não fez consulta e não reconhece todos os impactos sobre os povos indígenas da
região, principalmente quanto aos Kayapó.

  1. PROTEÇÃO TERRITORIAL
    a) Fechamento dos garimpos fora das Tis, no rio Curuá, incluindo a expulsão de garimpeiros das TIs.
    b) Retorno de ações do Ibama e Policia Federal para expulsão de madeireiros, garimpeiros e outros invasores e principalmente conter ameaças, porque tem muita gente ameaçando, nós Kayapo, para invadir nossas terras. Isso nós não vamos aceitar.
    Por isso que nós reivindicamos a continuidade do PBA – único programa de proteção ambiental que ajuda proteger e preservar nossas terras, rios e florestas.

RD Notícias, com informações do portal On News