Em parceria com o Instituto Evandro Chagas, a pesquisa sobre Síndrome Inflamatória Multissistêmica, doença já registrada em vários países, foi publicada no The Pediatric Infectious Disease
Um estudo inédito divulgado nesta segunda-feira (24) pela Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, instituição referência em atendimento pediátrico no Brasil, aponta que a Síndrome Inflamatória Multissistêmica (SIM-P), que vem acometendo crianças em vários países, tem relação direta com a Covid-19. O estudo é o maior em número de pacientes já realizado na América Latina, envolvendo 11 crianças na faixa etária de 4 e 6 anos.
A pesquisa foi publicada no último dia 18 de agosto no The Pediatric Infectious Disease, jornal oficial da Sociedade Europeia de Doenças Infecciosas Pediátricas. As crianças foram acompanhadas por pesquisadores da Santa Casa e do Instituto Evandro Chagas (IEC), entre 15 de abril e 15 de junho.Referência em atendimento pediátrico no Brasil, a Santa Casa do Pará também se destaca na área de pesquisa científicaFoto: Pedro Guerreiro / Ag. Pará
O médico-coordenador do estudo, Emmerson Franco, explicou que, após a infecção, a criança apresenta sintomas entre uma e quatro semanas, geralmente febre alta, manchas no corpo, conjuntivite e inchaço. “A síndrome que ocorre aqui tem a mesma relevância das que ocorrem (e estão ocorrendo) em outras partes do mundo. Os sintomas são parecidos”, afirmou o pesquisador.
Critérios da OMS
Na maioria dos casos de Covid-19 não há sintomas ou apenas sintomas leves. No entanto, na SIM-P os pacientes podem apresentar sintomas mais graves. Os pesquisadores da Santa Casa e do IEC obedeceram a critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) durante o levantamento, que apontou uma taxa de mortalidade de 18%, considerada alta. Em 63% dos casos, as crianças tiveram alterações do ECO (presença de aneurisma de aorta ou disfunção miocárdia), e cerca de 60% dos pacientes precisaram de suporte ventilatório invasivo (respirador artificial). Já em 65% dos casos, as crianças precisaram de drogas para controlar pressão e batimento cardíaco.
“Até o momento não há um tratamento específico. O tratamento é de suporte intensivo”, informou Emmerson Franco, que dividiu a coordenação do estudo com pediatra Maria Cleonice Aguiar Justino, pesquisadora do IEC.
O presidente da Fundação Santa Casa de Misericórdia, Bruno Carmona, explicou que o estudo reforça a qualidade, a competência e a expertise da instituição em contribuir com pesquisas que beneficiem diretamente a sociedade. “Nossa equipe encabeçou esta pesquisa tão importante, e isso comprova que ensino e pesquisa andam juntos, fatores estes que firmam a instituição como referência no Brasil”, destacou.
Fonte: Agência Pará