Educadores apostam na formação continuada durante isolamento social

Secretaria de Estado de Educação já realizou três edições de cursos que capacitaram mais de seis mil docentes
Augusto Paes é coordenador do Centro de Formação de Profissionais da Educação Básica do ParáFoto: Ricardo Amanajás / Ag. Pará

O momento de suspensão das aulas presenciais em toda a rede estadual de ensino, por causa da pandemia do novo coronavírus, acabou se tornando uma oportunidade para que professores da Educação Básica – ensinos Infantil, Fundamental e Médio – participassem de processos virtuais de formação continuada em todas as áreas do conhecimento. Desde março, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) já realizou três edições de cursos que capacitaram mais de seis mil docentes. Em alguns casos, as inscrições esgotaram-se em apenas três horas. 

Baseado em dois eixos, o das ferramentas digitais para a Educação a Distância (EAD), e o das metodologias e teorias, o planejamento para a formação continuada é distribuído tanto na modalidade remota como na própria modalidade EAD. Pode não parecer, mas há uma diferença: no caso da primeira, todo o curso é pensado para não ser presencial, enquanto que no segundo cenário, há uma transposição do ambiente da sala de aula para o meio online, unicamente por conta das medidas de circulação de pessoas impostas pela crise da Covid-19.

Reconhecimento – Principalmente nesta quinta-feira (6), data em que se comemora o Dia Nacional dos Profissionais da Educação, o empenho dos educadores em meio a um cenário tão difícil não passa despercebido pela gestão. “Celebramos os profissionais da Educação, e agradecemos a todos aqueles que compõem o sistema, no âmbito estadual, federal… Cada um de nós busca dar o melhor de si para oferecer um ensino de qualidade”, avalia a titular da Seduc, Elieth de Fátima Braga. “Parabenizamos a cada um que está na ponta desse processo, e que faz com que tudo aconteça”, reconhece.

Ao passo em que o Estado investe no aprimoramento do material humano, também garante melhorias na infraestrutura onde todo esse processo de trocas entre alunos e professores é realizado. “Entregamos, desde o início do ano passado, 34 escolas ampliadas, reconstruídas. Por causa da pandemia, criamos o projeto Todos em Casa pela Educação, voltado a manter uma rotina para os alunos, com aulas na TV, disponibilização de cadernos de exercícios, tudo no intento de que o estudante tenha atividades complementares para compensar a ausência da aula presencial”, informa a secretária.

“A Seduc vai, com certeza, seguir buscando superar as dificuldades. Ainda não temos data para a retomada nas escolas, mas estamos trabalhando de modo a garantir a maior segurança possível a todos”, reiterou a titular da Seduc.

Demanda – Coordenador do Centro de Formação de Profissionais da Educação Básica do Estado do Pará (Cefor), Augusto Paes explica que toda a concepção da formação continuada é baseada em evidências, ou seja, no dia a dia de quem está mais próximo do aluno: o professor. “Temos simulados, avaliação diagnóstica, conseguimos o mapeamento de todas as escolas, onde havia deficiência”, detalha.

Números de março a junho: 17 cursos realizados Foto: Ricardo Amanajás / Ag. Pará

Os cursos duram cerca de um mês, totalizando uma carga horária de 60 horas. “É trabalhar de forma parceira, para que o professor reflita sobre a prática. É também um processo de oxigenação dessa docência”, avalia Augusto Paes. Entre março e junho, foram realizados 17 cursos de 50 turmas, um total de 2.883 vagas. Durante o mês de julho, houve uma edição voltada somente para a educação especial, dessa vez com cinco cursos e 23 turmas. Uma próxima está agendada para o meio deste mês de agosto. 

Em alguns momentos, os docentes assistem aulas por uma plataforma do Google em tempo real com professores; em outros, é possível ter acesso a um conteúdo 100% EAD, porém com o apoio de uma equipe de 20 servidores da Seduc que ficam online em um chat para tirar dúvidas sobre os episódios. “Precisamos que o professor tenha um letramento digital, e por isso desenvolvemos essa auto formação para uma ferramenta que vai ajudar agora e também depois na rotina prática, junto com os alunos”, detalha o coordenador do Cefor.

Um pacto firmado pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) permite às Seducs de todo o Brasil o acesso também à plataforma gratuita Vivescer, também usada pelos servidores estaduais do Pará para o acesso a cursos voltados para formação e trocas entre educadores.

Experiências 

A professora Valmaria Martins Borges, da Escola Maria da Glória Paixão, localizada em Jacundá, no sudeste paraense, participou da formação continuada no mês passado, e afirmou que a vivência foi esclarecedora, em vários aspectos. “Achei produtivo. É um momento único e precisamos desses encontros para discutir os caminhos a seguir. Trabalhar com alunos que tem necessidades especiais requer planejamento. As estratégias apresentadas no curso irão contribuir para uma melhora na prática pedagógica”, detalha ela, que ainda não tinha participado de nenhuma programação online pela Seduc. “Tudo que nos traz conhecimento é importante. Os profissionais que nos orientaram transmitiram segurança e propriedade nas falas, e o interior é carente de informação”, complementa.

Já a técnica especialista em Educação, Núbia Nunes, que trabalha em Belém, realizou dois cursos ofertados. “Como técnica de apoio à inclusão na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Belém (Apae), meu trabalho consiste em visitar as escolas e articular trocas colaborativas entre os professores das escolas, então foi muito bom. Acrescentou bastante enquanto conhecimento”, confirma.

Fonte: Agência Pará