Quem venceu o debate da Globo/TV Tapajós para a prefeitura de Santarém? Confira a análise de Jota Ninos

”Um debate morno, como a campanha de 2024
Foto: Reprodução/TV Tapajós

Por Jota Ninos

Quem assistiu o tradicional debate, promovido – mais uma vez pela TV Tapajós – no final da campanha eleitoral deste ano, viu ontem à noite mais do mesmo: clima morno, quase sonolento, como tem sido a campanha no geral.

Ou seja, foi mais do mesmo, sem exposição de programas ou ideias, e sem gritarias ou cadeiradas, como já aconteceu em São Paulo. Uma sensação de “que Xou da Xuxa é esse?”, pra lembrar o meme do momento…

Os cinco candidatos à prefeitura, Zé Maria (MDB), JK do Povão (PL), Delegado Jardel (Solidariedade), Isabel Sales (Federação PSOL/REDE) e Hugo Diniz (Federação PSDB/Cidadania), se limitaram ao enquadramento às regras do debate da Globo, conduzido aqui, pela jornalista global Cláudia Bomtempo.

Acompanho debates desde 1989. Em Santarém, atuei nos bastidores dos debates da Tapajós desde 1996, ora como marketeiro, ora como dirigente partidário. Essa experiência me ajuda a entender a estratégia adotada (quando há) pelas equipes dos candidatos.

Zé Maria seguiu à risca o que lhe foi passado por sua equipe, mostrando serenidade e usando o mesmo mantra de sempre: começando com a frase “Você conhece a minha história” e terminando com “Eu vou fazer, eu sei fazer e tenho parceria pra fazer”.

JK seguiu a mesma linha que adota desde que foi eleito vereador pelo PSDB, em 2020: um estilo agressivo, às vezes sarcástico, mas sem nunca mostrar o que pretende fazer para solucionar os problemas da cidade, seguindo a cartilha de seu ídolo, Jair Bolsonaro.

Jardel e Isabel foram os mais nervosos e despreparados para o enfrentamento no debate, enquanto Hugo manteve o estilo “academicista” de ex-reitor da Ufopa, porém insosso, sem carisma para emergir e ser notado.

O único momento em que houve um tom pouco fora da curva, foi quando a coordenação do debate acatou dois pedidos de Direito de Resposta contra JK, suscitados pelas equipes de Zé Maria e Isabel Sales, pela utilização do epíteto “Leviano(a)”, contra os dois. Zé, de forma enérgica, disparou contra JK: NÃO SOU LEVIANO, ME RESPEITE! E Isabel o chamou de MISÓGINO (ódio às mulheres) e afirmou: NÃO SOU LEVIANA, SOU MULHER DE CORAGEM!

Os momentos mais cômicos ficaram com Jardel, que mostrou que não sabe expor ideias sem um TP (TelePrompter, recurso usado por jornalistas e candidatos, em estúdios, através da leitura de texto que aparece em um monitor abaixo da câmera). Repetiu várias vezes que, se eleito, passaria 24 horas no telefone com o governador Hélder, além de prometer “gramado sintético” para jogos de futebol no interior e periferias, sempre com um olhar desesperado pra Câmera, à procura de um TP invisível…

Sobre propostas, todos se limitaram a destacar um pouco de seus planos de governo, mas sem conseguir maior aprofundamento.

Concluindo, foi um debate sem vencedores. Apenas um perdedor: o eleitor, que ficou sem respostas.

Independente do debate, a eleição deste ano deverá ter um resultado polarizado entre Zé Maria e JK, provavelmente indo para o segundo turno, como mostram todas as pesquisas.

Quem sabe no confronto dos dois num debate tete-à-tete, possamos sair mais esclarecidos do que se espera como futuro da cidade.

Jota Ninos é Jornalista, Especialista em Jornalismo Científico e Analista judiciário

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