O especialista conta que a maioria dos traumas atendidos na unidade são de tíbia, fêmur e bacia
Com o início do Çairé, maior manifestação folclórica do Oeste do Pará, realizado na vila balneária de Alter do Chão, a aproximadamente 36 km da zona urbana de Santarém, cresce a preocupação com o aumento de acidentes de trânsito. Só em 2024, o centro cirúrgico do Hospital Municipal de Santarém Dr. Alberto Tolentino Sotelo(HMS) já realizou 1.252 cirurgias ortopédicas. O fluxo intenso de veículos e o grande número de visitantes na região tornam necessário um alerta para que a população redobre a atenção e a prudência nas vias, especialmente durante o trajeto entre Santarém e Alter do Chão.
Segundo o ortopedista e traumatologista do HMS, Dr. Luiz Saraiva, o período festivo representa um desafio adicional para o sistema de saúde.
“Nós contamos com uma equipe altamente capacitada para atender todos os tipos de traumas ortopédicos e traumatológicos de forma eficiente. No entanto, é importante lembrar que, com o aumento dos acidentes, nossa capacidade de atendimento pode ser sobrecarregada”, ressalta o médico.
Dr. Saraiva destaca a importância da conscientização para evitar sobrecarregar a capacidade de atendimento do hospital, que já reforçou o número de profissionais e incrementou os insumos no centro cirúrgico, antecipando a demanda maior durante o Çairé.
“Pedimos que a população, de forma geral, nessa época do Çairé, onde vem um número massivo de pessoas para Alter do Chão, tome cuidado no transporte, no trânsito entre a cidade e a vila. Além disso, as pessoas que ficam em Santarém também, nós pedimos que tomem muito cuidado, porque dá aquela sensação que a cidade está mais vazia e que você pode ultrapassar um sinal. Isso não pode acontecer”, alerta.
O ortopedista ainda explica que tem havido um aumento expressivo no número e na gravidade dos acidentes de trânsito em Santarém.
“Às vezes, o paciente chega aqui com um trauma tão grave que ele tem que ficar um mês, dois meses internado para melhorar as partes moles e a gente conseguir fazer a cirurgia definitiva. Então, a gente pede à população santarena hoje, que durante o Çairé, e posteriormente, durante as atividades normais do dia a dia, que tomem cuidado e que respeitem a vida e, principalmente, as leis de trânsito. Se beber, por favor, não dirija”, enfatiza.
Entre os traumas mais frequentes atendidos no HMS estão os que afetam os membros inferiores, como tíbia, fêmur e bacia.
“A gente tem que partir para o fixador externo, que é uma cirurgia de controle de danos. Aquela cirurgia que a gente coloca os ferros para fora, que o paciente sente aquele desconforto, mas que é uma cirurgia que salva vidas”, explica o especialista.
Além do impacto físico, o médico alerta para as consequências sociais e emocionais dos traumas.
“Muito mais do que a questão de ficar internado no hospital, tem também o impacto que esse paciente sente na vida social, na vida familiar e as sequelas que podem vir devido à gravidade do trauma. Não é devido à cirurgia. Às vezes as pessoas pensam que foi por causa da cirurgia que ficaram com uma sequela, mas na verdade, isso se deve à gravidade do caso que o paciente apresentou na entrada”, esclarece Dr. Saraiva.
Ele reforça a importância de esperar pelo atendimento pré-hospitalar em caso de acidentes de trânsito.
“A recomendação é sempre esperar o atendimento dos nossos técnicos do SAMU. É claro que se você vê uma pessoa em situação de afogamento ou dentro de um carro tombado, você vai prestar atendimento para livrar essa pessoa da morte imediata. Mas posteriormente, isole o local, sinalize para evitar novos acidentes e ligue para o SAMU, que estará disponível para atender as diversas ocorrências que estamos preparados para conduzir aqui no hospital”, orienta o ortopedista.
A gerente do Hospital Municipal de Santarém, Jacqueline Corrêa, destacou que o centro cirúrgico vai além da especialidade de ortopedia e traumatologia.
“Também realizamos procedimentos em diversas áreas, como bucomaxilo, cirurgia geral, vascular, ginecologia, neurocirurgia, urologia, obstetrícia e otorrinolaringologia. Atendemos ainda a demandas de mais de 20 municípios vizinhos, o que aumenta significativamente a nossa demanda por cirurgias”, destacou.
Ascom PMS