Operação contra pirataria tira do ar 675 sites e 14 aplicativos de streaming ilegais

Foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão. A ação faz parte de uma mobilização internacional
Operação contra pirataria do Ministério da Justiça — Foto: Divulgação / MJSP

Uma operação do Ministério da Justiça nesta quinta-feira gerou o bloqueio e suspensão de 675 sites e 14 aplicativos de streaming ilegais, além da remoção de áudios, vídeos, jogos e músicas. Foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão.

A ação faz parte de uma mobilização internacional de combate a crimes contra a propriedade intelectual na internet e contou com a participação de órgãos de outros países, como Estados Unidos, Argentina, Paraguai, Peru e Reino Unido.

De acordo com o ministério, esta é a sétima fase da Operação 404. Uma das principais ações da operação é tornar indisponíveis os serviços criminosos que violam os direitos autorais das vítimas. As outras seis etapas da operação foram deflagradas entre novembro de 2019 e novembro do ano passado, e gerou o bloqueio de mais de 1,6 mil sites e o bloqueio de centenas de aplicativos.

Segundo o ministério, “os investigados são suspeitos de distribuir conteúdo pirata em sites e plataformas digitais, prática que causa prejuízos significativos à economia e à indústria criativa, além de ferir os direitos de autores e artistas”.

“As perdas para o setor cultural e criativo são significativas, mas os danos vão além do impacto econômico. Um exemplo recente, a Operação Redirect, coordenada pelo Ciberlab, destacou o risco à segurança dos consumidores que utilizam serviços piratas.

Durante a ação, foram identificados sites de pirataria que, além de distribuírem conteúdo sem autorização, infectavam os dispositivos dos usuários com malwares e vírus, deixando-os expostos a práticas de roubo de dados, como phishing e outras formas de ataque cibernético”, informou o ministério em nota.

De acordo com o ministério, esses sites registraram mais de 12 milhões de visitas no último ano, expondo uma grande quantidade de consumidores a riscos de segurança digital. Isso evidencia que o uso de plataformas ilegais não só prejudica os detentores de direitos autorais, mas também coloca em risco as informações pessoais e financeiras dos usuários.

No Brasil, a pena para quem pratica esse crime é de prisão de dois a quatro anos e multa. Os investigados podem ser indiciados ainda por associação criminosa e lavagem de capitais.

Parceira internacional

O Ministério da Justiça contou com a participação dos órgãos de aplicação da lei e das associações de proteção à propriedade intelectual brasileiros e de outros países, como Argentina, EUA, Paraguai, Peru e Reino Unido. São eles:⁠

  • Unidad Fiscal Especializada en Investigación de Ciberdelitos (UFEIC), da Argentina;
  • City of London Police – Police Intellectual Property Crime Unit e Intellectual Porperty Office (⁠IPO), do Reino Unido;
  • ⁠Departamento de Justiça e ⁠Departamento de Comércio, dos EUA;
  • ⁠Instituto Nacional de Defensa de la Competencia y de la Protección de la Propiedad Intelectual (INDECOPI), do Peru; ⁠
  • Premier League; Alliance for Creativity and Entertainment (ACE);
  • Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA); ⁠
  • Aliança Contra a Pirataria de Televisão Paga (ALIANZA) – América Latina; ⁠
  • Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP); ⁠
  • Associação Protetora dos Direitos Intelectuais e Fonográficos (APDIF);
  • Motion Picture Association (⁠MPA) – América Latina;
  • Representing the Recording Industry Worldwide (IFPI); ⁠
  • Entertainment Software Association (ESA);
  • Instituto de Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO);
  • Dirección Nacional de Propiedad Intelectual (DINAPI ); e
  • Unidad Especializada en Hechos Punibles Contra la Propiedad Intelectual do Paraguai.
Reprodução

Etapas da Operação 404

1ª etapa – 1º de novembro de 2019: 12 estados e 30 mandados de busca e apreensão, bloqueio de 210 sites e cem apps de streaming ilegal de conteúdo.

  • 2ª etapa – 5 de novembro de 2020: dez estados e 25 mandados de busca e apreensão, bloqueio de 252 sites e 65 apps de streaming ilegal de conteúdo.
  • 3ª etapa – 8 de julho de 2021: oito estados e 11 mandados de busca e apreensão, bloqueio de 334 sites e 94 apps de streaming ilegal de conteúdo.
  • 4ª etapa – 21 de junho de 2022: pela primeira vez, as buscas ocorreram no metaverso. Foram desativados quatro canais que faziam transmissões ilegais de conteúdo e 90 vídeos tirados do ar, assim como 461 apps de streaming de música. Mais de 10,2 milhões de downloads foram feitos em plataformas que fingiam ser de artistas como Alok, Xand Avião, Marília Mendonça e Aline Barros.
  • 5ª etapa – 14 de março de 2023: contou com investigação e diligências das Polícias Civis de oito estados: Bahia (BA), Ceará (CE), Minas Gerais (MG), Paraná (PR), Pernambuco (PE), Rio Grande do Sul (RS), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). Nesta fase, foram presas 11 pessoas, sendo quatro em São Paulo, quatro em Minas Gerais, duas no Paraná e uma na Bahia. Também foram removidos 199 sites ilegais de streaming e jogos e 63 aplicativos de música, além de bloqueados 128 domínios e seis canais de aplicativo de mensagem. Eles contavam com mais de 4 mil inscritos e eram utilizados para distribuição de músicas ainda não lançadas oficialmente. Participaram desta fase Peru e Reino Unido.
  • 6ª etapa – 28 de novembro de 2023: contou com Polícias Civis brasileiras e agências de aplicação da lei da Argentina, dos Estados Unidos, do Peru e do Reino Unido. Foram 606 sites irregulares bloqueados. Vinte e dois mandados de busca e apreensão, 238 bloqueios e/ou suspensão de sites e aplicativos de streaming ilegal de conteúdo, desindexação de conteúdos em mecanismos de busca e remoção de perfis e páginas em redes sociais. Nos demais países participantes, foram bloqueados aproximadamente 368 sites e cumpridos dois mandados de busca e apreensão.

Fonte: O Globo