Produtos do extrativismo e agricultura familiar são destaque em Oriximiná

Durante a II Feira da Bioeconomia, a variedade de produtos mostrou a força das cadeias produtivas para a sociobioeconomia e negócios comunitários.
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Uma variedade de produtos, cores e sabores foram apresentados ao grande público durante a realização da II Feira da Bioeconomia, realizada pela Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte – Coopaflora, na sexta-feira, 16 de agosto em Oriximiná, na região do Baixo Amazonas do Pará.

A programação teve início às 8h e contou com a participação do Iepé, Imazon, Programa Florestas de Valor do Imaflora, OCB e UFOPA, instituições que ao longo dos cinco anos contribuíram para o amadurecimento e fortalecimento institucional e organizacional da cooperativa que integra indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária.

Em sua segunda edição o evento abordou o tema ‘Valorizando a Natureza e Gerando Riquezas’. “A feira surgiu da necessidade de apresentar o trabalho do extrativismo e agricultura familiar para a população, comprovando que, a partir do manejo correto, respeitando a floresta, é possível gerar renda e preservar a floresta em pé”, frisou a presidente da Coopaflora Maria Daiana Silva.

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Nos espaços destinados aos cooperados era possível adquirir produtos derivados da mandioca, artes indígenas em miçanga e palha, óleos de andiroba e copaíba, castanha, cumaru, pimenta indígena Assissi, além de bolos e pães artesanais, como os produzidos nas Unidades de Beneficiamento de Alimento (UBAS), agroindústria, que contribuem para o empreendedorismo comunitário.

“Hoje a gente começou a ver que é possível desenvolver negócios comunitários. Eu estou feliz de estar participando e mostrando um pouco do que a gente aprendeu. Nós fizemos cursos de manipulação e de gestão financeira e logo vamos trabalhar com a polpa de fruta”, falou o jovem Jaliel Salgado, que trabalha na agroindústria de Boa Vista Cuminã, no TQ do Erepecuru e que recebe consultoria do Programa Floresta de Valor do Imaflora, patrocinado pela Petrobrás, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

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A feira contou ainda com a participação dos povos indígenas Katxuyana, Waiwai, hexkarianas das TI Trombetas-Mapuera, Nhamundá-Mapuera e Katxuyana-Tunayana que trouxeram artes indígenas trabalhadas em miçangas coloridas, sementes diversas e penas tingidas, peças produzidas artesanalmente e que contam a história e o cotidiano do seu povo.

“É a primeira vez que a gente participa dessa feira, então a gente trouxe colares, brincos, pulseiras e artesanato que os homens fazem também. A gente ensina as crianças, os jovens para eles fazerem artesanato”, ressaltou Maria José Kaxuyana, representante da Associação Indigena Katxuyana-Tunayana (AIKATUK).

Parceiro da Coopaflora desde a sua criação, o Programa Florestas de Valor do Imaflora atua na promoção de ações que contribuem para a conservação dos recursos naturais e, também, para melhoria e manutenção da qualidade de vida de trabalhadores rurais e florestais, populações tradicionais, indígenas, quilombolas e agricultores familiares, criando modelos de uso da terra e de desenvolvimento local sustentável que possam ser reproduzidos em outras regiões.

“O Programa Florestas de Valor do Imaflora atua no território há muitos anos e é um parceiro para a implementação e o fortalecimento das cadeias produtivas no processo de comercialização.”, enfatizou a engenheira ambiental Teule Lemos, analista do Imaflora.

Um dos avanços dos produtos da cadeia da sociobiodiversidade comercializados pela Coopaflora é o selo Origens Brasil, que promove negócios éticos, conectando os povos indígenas e populações tradições com empresas, por meio de relações comerciais éticas, com transparência, garantia de origem e rastreabilidade, por meio de um QR Code, onde possível conhecer as histórias e origem de cada produto, além do respeito aos modos de vida tradicionais, pagamento de preços justos e fomentando à bioeconomia.

Texto Martha Costa/Imaflora