O “Boto do Amor” fez referências a várias fases da festa do povo Borari e interpretou a sedução do boto, um dos pontos altos da apresentação.
Em busca do 12º título – de desempate – o Boto Cor de Rosa se apresentou na noite deste sábado (16) na vila balneária de Alter do Chão em Santarém, no oeste do Pará. A apresentação marcou a segunda noite da edição 2023 Festival dos Botos do Sairé.
A agremiação se apresentou no Lago dos Botos com o tema “A Grande Festa” trazendo um resgate histórico dos elementos do Sairé, fazendo referência às várias fases da festa do povo Borari.
Aproximadamente 1000 pessoas estavam envolvidas diretamente nas ações do espetáculo. Entre grupos de danças, folclóricas, contemporâneas, quadrilhas, figuração, itens, diretoria, coordenadores, presidência e apoiadores além dos sócios da agremiação.
O Boto Cor de Rosa se apresentou com 10 alegorias principais além dos módulos interativos a cênica. Para o presidente do Boto Cor de Rosa, Miguel Vaughan, o sentimento é de dever cumprido. Ele está confiante na conquista do título em 2023.
“Foi um trabalho árduo de 6 a 7 meses, então é gratificante porque temos um trabalho a fazer e dar trabalho. Então para chegar aqui e fazer uma apresentação dessas, temos que ter uma equipe boa e graças a Deus a nossa equipe se empenhou e deu o seu melhor. Com certeza, estou convicto que a gente leva essa vitória”, disse Miguel.
A Grande Festa
O tema da apresentação do Boto Cor de Rosa foi escolhido no fim de 2022 pela comissão de arte. De acordo com a diretoria da agremiação, a ideia de trabalhar o tema surgiu após a publicação de uma reportagem.
O objetivo é fazer um resgate histórico no ano que é celebrado os 50 anos da retomada do Sairé. Essa retomada ocorreu em 1973, quando a festa foi retomada após a igreja católica ter estabelecido limites rígidos de distância e silenciamento em relação as chamadas festas de santo em 1943, proibindo assim, a festividade.
Durante toda a apresentação do Boto Cor de Rosa, elementos históricos da festa religiosa eram vistos tanto nas alegorias quanto na interpretação personificada com a presença de personalidades que fazem com que a tradição seja mantida de geração a geração.
Um dos itens que também trouxe elementos significativos deste resgate é a Rainha do Sairé, interpretado pela Maria Eulália. A jovem nunca escondeu o amor e a paixão tanto pelo festival dos botos quanto pela tradicional programação religiosa que acontece na vila balneária.
Emocionada, Maria Eulália conta que defende o item há 7 anos, mas o título de “Maria do Sairé” ela carrega desde os 8 anos quando participava dos ensaios no barracão e já percebia o empenho das pessoas em manter viva a festa do Sairé.
“Desde os meus 8 anos que eu só queria estar dentro do barracão, vendo o pessoal que fizeram de tudo para resgatar a nossa festa, vendo pessoas que fizeram de tudo para que a nossa festa permanecesse firme e hoje estar aqui representando essas pessoas eu só tenho a agradecer, principalmente aqueles que me olham lá de cima, seu Canuto que partiu, Dona Luzia, Dona Teté, todas as pessoas que se foram, mas que hoje olham do céu pela gente. Tenho certeza que hoje o sairé é la no céu. A gente defende o respeito e a valorização do nosso povo”, contou Maria Eulália.
Outra personalidade que deu vida ao tema do Boto Cor de Rosa foi o cantador, André Branco, responsável por interpretar a música tema da apresentação em 2023. A música composta por Ieié Oliveira destaca a tradição e alegria, características marcantes do Povo Borari.
“Falar sobre esse tema é uma honra para mim, pois eu sou daqui de Alter do Chão e sempre estive junto com o Boto Cor de Rosa na galera desde criança, sou o 6º integrante da minha família a ser item então isso faz eu me sentir muito honrado e essa energia aqui, se Deus quiser, segunda-feira nós vamos mostrar de novo que somos campeões. O Boto Cor de Rosa por si só já é campeão, ele não tem rival aqui no lago”, disse André.
Pura sedução
Outro momento marcante da apresentação foi a representação da lenda do boto. A sedução ganhou vida na interpretação de Clésio Wangan, que encenou o boto homem e da cabocla borari, Maiana Pinheiro.
Para quem vive a emoção de interpretar uma das principais lendas da cultura amazônica, o sentimento não pode ser outro que não seja o de gratidão.
“Hoje o boto cor de rosa veio com uma grande proposta que é a de encantar todo mundo, a gente preparou um grande espetáculo pra esse ano de 2023, tenho certeza que ocorreu tudo bem na apresentação e o sentimento é de gratidão e dever cumprido de um trabalho árduo de meses, e foi isso, o boto cor de rosa encantou todo mundo que estava no lago, com certeza” disse Clésio Wangan.
A cabocla Borari, Maiana Pinheiro, defendeu o item com toda sua sensualidade na interpretação que encantou quem assistiu a apresentação. Após muitos ensaios, ela está confiante.
“A responsabilidade é muito grande, de treinos, ensaios, devido o item sedução ser um dos mais esperados, e a gente sempre se esforça pra dar o melhor porque o público tá esperando isso. E eu creio que a gente entregou, a gente sentiu aquela vibração e no próximo ano a gente vai se dedicar mais ainda com certeza” disse a cabocla Borari.
Confira os itens que serão avaliados
- Apresentador: Ornello Reis;
- Cantador: André Branco
- Rainha do Sairé: Maria Eulália;
- Cabocla Borari: Maiana Pinheiro;
- Curandeiro: Netto Simões;
- Rainha do Artesanato: Suzane Lima;
- Boto Homem: Clésio Wangan;
- Boto animal: Relison Sousa;
- Rainha do Lago Verde: Flávia Manuella Ferreira Rodé
- Carimbó
- Organização do Conjunto Folclórico
- Alegorias
- Letra e Música
- Ritual
- Sedução
- Galera
Agremiação se apresentou neste sábado (16) na segunda noite do Festival dos Botos em Alter do Chão.
Por Dominique Cavaleiro e Lívia Régis
Fonte: g1 Santarém