Uepa terá Mestrado em Música, Mestrado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Doutorado em Ciências da Religião e Doutorado em Enfermagem
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) aprovou quatro novos cursos de pós-graduação stricto sensu da Universidade do Estado do Pará (Uepa): Mestrado em Música, Mestrado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Doutorado em Ciências da Religião e Doutorado em Enfermagem, este último, em associação com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), tal como já ocorre com o curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGEN).
Antes de ofertar um curso de mestrado ou de doutorado, uma equipe de professores e gestores elabora um projeto detalhado com informações sobre tudo que envolve o funcionamento do curso, desde a área em que está inserido o Programa de Pós-Graduação (PPG), a estrutura física, o corpo docente permanente, os professores colaboradores, até o perfil dos alunos. Esse projeto é denominado Apresentação de Proposta para Curso Novo (APCN) e, no caso da Uepa, as APCNs foram acompanhadas “muito de perto pela Propesp”, como afirma o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Uepa, Jofre Jacob, que detalha: “revisamos todas as propostas antes de serem mandadas. Acompanhamos a construção desde o início, sugerindo mudanças, que foram acatadas pelos grupos. Em alguns casos, como da Enfermagem e da Reabilitação, induzimos e apoiamos a participação de consultores externos. No caso da Reabilitação, por exemplo, o coordenador da área 21 veio até Belém dar sugestões para melhorar a proposta”.
Reabilitação – A área 21, a que se refere o professor Jacob, corresponde à área de Educação Física, na qual está inserido o novo PPG, que inicia com o mestrado acadêmico em Reabilitação e Desempenho Funcional e vem contemplar uma carência nessa oferta no norte do Brasil, onde existem somente três mestrados na área. “Há o Mestrado em Ciências do Movimento Humano da Universidade Federal da Amazônia e na Universidade Federal do Pará. O nosso é o terceiro da área na região Norte e o primeiro com o foco de Reabilitação e Desempenho Funcional “, esclarece o professor Rodrigo Santiago, indicado para tornar-se futuro coordenador do curso.
Justamente por causa das assimetrias regionais, que refletem uma defasagem na oferta de PPGs nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste em relação ao sul e sudeste do Brasil, o pró-reitor de pesquisa da Uepa ressalta que “a aprovação desses quatro cursos representa um grande crescimento não só para a instituição, mas para toda a região, pois a Amazônia ainda é a que possui menor número de cursos de mestrado e doutorado no país. Isso mostra como a parceria entre a gestão superior e um grupo de pesquisadores dedicados e interessados em novos cursos de Mestrado e Doutorado pode dar certo”, comemora o professor Jofre Jacob.
Música – E como comemoração frequentemente remete à música, o curso de Mestrado em Música também faz parte das propostas que foram aceitas logo na primeira submissão, o que reflete o amadurecimento científico necessário para atender às exigências da área. Assim, a Uepa sediará o primeiro curso de Mestrado em Música da região Norte. “O desejo foi acalentado por vários anos, mas só em 2021 foi possível iniciar os trabalhos, nessa ocasião já contando com um número mínimo de doutores, todos da Uepa, para subscrevermos a proposta”, explica o professor Paulo Murilo Guerreiro do Amaral, que obteve o título de mestre em São Paulo e o de doutor no Rio Grande do Sul, e agora vai coordenar essa pós-graduação stricto sensu.
Além dos egressos da licenciatura em Música da Uepa, o mestrado espera receber candidatos ligados ao ensino e à pesquisa em Música, que estejam em busca de qualificação acadêmica. “Há enorme demanda reprimida de profissionais da Música que somente possuem graduação. O Norte do Brasil é emblemático, neste sentido. A abrangência dos perfis de candidatas e candidatos será mais bem detalhada em cada edital”, afirma o professor Paulo, ao anunciar que a expectativa do grupo do Mestrado em Música é iniciar a primeira turma em 2024.
Doutorados – O PPG em Ciências da Religião da Uepa, que iniciou as atividades com o mestrado em 2011, também ofertará a primeira turma de doutorado em 2024. De acordo com o coordenador do programa, professor Manoel Ribeiro de Moraes Júnior, o edital de seleção está programado para o final de 2023. “Vamos oferecer turmas de mestrado e doutorado, com aspectos específicos, voltados para inclusão das questões de gênero e ética, também para servidores da Uepa”, afirma o coordenador.
Sobre o perfil dos futuros candidatos, o coordenador afirma que a expectativa “é que os alunos de doutorado sejam alunos já com uma experiência acadêmica bem sedimentada, com investigações bem amadurecidas, refletidas em publicações científicas”, conforme antecipa Manoel Ribeiro. Segundo o coordenador, o PPG tem recebido contatos de pessoas da Amazônia Legal, bem como de africanos residentes no Pará.
No histórico do PPGCR, há mais de 120 dissertações defendidas e mais de 30 livros publicados. Conforme explica o professor Manoel Ribeiro, “o Programa entendeu que já estaria amadurecido pela experiência docente e pela experiência da autogestão acadêmica, bem como pela participação do PPG, apoiando projetos de associações ameríndias, pesqueiras, em projetos de educação religiosa, projetos de diálogos religiosos e de fortalecimento étnico-educacional”. Assim, entre 2017 e 2018, o grupo percebeu que já podia expandir e começou a planejar o doutorado. “Fechando o ciclo avaliativo de 2020, o grupo começou a planejar nossa APCN e logo quando terminou a pandemia, no final de 2022, o PPG entendeu que já podia submeter sua proposta, que foi bem avaliada”, relata o professor Manoel.
Também no caso do Doutorado em Enfermagem, o processo seletivo se dará ainda no segundo semestre deste ano, para implantação do curso em 2024, com a oferta aproximada de 15 vagas distribuídas nas duas instituições que, em associação, sediam o PPG, Uepa e UFAM.
A professora Laura Vidal, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Uepa, explica que a articulação com a UFAM existe desde 2010, “quando foi proposta a APCN para o mestrado acadêmico em Enfermagem, em desenvolvimento como um único Programa, com oferta anual de vagas nas duas instituições. Assim, o mestrado vem sendo operacionalizado e as primeiras turmas, uma na Uepa e outra na UFAM, foram ofertadas em 2011”. De acordo com a coordenadora, a mesma dinâmica, com uma turma em Manaus e outra em Belém, um corpo docente na Uepa e outro na UFAM, seguindo a mesma estrutura curricular, será seguida do doutorado.
Perspectivas futuras – O pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da Uepa, informa que no último edital aberto pela Capes, para receber APCNs, a Propesp enviou seis propostas, três de mestrados e três de doutorados. “Já tivemos duas das três propostas de mestrado aprovadas. Estamos esperando sair o resultado só de mais uma que é a de Saúde Coletiva, que se aprovada será a primeira pós-graduação stricto sensu do interior, em Santarém”, afirma Jofre Jacob. Vale lembrar ainda que a oferta desses novos cursos já ocorrerá no contexto de efetivação do Programa de Qualificação e Valorização dos Técnicos (Proqtec) da Uepa, que intenciona valorizar e qualificar o pessoal técnico administrativo e operacional, viabilizando o acesso e a permanência desses servidores em cursos de mestrado e doutorado, inicialmente em PPG’s da própria universidade.
Frente ao cenário de desigualdades do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG), no último dia 20, a Capes lançou o Programa de Redução de Assimetrias da Pós-Graduação, com o investimento de R$132 milhões em até cinco anos, para “consolidar os programas nas regiões que hoje demandam mais suporte. Por isso, serão apoiados 50 PPG do Nordeste, 15 do Centro-Oeste e 13 do Norte”, explicou Mercedes Bustamante, presidente da CAPES, por ocasião do lançamento.
Texto de Guaciara Freitas (Ascom Uepa)/Ag. Pará