Iniciativa realizada de forma conjunta entre a Conservação Internacional (CI-Brasil) e ICMBio Flona do Tapajós, mobilizou comunitários a uma imersão de quatro dias.
O fortalecimento organizacional comunitário e de Conselho gestor de Unidade de Conservação, potencializa ocrescimento socioeconômico e ambiental nas comunidades, através de cadeias produtivas sustentáveis da sóciobiodiversidade como de óleos, sementes nativas, mel, artesanato e frutas, dentre outras, que aliadas ao Turismo de Base Comunitária (TBC) impactam na vida de centenas de pessoas na Amazonia.
Nessa linha de atividades, a CI-Brasil através do Projeto Tapajós Sustentável e Resiliente (PTRS) e o ICMBio/Floresta Nacional do Tapajós realizaram no final do mês de abril, um intercâmbio direcionado a visitação e trocas de experiencias, percebendo as oportunidades, desafios e alternativas de crescimento para negócios comunitários. A imersão contou com a participação de conselheiros, moradores e gestores da Flona do Tapajós e da Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns, no oeste do Pará, além de participantes de outras UCs da Amazônia e instituições que apoiam o desenvolvimento dessas cadeias produtivas da sóciobiodiversidade.
O encontro de quatro dias promoveu visitas as comunidades de Anã e São Marcos na Resex Tapajós-Arapiuns, Coroca e Urucureá no Projeto de Assentamento Agroextrativista Lago Grande e Jamaraquá na Flona do Tapajós, localidades onde foram compartilhadas experiências relativas às cadeias produtivas da piscicultura, meliponicultura, manejo de quelônios, óleos e artesanato (palha de tucumã, sementes e látex), iniciativas já consolidadas e que são desenvolvidas nesses lugares em consórcio com o ecoturismo num modelo de Turismo de Base Comunitária.
O comunitário Vicente Amorim que reside na comunidade de Anã, no Rio Arapiuns, explica que o turismo de base comunitária promovido na localidade, beneficia outras cadeias produtivas, num trabalho de mútua cooperação entre os moradores do território. “Nossas cadeias produtivas de piscicultura e ecoturismo funcionam de forma coletiva. Quando vem um grupo de turistas nós vendemos o peixe, o que já ajuda na comunidade. Daqui há dez anos esperamos uma produção de peixe muito maior, porque os comunitários estão vendo lucro e se envolvendo no trabalho. A floresta amazônica é nosso território, temos cuidado dela e mostrado sim que é possível proteger e viver sem ter que derrubar uma árvore”.
A diretora de paisagens territoriais sustentáveis da CI-Brasil, Lilian Vendramentto pontuou que iniciativas como o intercâmbio promovido na região do Tapajós são muito importantes porque sociabilizam as experiências das comunidades, promovendo conhecimento. “As ações que são feitas na Amazônia são muito diversas e a forma como o turismo tem sido trabalhado com outras cadeias produtivas é bastante relevante. Os participantes mostraram como agregar o consumo de geleias, doces, compotas, farinhas e outros elementos com as excursões e passeios as áreas naturais. Essa troca entre as comunidades foi fundamental para mostrar como tudo isso pode ser desenvolvido e como as iniciativas podem melhorar a qualidade dos serviços ofertados”
A vice coordenadora da Aprusipesc (comunidade Coroca – PAE Lago Grande), Luziete Correa, também esteve no intercâmbio. Ela relata que a produção de mel de abelha, mais do que um elemento de geração de emprego e rendaestabeleceu um novo ciclo baseado na sustentabilidade e na preservação da floresta. “A gente se sente feliz em mostrar nosso trabalho, a defesa do nosso território e da natureza e como estamos fazendo isso. A nossa cadeia produtiva tem ajudado a preservar o meio ambiente. Extraímos o pólen, o própolis e o mel e através das abelhas temos renda e alimento na nossa mesa. Começamos esse projeto há quase 30 anos e sempre tivemos essa expectativa de crescer cada vez mais. Temos cuidado da floresta porque ela é muito importante para nós”.
Após visitas aos projetos havia rodas de conversas sobre percepções dos pontos potenciais e outros a serem aprimorados, vislumbrando o fortalecimento das cadeias produtivas e do turismo de base comunitário, aliado a valorização do conhecimento tradicional e do capital natural da região, como explicou a Coordenadora de projetos da CI-Brasil, Maria Farias.
“As atividades do intercambio ajudam ampliar a visão dos participantes e qualificar nossas trocas, reafirmando nosso entendimento de que é possível as famílias viverem bem em suas localidades, promovendo a economia local e a sustentabilidade ambiental, e nessa linha o Projeto Tapajós Sustentável está contribuindo para fortalecimento das organizações socio comunitária, dentre as atividades efetivando capacitações e apoio aos gestores públicos na gestão das UCs e seus conselhos”.
O analista ambiental do ICMBio, Cleiton Signor, destacaque mais do que preservar a Amazônia é preciso viabilizar mecanismos de geração de emprego e renda para garantir a sustentabilidade desses territórios e para as populações que habitam eles. “O intercâmbio foi muito importante porque possibilitou para as pessoas vivenciarem experiências diferentes e adquirirem conhecimento. O uso dos recursos naturais de forma sustentável gera oportunidades e garante a floresta em pé. As pessoas tiveram a oportunidade de conhecer novas experiências e de aprender como aperfeiçoar as cadeias produtivas nas suas comunidades”.
As aprendizagens além de estar presentes nas trocas foram sistematizadas como base para planejamentos, fomentando inspiração para negócios sustentáveis promissores a melhorias das cadeias produtivas da sóciobiodiversidade, como destaca Bruno Delano, Analista Ambiental do ICMBio. “Mais que inspiração esse evento trouxe ação, isso através da elaboração de um Plano de Trabalhoconstruído em conjunto com os participantes para que as vivências e experiências do intercâmbio se traduzissem em iniciativas de fato, colocando as ideias em prática e promovendo mudanças positivas nas comunidades. Plantamos apenas uma sementinha e esperamos ter bons frutos a partir de todas as trocas e conhecimentos compartilhados.”
Sobre a Conservação Internacional (CI-Brasil)
A Conservação Internacional usa ciência, política e parcerias para proteger a natureza da qual as pessoas dependem para obter alimentos, água doce e meios de subsistência. Fundada em 1990 no Brasil, a Conservação Internacional trabalha em mais de 30 países em seis continentes para garantir um planeta saudável e próspero, que sustenta a todos. Mais informações: www.conservacao.org.br
Com informações da assessoria