Projeto revitaliza atividade de comunidades para a produção de móveis artesanais na Flona Tapajós e no entorno da Flona Trairão

Iniciativa da Conservação Internacional no Oeste do Pará faz parte de ação de fomento e fortalecimento da cadeia de produtos florestais madeireiros em Unidades de Conservação.
Foto/divulgação: Júnior Albuquerque

Moradores das comunidades de Pini e Itapaíuna, na Floresta Nacional (Flona) do Tapajós, e da comunidade de São Miguel, do Projeto de Assentamento do Areia, no município de Trairão, estão revitalizando a produção de móveis artesanais, criados a partir de galhos, troncos e outras partes de madeiras mortas encontradas no meio da floresta. A atividade que no passado foi fonte de renda de muitos comunitários, quase desapareceu, restando apenas poucos artesãos, que agora integram uma iniciativa de resgate promovida pela Conservação Internacional (CI-Brasil).

Mais de R$ 700 mil em recursos do Fundo Amazônia estão sendo investidos no processo de revitalização das oficinas de produção de móveis artesanais. A estratégia de retomada envolve um plano de ação baseado no resgate da atividade, capacitações e apoio ao fortalecimento dos negócios. No mês de março, houve a entrega dos três galpões, estruturados com um pátio para produção das peças.

“Nós da CI-Brasil estamos dando todo suporte técnico para as comunidades que se mostraram interessadas em participar do projeto de revitalização das oficinas de móveis. Nesse processo produtivo temos integrado diretamente os comunitários com o propósito de que eles sejam capacitados para posteriormente conduziram seus próprios negócios. Eles estão recebendo um galpão, além de suprimentos e equipamentos para conduzir os trabalhos. O benefício de retomada dessa atividade artesanal não é apenas financeiro. Essas peças produzidas têm um alto potencial de sustentabilidade e carregam a história e cultura das populações tradicionais envolvidas. A produção desses móveis é uma oportunidade produtiva que alia a geração de emprego e renda, a manutenção da floresta em pé, a conservação da biodiversidade e dos serviços ambientais”, explicou o coordenador de projetos da CI-Brasil na região do Tapajós, Frank Pantoja.

Um dos comunitários que integram o projeto das oficinas de móveis artesanais é o artesão Manuel Sousa, da comunidade de Pini. Ele que já comercializou suas peças em madeira para vários estados do país, relata que a atividade de movelaria foi um ofício que aprendeu com o pai e que o fomento para o desenvolvimento da cadeia produtiva irá beneficiar principalmente as novas gerações.

“Meu pai trabalhava com madeira e no ano 2000 participamos de uma ação que viu que tinha muita árvore morta na floresta, que poderia ser uma oportunidade para fazer peças. Começamos a fazer móveis com formato de animais da floresta para que tivéssemos uma opção de renda. Desenhamos, fizemos vários produtos e com o tempo acabei continuando nessa atividade sozinho e agora fico muito feliz por ver mais gente se interessando e querendo participar. Esse projeto é muito importante porque vai fazer as comunidades se desenvolverem através de um trabalho que envolve o meio ambiente e gera renda. Vai ajudar principalmente os mais jovens que poderão ter uma opção de trabalho e qualidade de vida.”.

Na etapa atual, os comunitários estão sendo capacitados para trabalhar e conduzir a comercialização no mercado. A ideia é que eles sejam independentes e conduzam a atividade e o ambiente produtivo. Outra ação que será realizada pelo projeto é o treinamento com consultores especializados para aprimorar a parte de design, refinamento e acabamento das peças.

A iniciativa é promovida dentro do projeto Tapajós Sustentável e Resiliente. A ação conta ainda com o apoio da Federação da Flona Tapajós, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e das associações comunitárias.

O Fundo Amazônia tem por finalidade captar doações para investimentos não reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da conservação e do uso sustentável da Amazônia Legal. Também apoia o desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle do desmatamento no restante do Brasil e em outros países tropicais.

Sobre a Conservação Internacional (CI-Brasil)

A Conservação Internacional (CI-Brasil) usa ciência, política e parcerias para proteger a natureza da qual as pessoas dependem para obter alimentos, água doce e meios de subsistência. Fundada em 1990 no Brasil, a Conservação Internacional trabalha em mais de 30 países em seis continentes para garantir um planeta saudável e próspero, que sustenta a todos. Mais informações: www.conservacao.org.br

  • Texto: Dannie Oliveira
  • Fotos: Júnior Albuquerque

Com informações da assessoria