Nas unidades da rede municipal não há UTIs nem respiradores. Servidores da saúde cobram EPIs; veja fotos da situação!
Moradores de Almeirim, no oeste paraense, denunciam a falta de estrutura da rede de saúde pública do município, atendimento precário por falta de investimento e acusam a gestão municipal de descaso e de terem sido abandonados pelo governo estadual. Eles asseguram que a prefeita Adriene Bentes (PR) se ausentou da cidade e deixou a situação apenas nas mãos da secretária municipal de Saúde, Nívea Masuyama.
Durante todo dia de ontem, sexta-feira, 22, inúmeros moradores usaram as redes sociais para denunciar publicamente a situação dos pacientes de covid-19 e da precariedade da rede de saúde do município. Após a repercussão da manifestação, a prefeita anunciou pelas redes sociais que neste sábado dará uma entrevista em uma rádio local para prestar esclarecimentos à população.
Um dos moradores, Arnoud Neto, afirma que a população já não tem mais a quem recorrer e que os doentes do município estão sofrendo o descaso, sem medicamentos, sem leitos, sem Unidades de Terapia Intensa (UTIs) e sem respiradores.
Em Almeirim há três unidades de saúde municipais, uma delas para triagem dos pacientes com sintomas de covid-19. Mas, no único hospital municipal da cidade, há apenas oxígênio, por isso, os doentes graves da covid-19, precisam ser transferidos para o Hospital de Campanha de Santarém. Um deles acabou não resistindo, morreu durante a transferência na UTI aérea da Secretaria Estadual de Saúde.
Nas redes sociais, muita gente compartilhou a dor e sofrimento dos seus familiares com a falta de tratamento adequado. Uma moradora expôs a foto de sua mãe, sendo transportada numa pequena embarcação com sintomas graves da doença.
No último boletim epidemiológico divulgado na noite de sexta-feira, 22, havia 111 casos confirmados de covid-19 e cinco óbitos. Sendo, 92 casos no Distrito de Monte Dourado, onde tem registro de um óbito e outros 19 casos na sede da cidade com outros quatro óbitos.
Porém, os moradores denunciam, que somente na noite da quinta-feira, 21, três pessoas morreram com sintomas graves da doença em Almeirim, sem conseguir leito nem atendimento adequado.
Profissionais da saúde fizeram manifestação na frente do hospital cobrando EPIs
No começo da semana, uma equipe dos servidores que atua no hospital municipal realizou uma manifestação na porta da unidade de saúde, acusando a gestão municipal de não fornecer Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados para os profissionais que atuam diretamente no atendimento aos pacientes com covid-19.
A manifestação também foi publicada nas redes sociais, como forma de chamar atenção dos dirigentes da Secretaria Estadual de Saúde (Sespa) e do governo estadual. Eles usaram o facebook, twitter e instagram e marcaram o governador Helder Barbalho (MDB), secretário estadual de Saúde, Alberto Beltrame e parlamentares da região, cobrando ações para atender a população de Almeirim.
Secretária de Saúde afirma perseguição política move as manifestações em Almeirim
A fisioterapeuta, que é secretária municipal de Saúde, Nívea Masuyama, admite que no início da pendemia do novo coronvírus a gestão municipal teve dificuldades em adquirir máscaras para os profissionais de saúde.
Porém, ela assegura que a gestão contratou um grupo de costureiras, que se revezaram fazendo máscara de TNT dupla para que os profissionais não ficassem expostos sem segurança.
Segundo Nívea, mais adiante ela mesma adquiriu álcool em gel, avental, luvas, toucas e outros equipamentos, que são distribuídos aos funcionários da saúde.
Também afirmou, que a empresa Jari Celulose, que atua no distrito de Monte Dourado, doou 75 macacões e outros 20 doados pela clínica de seu esposo, além de viseiras, luvas, gorro e que todo esse material é distribuído para a equipe que atende aos pacientes com sintomas da covid-19.
A secretária explicou que a secretaria destinou uma das unidades de saúde especificamente para triagem dos pacientes com sintomas suspeitos da doença e adaptou o hospital municipal com quatro leitos exclusivos para tratamento de covid-19.
Mas, ela admite que o município dispõe apenas de aparelho de raio-x, de oxigênio e nebulizdor para atender aos doentes. Não existe leitos de UTIs, nem respiradores na cidade.
Nívea está convencida de que as manifestação não passam de “perseguição política”. Segundo a secretária, “se não tivesse EPIs não estaria funcionando nenhum das unidade de saúde” e que os profissionais jamais “iriam se expor” se não estivessem protegidos com os equipamentos.
A secretaria enviou uma foto de um grupo de três funcionários do hospital utilizando os EPIs.
Com informações de Roma News