A gravação estremeceu o Planalto nos últimos dias.
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, irá divulgar o vídeo de reunião ministerial do dia 22 de abril, que foi citada pelo ex-juiz Sérgio Moro em depoimento à Polícia Federal. Segundo informações da CNN Brasil, nas imagens as partes que falam da China e do Paraguai serão excluídas a fim de evitar um conflito diplomático.
Fontes ligadas ao jornal Estado de S. Paulo revelaram, na noite da última segunda-feira (18), que o ministro do Supremo teria ficado ‘incrédulo’ ao assistir o vídeo. Citada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova de suas acusações contra o presidente Jair Bolsonaro, o vídeo é peça-chave no inquérito que apura suposta interferência política do chefe do executivo na Polícia Federal (PF).
A gravação estremeceu o Planalto nos últimos dias. Fontes que já assistiram ao vídeo afirmam que o governador de São Paulo, João Doria, é chamado de “bosta” pelo presidente, enquanto as “pessoas do governo do Rio”, comando por Wilson Witzel, são chamadas de “estrume”. Além disso, Bolsonaro ainda afirma que planejava fazer mudanças no governo porque não poderia “apanhar sozinho” de seus adversários.
A Advocacia-Geral da União defendeu que só as falas do presidente Jair Bolsonaro fossem liberadas, uma vez que poderia ‘comprometer’ a segurança do chefe do Executivo. Já a defesa de Moro prezou pela divulgação na íntegra e ressaltou que a gravação ‘não possui qualquer assunto pertinente a Segredo de Estado ou que possa gerar incidente diplomático, muito menos colocar em risco a Segurança Nacional’.
Apreensão do celular de Bolsonaro
O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), encaminhou à PGR (Procuradoria-Geral da República) pedidos de partidos e parlamentares de oposição para que o celular do presidente Jair Bolsonaro seja apreendido e periciado.
As três notícias-crime também solicitam que o Supremo determine a apreensão do aparelho telefônico de um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, além de requererem a coleta de depoimento do presidente.
As representações chegaram ao Supremo logo após Sergio Moro pedir demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública em 24 de abril com graves acusações a Bolsonaro.
Segundo o ex-juiz da Lava Jato, o presidente o pressionou pela troca da direção-geral e superintendência da PF do Rio de Janeiro com intuito de interferir no trabalho da corporação, o que viola a autonomia da PF prevista em lei.
As notícias-crime foram apresentadas pela deputada Federal Gleisi Hoffman (PT-PR) e pelo governador da Bahia, Rui Costa (PT-BA), e pelas bancadas do PDT, PSB e PV.
Segundo o Celso de Mello, cabe à PGR a analisar as acusações que constam nas representações. O decano do STF afirmou que é dever do Estado apurar a “autoria e a materialidade dos fatos delituosos narrados por qualquer pessoa do povo”.
“A indisponibilidade da pretensão investigatória do Estado impede, pois, que os órgãos públicos competentes ignorem aquilo que se aponta na “notitia criminis”, motivo pelo qual se torna imprescindível a apuração dos fatos delatados, quaisquer que possam ser as pessoas alegadamente envolvidas, ainda que se trate de alguém investido de autoridade na hierarquia da República, independentemente do Poder (Legislativo, Executivo ou Judiciário) a que tal agente se ache vinculado”, escreveu o ministro do STF.
O decano da corte é o relator do inquérito que apura as acusações de Moro contra Bolsonaro.
Com informações do Diário de Pernambuco e FolhaPress