Morador de Alter do Chão, em Santarém, o artista é reconhecido por difundir os ritmos amazônicos em grandes centros culturais.
O santareno Silvan Galvão, artista já conhecido por difundir a cultura amazônica por vários cantos do país, irá se apresentar em espaços culturais e universidades da Argentina e do Chile. Ele também terá shows em São Paulo e no Rio de Janeiro, cidades amadas por Silvan, pois lhe acolheram há 11 anos quando decidiu sair de Santarém, Oeste do Pará e desbravar uma carreira nacional.
“É possível sair do interior do Pará e ser aplaudido. As pessoas estão abertas a isso”.
Um passeio pelas histórias da florestas, lendas e causos. Nesse “barco” toca carimbó, lundu, toada de boi e de pássaro entre outras sonoridades amazônicas. É assim o roteiro dos shows e oficinas de Silvan Galvão, 41 anos, sendo 22 anos de carreira musical. “Eu não ensino só a tocar e dançar, eu conto um pouco da história, instigo as pessoas a irem à Amazônia e conhecer tudo aquilo, apresento vários ritmos outros mestres e outros grupos…”, explicou o artista.
É claro que o show com músicas autorais como “Chá de carimbó” que tem mais de 100 mil audições no Spotify e “Puxirum” também é uma opção com toda a dança, cor e magia vindas das margens do rio Tapajós.
A mini-turnê é realizada por meio de dois projetos. Em 2018, o artista foi selecionado pela Fundação Nacional das Artes (Funarte) para o prêmio “Culturas populares”, foram 40 mestres premiados por atuação e relevância em cada uma das 5 regiões do país. Silvan foi selecionado pelo Sudeste, atuando com o carimbó, disseminando a música do Norte naquela região.
O feito abriu portas para outro prêmio, o Ibermúsicas, um programa de cooperação internacional dedicado às artes musicais que tem entre os objetivos a divulgação e o estímulo à formação de novos públicos na América Latina. Pelo programa em 2019 Silvan foi selecionado para ministrar oficinas e espetáculos de carimbó em universidades da Argentina e do Chile.
Por conta da pandemia da Covid-19, as apresentações foram adiadas e agora, com a diminuição das restrições sanitárias, foi possível retomar os projetos. Serão promovidas outras apresentações em espaços culturais da Argentina e Chile. No Brasil, Silvan realiza a oficina do Carimbloco na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, e também estão agendadas oficinas no Museu do Pontal, neste sábado (9) e shows no Museu do Amanhã, nos dias 28 e 29 de abril, na programação do Seminário “Futuros: amazônia do amanhã”.https://d74d5477e4ec8d5ddb295b74d9b48661.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Silvan conta que antes da sua chegada à região sudeste em 2011, o carimbó não era tão ouvido por lá, não havia um circuito de música nortista em São Paulo ou no Rio de Janeiro.
Silvan Galvão é um nome importante na difusão do carimbó pelos centros culturais do Brasil — Foto: Keiliane Bandeira
“O público nasceu, ele não existia e nem as pessoas que vinham do Pará conseguiam encontrar carimbó aqui. Então, eu posso até ousar dizer que esse movimento começou com a popularização do Carimbloco, sobretudo, no Rio de Janeiro. Hoje, a partir das minhas oficinas, alguns alunos meus já formaram vários outros grupos de carimbó, tanto em São Paulo quanto no Rio”.
Ao gravar seu primeiro CD, o “Tambores que Cantam”, em 2010 ainda como percussionista, participou de um grande festival, o Sesi in Jazz Festival, onde tocou no encerramento, dividindo a noite com Renato Borghetti, referência mundial no segmento instrumental. “Eu fiquei encantado com aquilo e eu vi que a nossa música era mais rica do que eu imaginava , e aí eu pensei na minha mudança para o Rio de Janeiro com meu CD embaixo do braço e fiz”, relembrou.
“Nos meus shows, em alguns lugares, eu tocava um ou dois carimbós e via que a galera gostava e isso foi crescendo, meu show foi transformando, migrando de instrumental pra ‘cantado’”.
Se pudesse resumir essa trajetória em uma palavra seria teimosia. “Não foi um trabalho fácil, eu fiquei três anos, eu fiz de teimoso mesmo, foi necessária essa teimosia e muito foco, eu tive muito foco”.
Apesar do reconhecimento, Silvan carrega a humildade de um mestre de carimbó junto aos seus instrumentos, voz e talento. “Eu não tenho uma meta, vou construindo as coisas com a naturalidade necessária para valorizar a nossa cultura”, comentou.
O santareno já cantou ao lado de grandes artistas como Xangai, Chico César, Hamilton de Holanda, Armandinho, Luiz Caldas e Pedro Luís (Monobloco) e fez importantes parcerias com Joãozinho Gomes, Júnior Soares e Ronaldo Silva (Arraial do Pavulagem) e Nilson Chaves. Outro grande parceiro que ajudou abrindo portas para Silvan no Sudeste foi Guto Goffi, baterista do Barão Vermelho e fundador da escola de percussão Maracatu Brasil.
Silvan Galvão — Foto: Reprodução/TV Tapajós
Silvan Galvão, com seu espírito de empreendedor musical, é sem dúvidas um nome importante na produção e difusão do carimbó e ritmos amazônicos no Brasil e apesar de já ter se apresentado fora do país como Uruguai, Peru e Bolívia vê essa mini-turnê como um passo importante na sua carreira.
“De alguma forma o mundo está com olho na Amazônia e as pessoas querem conhecer o que tem na cultura, na música, o que a gente fala…”.
Agenda de Oficinas e Shows
- 09/04 – Oficina de Carimbó – Museu do Pontal – Rio de Janeiro
- 09/04 – Show – Kingston Clube – São Paulo
- 15/04 – Show – Teatro Municipal de Santa Fé – Argentina
- 16/04 – Oficina e Show – Makandal Cultural – La Plata – Argentina
- 17/04 – Oficina e Show – Centro de Referência Latino-americano – Buenos Aires- Argentina
- 19/04 – Oficina – Universidade Nacional de Cordova – Argentina
- 23/03 – Oficina e Show – Casa Cultural – Santiago – Chile
- 28/04 e 29/04 – Show – Museu do Amanhã – Rio de Janeiro
- 30/04 – Silvan Galvão e Carimbloco – Espaço Catete – Rio de janeiro
Fonte: g1 Santarém