Projeto de Edivanderson Silva ajuda comunidade ribeirinha onde seus alunos residem
O Professor Edivanderson Lopes Silva, que atua em uma escola na zona rural de Santarém, no oeste paraense, é um dos finalistas do Prêmio Professor Transformador, categoria Ensino Fundamental I, do Projeto Plantando Conhecimento, promovido em parceria pela Base2Edu, rede que conecta e fortalece profissionais e iniciativas voltadas à transformação da Educação e pela organização da Bett Educar, evento de educação e tecnologia da América Latina.
Edivanderson é professor de matemática do ensino fundamental e desenvolveu um método para conter a evasão escolar na Escola Municipal Santa Cruz, localizada na comunidade ribeirinha, utilizando frações matemáticas na atividade de plantio,envolvendo toda a comunidade local no projeto, reduzindo a evasão e conseguindo que os estudantes se interessem pelo ensino da matéria. “A educação transforma a sociedade”, afirma o professor.
Ele leciona nas turmas iniciais do ensino fundamental e há três quando começou a trabalhar na escola municipal, se deparou com uma desafiadora situação: muitos alunos acabavam deixando a escola por considerar que por já terem aprendido a ler, escrever e a efetuar operações matemáticas básicas, não precisavam prosseguir com os estudos. O professor conta, que os estudantes acreditavam que o conteúdo já assimilado até então, era suficiente para ajudar as famílias na lida com a pesca e agricultura, principais atividades econômicas da comunidade ribeirinha onde a escola se localiza.
Superar essa situação e diminuir a evasão escolar foram as inspirações encontradas pelo professor para iniciar o Projeto Plantando Conhecimento e participar do Prêmio Professor Transformador na categoria Ensino Fundamental I.
Ele conta que sua trajetória na educação tem apenas três anos, todos eles trabalhando na mesma comunidade e na mesma escola, localizada na região de várzea no município de Santarém, distante aproximadamente duas horas e meia de embarcação da sede da cidade. “A partir do segundo ano, passei a tentar desenvolver metodologias que buscassem aproximar o conteúdo da sala de aula com a realidade que a comunidade vivencia, tentando mudar a visão de que a escola serve apenas para aprender a ler e escrever”, conta o professor. Desta forma, as atividades do projeto foram desenvolvidas, a partir da dificuldade que o professor identificou na turma em compreender o conceito de frações.
Associado a isso, alguns alunos também levavam para a sala de aula a dificuldade encontrada por suas famílias com relação a quantidades no cultivo de hortaliças. “Então, pensamos em um meio de atender às duas necessidades. Para isso, dividimos o projeto em seis etapas. Na primeira, fizemos o levantamento e identificamos três tipos de hortaliça e quatro tipos de adubos com os quais as dificuldades das famílias eram mais frequentes”, informa.
Comunidade colaborou com o projeto doando sementes e adubo
Na segunda etapa, foi feita aquisição de material e a doação pelos pais e com os moradores das sementes e do adubo. Na terceira fase, dentro da sala de aula, foram elaboradas 16 frações para cada hortaliça, num total de 48 frações. Em seguida, os alunos reproduziram essas frações misturando os adubos em cada recipiente.
A quarta etapa foi de observação. Foi feito o acompanhamento das amostras durante dois meses. Essas amostras estavam nas mesmas condições ambientais nas quais se encontravam originalmente. Nesse período, a turma analisou o grau de desenvolvimento, qual nasceu primeiro, qual se desenvolveu melhor, entre outros indicadores, todos anotados diariamente.
Na quinta etapa, os dados foram levados para a sala de aula e todo trabalharam em turma, a fim de encontrar a melhor solução, o que seria a fração ideal para o cultivo.
E na sexta etapa, foi feito o compartilhamento dos dados encontrados e as amostras que obtiveram resultado positivo; aquelas que nasceram e se desenvolveram foram doadas aos alunos e à comunidade.
Ensino da matemática passou a ter aplicação real na vida dos estudantes
O principal resultado, segundo o professor, foi fazer os conteúdos trabalhados em sala de aula terem sentido para os estudantes, a partir da aplicação de conceitos – no caso do projeto, o de frações – à realidade na qual a escola ribeirinha está inserida. “Nós ajudamos as famílias a encontrarem o que seria a fração ideal para os seus cultivos e o possível erro da comunidade, que vinha comprometendo as plantações, talvez relacionado a um dos adubos utilizados, no caso o esterco de gado. Com todas essas constatações, despertamos o interesse dos alunos pela escola, e esta passou a fazer muito mais sentido em suas vidas”, descreve o professor.
Edivanderson Silva destaca que foram muitas as competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) trabalhadas no decorrer do projeto. Ele cita, conhecimento, já que todo o conhecimento construído pelos alunos no decorrer das aulas foi aplicado em suas comunidades; pensamento científico, crítico e criativo, por meio do despertar a curiosidade e a busca de soluções para o problema apresentado; e a de comunicação, seja por meio das entrevistas e levantamento de informações realizadas junto aos agricultores, seja pelos debates em sala de aula, partilha de experiências familiares e práticas.
O Prêmio Professor Transformador foi lançado com o objetivo de destacar projetos inovadores desenvolvidos por professores da Educação Básica de todo o país, alinhados com as diretrizes da BNCC. Os 12 projetos finalistas estão distribuídos em quatro categorias, que correspondem às etapas do Ciclo Básico da Educação no Brasil: Educação Infantil, Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio.
A classificação final dos projetos em cada categoria será anunciada durante a Bett Educar, considerada a maior feira de Educação e Tecnologia da América Latina. O evento teve realização adiada em 2020, por causa da pandemia da covid-19, mas os organizadores afirmam que tão logo seja possível, a organização anunciará uma nova data.
Os segundos e terceiros colocados em cada categoria do Prêmio Professor Transformador irão receber R$ 2.5 mil e a oportunidade para apresentar suas iniciativas na edição 2020 da Bett Educar. Já os primeiros colocados de cada categoria receberão prêmios de R$ 7 mil, além de uma viagem para participar da Bett Educar 2021 em Londres, Inglaterra.
Fonte: Base2Edu/BettEducar
Fico maravilhada quando leio notícias dessa natureza, que relatam projetos tão simples e tão repletos de significados: professor inovador e profundamente comprometido com a sua profissão, a sua missão de educar e de transformar vidas
Parabéns! Professor, Edivanderson.
Verdade, um belo exemplo de vida e de profissional comprometido! Ele tá muito de parabéns!!!