Kremlin anunciou que delegação composta por representantes militares e da diplomacia chegaram à cidade de Gomel neste domingo; Kiev demonstrou interesse em negociar, mas pediu que conversas ocorram em território ‘neutro’
O Kremlin informou neste domingo, 27, que uma comitiva de autoridades russas desembarcou durante a manhã (madrugada em Brasília) na cidade de Gomel, em Belarus, para iniciar negociações com autoridades ucranianas — no gesto mais concreto de diplomacia partindo de Moscou desde o início da invasão da Ucrânia. Kiev se disse disposta a negociar, mas negou que as conversas vão ocorrer no país ao norte, usado pela Rússia como base em sua ofensiva militar.
Uma delegação de representantes dos “ministérios das Relações Exteriores, da Defesa e de outras pastas, incluindo a administração presidencial, chegou a Belarus para negociações com os ucranianos”, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.
“A delegação russa está pronta para as negociações e agora estamos esperando os ucranianos”, acrescentou.
Logo após o anúncio do Kremlin, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou que está pronto para negociar com a Rússia, mas negou que o encontro vá ocorrer em Belarus. Segundo Zelenski, as conversas precisam ocorrer em um país neutro.
“Queremos a paz, queremos nos encontrar, queremos o fim da guerra”, disse Zelenski em um discurso em vídeo. “Varsóvia, Bratislava, Budapeste, Istambul, Baku – propusemos tudo isso ao lado russo. Qualquer outra cidade funcionaria para nós também, em um país de cujo território os foguetes não estão sendo disparados.”
O esforço diplomático deve começar um dia após os aliados ocidentais anunciarem uma nova rodada de sanções econômicas contra a Rússia, incluindo o bloqueio alguns bancos russos do sistema de pagamentos global Swift, e no mesmo dia em que tropas russas conquistaram avanços relevantes em solo ucraniano.
O presidente russo, Vladimir Putin, saudou o “heroísmo” dos militares deslocados para a Ucrânia, que na madrugada deste domingo chegaram a Kharkiv, a segunda maior cidade do país, e cercaram posições estratégicas no sul do país.
Fonte: Estadão/AP, AFP e NYT