A cantora estava a bordo de uma aeronave que caiu perto da cidade de Piedade de Caratinga, em Minas Gerais. O produtor e o assessor da cantora, o piloto e o co-piloto do avião também morreram
A cantora Marília Mendonça, 26 anos, morreu na tarde desta sexta-feira, 5, em um acidente aéreo. A sertaneja estava a bordo de uma aeronave turboélice com capacidade para seis passageiros. Ela estava acompanhada do produtor Henrique Ribeiro e do assessor Abicieli Silveira Dias Filho, que também era seu tio. Além deles, o piloto Geraldo Martins de Medeiros e o co-piloto Tarciso Pessoa Viana também estavam na aeronave. Todos morreram no local. As causas do acidente ainda não foram esclarecidas.
Marília começou a carreira cedo e aos 12 anos já havia escrito as primeiras músicas. Inicialmente, suas criações fizeram sucesso na voz de outros artistas – é o caso das canções “Cuida Bem Dela” (2014) e “Até Você Voltar” (2014), cantadas pela dupla Henrique e Juliano. Em 2014 ela lançou carreira solo e um ano depois estourou com seu primeiro sucesso, “Infiel“.
A cantora inseriu a voz e as questões femininas na música sertaneja, espaço historicamente dominado por homens. Seu repertório inclui músicas que empoderam as mulheres, como “Você Não Manda Em Mim”. Mas ela conquistou de verdade o público com as sofrências, músicas que retratam a vida de quem sofre por amor. Seu trabalho mais recente foi o álbum “Patroas 35%” com a dupla Maiara e Maraísa.
Cantora faria shows em Minas Gerais
A aeronave que transportava a cantora e sua equipe partiu do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, na tarde desta sexta-feira, 5. O destino era o Aeroporto Regional de Ubaporanga, próximo à cidade de Caratinga, em Minas Gerais. Marília faria um show no Parque de Exposições João da Costa Mafra na noite de sexta. Outra apresentação estava marcada para a cidade de Ouro Branco (MG) no sábado.
Por volta das 15h30min desta sexta o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais recebeu um chamado para atender à ocorrência. A aeronave caiu em uma cachoeira próxima à cidade de Piedade da Caratinga, a cerca de um minuto do destino, segundo pilotos que passaram pela área. Na queda, chegou a atingir linhas de transmissão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). A Polícia Civil de MG disse que encontrou destroços de uma antena de energia elétrica. Ainda não se sabe o que motivou o acidente e nem a causa da morte dos passageiros.
Denúncia enviada ao MPF cita problema em para-brisa de avião
A aeronave de modelo King Air C90A foi fabricada em 1994 pela Beech Aircraft. Pertence à empresa PEC Táxi Aéreo e tem autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para realizar voos desse tipo. O avião está registrado na ANAC sob a matrícula PT-ONJ.
Em junho, uma denúncia enviada ao Ministério Público Federal (MPF) em Goiás afirmava que a aeronave com prefixo PT-ONJ “está desde o início do ano realizando voos com problemas no para-brisa, ocorrendo que o vidro fica embaçado com prejuízo visual em pousos e decolagens”. Conforme o texto, o fato era conhecido pela empresa, porém ignorado.
Segundo a denúncia, realizada em maio, a empresa responsável pelo voo operava com irregularidades que colocam “em risco tripulantes e passageiros”. O relato ao MPF também alega que a empresa coloca pilotos “com jornada de voo estourada para voar”.
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Em 2019, a empresa havia sido julgada em segunda instância pela Anac e multada após processos por descumprimento dos prazos de repouso de um dos tripulantes. Conforme a decisão, a empresa “colocou em risco vários voos por ela realizados” na época do descumprimento da jornada, em julho de 2008.
Por meio de nota nas redes sociais, a PEC Táxi Aéreo lamentou o acidente. “A empresa, assim que tomou conhecimento do ocorrido, acionou as autoridades competentes para a imediata promoção do resgate necessário”, informou. A empresa destaca que o avião era “devidamente homologado pela Anac para transporte aéreo de passageiros e estava plenamente aeronavegável”.
Também afirma que a tripulação “tinha grande experiência de voo” e estava habilitada pela Anac, com todos os treinamentos atualizados. Segundo a PEC, as condições meteorológicas eram favoráveis e as causas do evento “ainda são incertas e serão devidamente apuradas”.
O avião chegou a pertencer à dupla Henrique e Juliano, que o comprou em 2017. Em julho de 2020, foi vendido à PEC Táxi Aéreo. Não há histórico de acidentes anteriores com a aeronave no Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer).
AS VÍTIMAS
Fonte: Estadão
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