A equipe do Hospital comemorou 669 altas e o encerramento dos atendimentos médicos na Unidade em Santarém
“Entrei como paciente e estou saindo como sobrevivente”, disse José Lopes da Paz, de 61 anos. Ele foi um dos quatro últimos pacientes que receberam alta do Hospital de Campanha de Santarém (HCS) na manhã deste domingo (31). Na oportunidade, os profissionais de saúde fizeram o tradicional “corredor humano” vestidos com Equipamentos de Proteção Individual (EPI) personalizados com símbolos de super-heróis.
As últimas altas aconteceram por volta das 10 horas da manhã e também contou com a participação dos familiares. Os pacientes Francisco Vasconcelos, 65 anos, José Lopes Paz, 61 anos, Francisca Carvalho, 71 anos, Ana Lúcia Amaral, 54 anos, foram homenageados pela equipe plantonista que cantaram a música Anunciação de Alceu Valença.
Um dos últimos pacientes em tratamento foi José, ele é pai de quatro filhos, natural de Curuai, e deu entrada na Unidade no dia 21 deste mês. O quadro clínico dele ficou crítico por alguns dias, segundo a equipe médica, mas melhorou e finalizou o tratamento no leito clínico. “O tratamento não foi fácil, minha força estava nas oportunidades que tive de ver a minha família por ligação de vídeo e abraçar um dos meus filhos pela cabine me fortaleceu”, concluiu.
Para o diretor técnico do HCS, Dr. Tardelio Torquato, o momento é de comemoração. “Hoje, estamos chegando ao fim de mais um ciclo de trabalho intenso, mas também de muita satisfação. Foram mais de 800 pacientes atendidos. Desses, mais de 600 receberam alta. Isso é gratificante para a vida pessoal e profissional. Hoje é dia de celebrar a vida. Sabemos que o vírus está circulando, por tanto, quem não se vacinou, faça e continuem com os cuidados”, enfatizou.
Após oito meses de atividade houve 806 pessoas positivadas ocupando os leitos dentro da Unidade. O Hospital atuava como retaguarda para covid-19 da região oeste do Pará, Baixo Amazonas, Xingu e Tapajós – até o encerramento, 87 pacientes foram atendidos transferidos de 13 municípios dessas regiões.
A partir de agora, a unidade funcionará para expediente interno até a próxima quarta-feira, 3 de novembro, quando será realizado o encerramento oficial, com um culto ecumênico que contará com a presença do governador do Estado, Helder Barbalho, colaboradores e autoridades.
Homenagem dos colaboradores
Os EPIs personalizados usados durante a alta médica foram pintados pelo artista plástico e colaborador do HCS, Lucenildo Oliveira, que deu cor e vida para muitos projetos desenvolvidos na Unidade. “Só tenho gratidão por ter compartilhado meu talento com os pacientes que passaram por aqui. Minha maior alegria foi ouvir muitos relatos deles dizendo que vão continuar praticando os conteúdos das oficinas de arte que eu dei, mas dessa vez, lá fora”, disse.
A coordenadora de enfermagem, Silvia Somera, comentou com nostalgia a trajetória da equipe. “Agradeço a cada um por ter dado o melhor de si. Aqui, fomos família um dos outros, acolhemos cada paciente como um ente querido”, afirmou. Ela fez uma homenagem ao recitar um salmo bíblico que adaptou para o encerramento. “Eu combati o bom combate, terminamos a carreira dentro do Hospital de Campanha e guardamos a fé”, concluiu.
O Vigilante, Edilson de Almeida, falou da emoção em fazer parte da história da Unidade. “A cada abertura de portão para alta médica era uma emoção que contagiava e fazia bem para a alma”, enfatizou.
Outro colaborador que fez questão de expressar o sentimento no momento da última alta foi o fisioterapeuta, Luís Afonso. “Sinto-me grato por ter sido uma ferramenta de Deus para cuidar dos pacientes. Tenho a felicidade de ter ajudado a devolver tantos pacientes para os familiares, sei que me doei ao máximo e espero que cada um deles se lembre de mim’’, contou.
O gestor administrativo da unidade, Marcelo Henrique, falou da sensação de dever cumprido. “Ao longo desses oito meses, 123 colaboradores atuaram na Unidade. Desses, 68 estão ativos e 55 já foram desligados. Todos aqui deram seu melhor e isso garantiu o atendimento humanizado. O Campanha fez história, vai deixar o exemplo de um hospital de qualidade”, finalizou.
Acolhimento Humanizado
A Unidade começou atendendo com 60 leitos. Desses, 56 clínicos e 4 de estabilização. Depois de quatro meses de operação e com diminuição dos casos da doença na região, o número de leitos diminuiu para 40.
O Hospital de Campanha de Santarém ofereceu atendimento clínico, nutricional, psicológico, de assistência social e fisioterapia. O acolhimento aos pacientes teve uma retaguarda de projetos de humanização. Entre eles, destaca-se o projeto “Cabine do Amor”, que foi reconhecido nacionalmente por meio de uma reportagem no programa Fantástico. O projeto permitia um abraço carinhoso entre quem está internado e uma pessoa da família.
Outra ação importante, foi o “Pacientes em Movimento”, que estava dentro do planejamento de atividades que ajudaram no tratamento. Ele foi comandado pela equipe de fisioterapia e psicologia, onde de maneira lúdica fizeram com que os participantes movimentassem o corpo. Além desses é importante destacar os projetos “Visita Musical”, “Cine Campanha” e “Arteterapia no HCS”. Os benefícios dessas ações incluem redução de estresse, ansiedade e relaxamento, tornando o ambiente hospitalar mais leve e descontraído.
O HCS é fruto de parceria entre governo do Estado e prefeitura de Santarém e é gerido pelo Instituto Social Mais Saúde.
Fonte: Ândria Almeida/ Ascom HCS