Cooperativa bateu recordes na comercialização de castanha, copaíba e outros produtos da sociobiodiversidade, impulsionando o desenvolvimento sustentável da Calha Norte do Pará.
Por: Martha Costa
Aproximadamente 35 toneladas de castanha e mais de 2,5 toneladas de cumaru foram comercializadas pela Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora) em Oriximiná, na região do Baixo Amazonas do Pará mesmo em meio a seca dos rios e aos inúmeros desafios ocasionados pelas mudanças climáticas na Amazônia. Este é apenas um dos dados apresentados pela.
Os dados são fruto da união entre os povos indígenas, quilombolas e assentados que desde 2019 atuam junto em busca de fortalecer e desenvolver as cadeias produtivas da biodiversidade amazônica, desenvolvendo soluções através de estratégias inovadoras com produtos de base florestal renovável respeitando o meio ambiente e valorizando pessoas.
O foco na produção sustentável assegurou ainda a comercialização de aproximadamente 30 quilos de pimenta assisí e 1,250 quilos de copaíba, dados que destaca a importância do extrativismo consciente que respeita os conhecimentos tradicionais das comunidades e busca a manutenção da floresta em pé, o que tem gerado renda, melhorando a vida e fortalecendo a identidade cultural.
“Hoje a Coopaflora está colhendo os frutos de anos de trabalho e dedicação, que vão desde a realização de capacitações em mapeamento e boas práticas extrativistas até a implementação de entrepostos, e são ações realizadas graças a parcerias como do Imaflora, Iepé e outras instituições”, frisou a presidente da cooperativa Maria Daiana Figueiredo da Silva que foi reeleita presidente da Coopaflora para o período de 2025/2008.
Liderança feminina e representatividade
Na semana passada a Coopaflora realizou sua assembleia geral para apresentação dos dados referente ao ano de 2024, eleição da nova diretoria e planejamento estratégico, que terá como desafio trabalhar a expansão da marca, atuar na valorização dos produtos da sociobioeconomia, melhorar o capital de giro, além de sensibilizar os cooperados atual e prospectar novos cooperados.
Maria Daiana, presidente da cooperativa desde 2022, é uma figura central neste processo de organização institucional. Quilombola do Território Quilombola Alto Trombetas II, ela é graduada em História e Geografia pela Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e sua experiência como professora e secretária na fundação da cooperativa a capacitaram para liderar a Coopaflora, buscando o desenvolvimento de cadeias produtivas com boas práticas, a manutenção da floresta em pé além da geração de renda nos territórios
“A Coopaflora cresceu bastante e conquistamos nosso espaço. Hoje vemos indígenas e quilombolas tendo voz, recebendo o valor justo pelos produtos da floresta e também da agricultura familiar. O trabalho feito junto aos parceiros nos fortalece a cada dia, e essa é a nossa missão”.
Além de Daiana a Coopaflora conta com outras mulheres em sua diretoria como: Lourdes Maria, diretora étnica quilombola, Maria Raimunda na diretoria secretária e Andréa Lima na diretoria tesoureira. Dentro da cooperativa há ainda a representatividade dos povos da floresta com a eleição de Jeremias, Elton e Xistu como diretores étnicos territoriais, representando respectivamente os povos Hexkaryana, Tunayana, Kaxuyana e Kahyana e Wai wai.