Também foram apreendidas 9 fêmeas adultas de tartaruga da Amazônia. A fiscalização conseguiu conter três infratores.
Durante Operação “Tabuleiros VI” com a participação de fiscais do Ibama, policiais da Força Nacional, juntamente com os ribeirinhos que trabalham como monitores do Programa Quelônios da Amazônia (PQA) foram apreendidas fêmeas adultas e apreendidos 616 ovos tartarugas da Amazônia (Podocnemis expansa), que estavam com um grupo de infratores que invadiram o Tabuleiro de Monte Cristo, no município de Aveiro, oeste do Pará.
Localizado nas margens do rio Tapajós (Defronte à Vila de Barreiras), o Tabuleiro do Monte Cristo é o principal do Pará monitorado pelo PQA e o segundo maior do Brasil.
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A fiscalização das praias próximas ao tabuleiro ocorre durante todo o segundo semestre de cada ano para garantir a segurança das tartarugas e dos locais onde elas depositam seus ovos.
A operação deste ano iniciou no dia 11 de outubro e se estendeu até a última semana do mês. Foram semanas de pernoites nas praias próxima ao tabuleiro, atendimento a denúncias e apreensões de materiais de captura dos quelônios, além do resgate de quelônios que caem em equipamentos de pesca proibidos (como espinhéis, por exemplo). Uma vez resgatados, os animais são medidos, catalogados e devolvidos ao rio.
O grupo de infratores foi flagrado na noite do dia 25 de outubro, em ponto estratégico próximo ao rio Tapajós. Eles haviam invadido o tabuleiro e estavam carregados de ovos de tartarugas da Amazônia, além de 9 fêmeas adultas. Já no dia 26 de outubro, foram encontrados mais 50 ovos e pertences pessoais dos infratores, totalizando 666 ovos furtados.
A fiscalização conseguiu conter três infratores com sacos e mochilas cheias de ovos. Eles foram detidos e levados à Base Avançada do Ibama onde o procedimento administrativo ambiental foi iniciado com a lavratura de autos de infração. A multa, proporcional a quantidade de ovos e animais, foi de R$ 6.250.000,00. De acordo com informações do Ibama, essa foi a maior multa já aplicada e a maior apreensão na história de 45 anos do Programa Quelônios do Brasil.
Dos 616 ovos apreendidos no dia 25 de outubro, 592 estavam intactos, por isso foram recolocados em ninhos para serem monitorados. As fêmeas foram soltas no local. Já no dia 26 de outubro, foram encontrados mais 50 ovos e pertences pessoais dos infratores, totalizando 666 ovos furtados.
Após o procedimento administrativo, os infratores foram encaminhados à delegacia da Polícia Civil de Itaituba e podem responder, dentre outros delitos, por formação de quadrilha, aliciamento de menores, maus-tratos a animais e receptação.
Sobre o programa
Criado em 1979, o Programa Quelônios da Amazônia – PQA, executado pelo Ibama, é o maior programa de conservação de fauna em vida livre (in situ) do mundo. Criado com o objetivo de impedir que espécies de quelônios amazônicos entrassem em estado de extinção, o programa se utiliza de técnicas de monitoramento, manejo, educação ambiental e fiscalização como estratégias de conservação das espécies. Até o ano de 2023 o Programa havia sido o responsável pela soltura de mais de 100 milhões de filhotes em todos os Estados da Amazônia Legal.
Os quelônios da Amazônia têm um papel fundamental no ecossistema amazônico, contribuindo para a saúde e o equilíbrio ambiental das regiões onde habitam. Eles promovem a dispersão de sementes ao se alimentarem dos frutos, o que favorece a regeneração das florestas; também atuam no controle de populações, participam da ciclagem de nutrientes e servem ainda como indicadores da saúde ambiental, sendo extremamente sensíveis a poluição, as mudanças climáticas e principalmente à predação humana.
Pesquisas em curso estimam que apenas 1% dos filhotes conseguem chegar atingir a maturidade sexual e perpetuar a espécie e o estado de conservação das espécies monitoradas pelo Ibama é de “quase ameaça”, segundo a classificação internacional proposta pela IUCN (União Internacional de Conservação da Natureza). Os quelônios amazônicos se encontram ainda, elencadas no Anexo II da Cites, o que significa que as espécies são dependentes de programas de conservação, tal qual o PQA, para que suas populações não entrem em estagio de ameaça ou de extinção.
Fonte: g1 Santarém