Barros Barreto oficializa a criação de ambulatório para pessoas transexuais e travestis

Protocolo de intenções foi assinado na tarde da última quarta-feira (28) e reuniu representantes do público-alvo do projeto
Foto – Iniciativa oferecerá serviços especializados para a população transexual e travesti na capital paraense Foto: Divulgação

O Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) terá um Ambulatório Transexualizador para atender a população transexual e travesti de Belém. A iniciativa, fruto da parceria entre o Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), e a Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), teve o protocolo de intenções assinado na tarde da última quarta-feira (28). A iniciativa ofertará serviços ambulatoriais, acompanhamento clínico, hormonoterapia, cosmiatria, apoio psicossocial e modulação vocal, além de suporte pré e pós-operatório para cirurgia de redesignação sexual.

O projeto vai além das normas estabelecidas pela portaria nº 2.803, de 19 de novembro de 2013, do Ministério da Saúde, que redefine e amplia o processo transexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS). O documento prevê a participação de enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos ou psiquiatras e clínicos ou endocrinologistas nos atendimentos, mas a equipe multiprofissional da unidade hospitalar também irá contar com infectologistas, dermatologistas e fonoaudiólogos. Os pacientes serão encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Belém e referenciados para o Barros Barreto.

Iniciativa oferecerá serviços especializados para a população transexual e travesti na capital paraense Foto: Divulgação

De acordo com a superintendente do CHU-UFPA, do qual o HUJBB faz parte, a criação deste projeto reflete nosso compromisso da instituição com a diversidade e a inclusão. “Estamos estruturando um espaço que respeite e acolha as pessoas trans e travestis com a dignidade que merecem. Nossos profissionais passarão por treinamentos para garantir um atendimento adequado, respeitando o nome social e os direitos dessa população”, garantiu.

Para o secretário de Saúde de Belém, Pedro Anaisse, o Ambulatório Transexualizador surge como um avanço significativo na saúde pública de Belém, respondendo a uma demanda histórica relacionada à lacuna assistencial direcionada ao cuidado da população trans no município. “Este projeto representa um grande marco para a saúde em Belém. É uma expressão do nosso compromisso com a comunidade, oferecendo um espaço pautado na humanização, com respeito e acolhimento”, afirmou.

Vice-reitor e reitor eleito da UFPA, Gilmar Pereira da Silva ressaltou que “é uma grande alegria ver o Barros Barreto com esse ambulatório tão importante”, disse. “É uma conquista para a sociedade, que está começando a ter uma nova compreensão sobre a necessidade de acolhimento e cuidado com as pessoas trans e travestis”, complementou.

Trabalho coletivo

A oficialização do projeto contou com a participação de representantes de diversos movimentos sociais, incluindo a Associação de Discentes Trans e Travestis da UFPA (Adisttrave), Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazônia (Gretta), Movimento Organizado de Homens Trans e Transmasculinos do Estado do Pará (Mohtpa), Ong Mães pela Diversidade, Ong Olivia, Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil e Rede Paraense de Pessoas Trans.

Iniciativa oferecerá serviços especializados para a população transexual e travesti na capital paraense Foto: Divulgação

Renata Taylor, secretária de Saúde da Antra e coordenadora do Gretta, destacou a relevância histórica da iniciativa. “Estamos muito satisfeitas com a criação deste ambulatório, especialmente por estarmos em um estado tão grande como o Pará. A ampliação dos serviços vai beneficiar uma grande população que atualmente enfrenta dificuldades para ter acesso a cuidados adequados. A presença do Sistema Único de Saúde nessa iniciativa é fundamental, pois garante acesso gratuito e de qualidade, algo que é raro em outros lugares do mundo”, enfatizou.

Integrante do Mohtpa, Arthur Souza ressaltou que o espaço representa uma esperança para a comunidade na capital paraense. “A parceria entre o município e o CHU-UFPA poderá abrir novas possibilidades e melhorar o atendimento para nós. Esperamos que as pessoas trans, além de utilizar os serviços, também possam contribuir enquanto profissionais, ajudando no avanço do Sistema Único de Saúde nessas pautas tão importantes”, sugeriu.

Por: Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh.