Abrigo da maior árvore da Amazônia, Floresta Estadual do Paru sofre com aumento do desmatamento

Avanço da destruição será um dos principais desafios do novo Conselho Gestor da unidade de conservação, que tomou posse nesta semana
Foto/assessoria

Terceira maior unidade de conservação de uso sustentável em uma floresta tropical no mundo e abrigo da maior árvore da Amazônia, a Floresta Estadual (Flota) do Paru está sob forte pressão de grileiros e garimpeiros. Localizada no Norte do Pará, a área foi a quinta unidade de conservação mais desmatada de todo o bioma em outubro. E barrar esse avanço da destruição será um dos principais desafios do novo conselho gestor do território, que tomou posse nesta semana.

Integrado de forma paritária por representantes do governo e da sociedade civil, o grupo tem papel consultivo na gestão da unidade, que é de responsabilidade Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio). Cabe aos conselheiros contribuir para o devido cumprimento do Plano de Manejo — documento que orienta os tipos de uso permitidos do território —, buscar a transparência na gestão da unidade e ajudar na divulgar e na valorização a área.

Além disso, principalmente nesse momento de grande pressão sobre o território, o conselho pode atuar no monitoramento da unidade, alertando a gestão sobre as novas ameaças. “Por isso, durante a renovação do grupo, realizamos uma capacitação para informar aos novos integrantes o que é o conselho, quais são as suas atribuições e o que ele pode demandar dos gestores. É importante que os novos conselheiros se sintam parte do território e ajudem a conservá-lo”, explica Regiane Villanova, pesquisadora do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e conselheira da Flota.

A posse do novo conselho gestor ocorreu em Monte Alegre, um dos cinco municípios que abrigam a unidade, junto a Alenquer, Almeirim, Prainha e Óbidos. O grupo é formado por 18 representantes e terá atuação até 2024. “A função do conselheiro é ver as demandas que existem na Flota e buscar um desenvolvimento realmente sustentável dentro da área”, enfatizou Sandra Moretti, conselheira da unidade e representante da Associação dos Trabalhadores Extrativistas do Médio Jari, que possui cerca de 350 castanheiros associados.

Representantes do Conselho Gestor – Foto: assessoria

Território ganhou repercussão internacional no mês passado

Em outubro, a Flota do Paru foi destaque em diversos veículos de comunicação nacionais e estrangeiros por abrigar a maior árvore da Amazônia. É um angelim- vermelho de 88,5 metros de altura, 9,9 metros de circunferência e aproximadamente 400 anos, que foi localizado durante uma expedição em setembro, que teve apoio do Imazon. Além disso, quando mantém a floresta em pé, a unidade de conservação contribui para a captura de gases do efeito estufa, que são responsáveis pelo aquecimento global. O território também é abrigo de diversas espécies endêmicas, aquelas que só existem em uma determinada região.

Por isso, a proteção à Flota é essencial não apenas para preservar a biodiversidade local, mas também para ajudar a barrar os fenômenos extremos provocados pelo aumento da temperatura do planeta. Entre eles estão secas, tempestades, ondas de calor e de frio. “A Flota do Paru, que conta com 3,6 milhões de hectares, tem uma importância mundial. Por isso, a renovação do conselho nos dá muita esperança. Temos problemas para enfrentar e estamos apostando nessa vontade de resolvê-los”, afirma Socorro Almeida, diretora de áreas protegidas do Ideflor-Bio.

Titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Almeirim, José Ribamar Moraes da Silva ressaltou que é importante pensar em ações conjuntas para o enfrentamento dos problemas. “A maior parte da Flota está localizada dentro do nosso município. É uma área que precisa ser protegida com projetos sustentáveis, que respeitem a legislação e o meio ambiente”, completa.

CONHEÇA O NOVO CONSELHO
Representantes da administração pública

  • Ronaldison Antônio de Oliveira Farias (tutilar) e Maria do Perpetuo Socorro Rodrigues Almeida (suplente), do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio);
  • Cleucivan Viana de Carvalho (titular) e Juarez Pantoja de Jesus (suplente), da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Monte Alegre;
  • Benedito Bentes Aragão (titular) e Antônio Willians P. Ferreira (suplente), da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Alenquer;
  • José Ribamar Moraes da Silva (titular) e Hellen Cristina Andrade dos Santos (suplente), da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Almeirim;
  • Ebson Mendes Barbosa (titular) e Rondicleias dos Santos Lima (suplente), da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Prainha;
  • Yago Estouco Rodriguês (titular) e Maitê Alves Guedes (suplente), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – Flona Mulata;
  • Francisco Carlos Carvalho de Lima (titular) e Alain Giorgio Baia Xavier (suplente), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Monte Alegre;
  • Marcella Costa Radael (titular) e Ivana Barbosa Veneza (suplente), da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa);
  • Iori Hussak van Velthem Like (titular) e Roberta Vicente Teixeira Montanha (suplente), da Fundação Nacional do Índio (Funai);
    Representantes da sociedade civil
  • Luís Paulo da Silva (titular) e Francisco de Macedo (suplente), da Associação do Assentamento da Serra Azul;
  • Aldemir Pereira da Cunha (titular) e Ataciley Ferreira Alves (suplente), da Associação dos Moradores Agroextrativistas das Comunidades Asmacuru;
  • Sonia Maria Varela Costa (titular) e Jorge Rafael Barbosa Almeida (suplente), Fundação Jari;
  • Itajury Henrique Sena Kishi (titular) e Ilivaldo Ranor Luz de Castro (suplente), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon);
  • Regiane Vilanova (titular) e Jakeline Ramos Pereira (suplente), do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agrícolas e Agricultoras Familiares de Monte Alegre;
  • Carlos Antônio Rocha da Silva (titular) e Maíza Pinto de Brito (suplente), da Associação Horto Florestal de Monte Alegre;
  • Izaías Batista dos Santos (titular) e Maria Sousa de Araújo (suplente), do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agrícolas e Agricultoras Familiares de Alenquer;
  • Japaita Waiapi (titular) e Sakyry Waiapi (suplente), do Conselho das Aldeias Wajãpi – Apima;
  • Eduardo Ribeiro Carvalho Pini (titular) e Sandra Morette Costa Silva (suplente), Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Médio Jari.

Por Martha Costa/assessoria