Cooperados dos territórios indígenas do Pará e Amazonas irão receber capacitação em boas práticas do cumaru
No período de 03 a 06 de novembro, o Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena, Cooperativa Mista dos Povos e Populações Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora) e Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) realizarão em Oriximiná, norte do Pará, uma capacitação voltada ao fortalecimento das cadeias produtivas no Território Wayamu, por meio das associações indígenas Associação das Mulheres Indígenas da Região do Município de Oriximiná (AMIRMO), Associação dos Povos Indígenas do Mapuera (APIM), Associação dos Povos Indígenas Trombetas Mapuera (APITMA), Associação Indígena Katxuyana, Tunayana e Kahyana – (AIKATUK) e Coordenação Geral dos Povos Hexkaryana (CGPH).
Nesta etapa de capacitações serão abordadas metodologias e técnicas para as boas práticas do cumaru, visando o melhor aproveitamento deste importante produto da sociobiodiversidade Amazônica. “Esse ano a gente conseguiu uma safra recorde de castanha, estamos apoiando também outros produtos para comercialização como o cumaru, copaíba; a gente está apoiando o processo formativo, trabalhando para fortalecer cada dia mais essa cooperação em rede, mantendo claras as especificidades de cada grupo”, enfatizou Manuella Sousa, coordenadora do Iepé em Oriximiná.
Desde 2021 o Iepé está trabalhando em parceria com a Coopaflora e Imaflora buscando apoiar as cadeias produtivas dos indígenas do município de Oriximiná e Nhamundá. “A gente tá num processo de ampliação de rede junto à Coopaflora, para que eles comercializem alguns produtos indígenas, e para que começem a exercer mais essa governança pensando no fortalecimento da geração de renda dentro dos territórios”, enfatizou.
O cumaru é hoje um dos principais produtos da sociobiodiversidade da Amazônia, sua amêndoa possui um alto valor comercial devido a diversidade de uso que vai desde a indústria cosmética, fins medicinais até a setor gastronômico, onde é chamado de baunilha da Amazônia. “Hoje são aproximadamente mais de 100 famílias que sobrevivem com a renda da venda do cumaru, são 10 entrepostos que ficam divididos nos territórios quilombolas, indígenas e áreas de assentados e graças aos entrepostos a gente consegue agilizar a compra diretamente dos cooperados. Para os comunitários isso é segurança de ter seu produto pago na hora, com preço justo”, enfatizou Maria Daiana Figueirdo da Silva, presidente da Coopaflora.
Em Oriximiná, a Coopaflora, em parceria com o Iepé e Imaflora estão cada vez mais apostando em capacitações voltadas para a melhoria no processo de coleta, secagem e armazenamento da amêndoa. “A gente percebe a evolução contínua nos processos de valoração dos produtos da sociobiodiversidade e valorização das atividades extrativistas. Desde 2020 estamos usando secadores artesanais construídos na comunidades pelos envolvidos neste processo e isso permite um controle de qualidade sobre a produção a centralização das informações relativas à rastreabilidade do produto, que permite agregação de valor na comercialização destes junto às empresas que se preocupam em manter parcerias comerciais diferenciadas junto aos povos e populações tradicionais”, ressaltou Jonas Gebara, coordenador de projetos do Imaflora.
Nesta capacitação estarão presentes indígenas das Unidades Territoriais Mapuera, Trombetas-Cachorro-Turuni e Nhamundá-Baixo Jatapú, que compõem o Território Wayamu, além de cooperados quilombolas e assentados. “Em cada safra a gente busca realizar as capacitações. Tivemos da castanha, da copaíba e do cumaru que agora retorna neste novo ciclo direcionado para os entrepostos quilombolas, indígenas e assentados, ao todo serão 35 participantes que estão divididos nos entrepostos dos municípios de Oriximiná, Alenquer e Nhamundá”, finalizou a presidente.
Colaborou: Martha Costa/assessoria