Comunitários do entorno da Flota Trombetas participaram do 3° módulo do curso de formação de agentes ambientais comunitários

A programação foi realizada na Base de fiscalização da comunidade de Jamaracaru, há 150km de distância do centro de Óbidos, na região da Calha Norte do Pará.

Por: Martha Costa

O projeto “O Uso das Geotecnologias no apoio à Gestão do Produtos da Sociobiodiversidade e Proteção Territorial” entrou em seu terceiro módulo neste final do mês de agosto. As capacitações, que tiveram início em junho de 2022, com capacitações voltadas ao uso do Sistema de Posicionamento Global (GPS) e em documentos oficias, também realizou capacitações sobre o uso de drone para fiscalização ambiental. Já neste terceiro módulo, que foi realizado no período de 23 a 25 de agosto, na base da fiscalização da Floresta Estadual Trombetas, na comunidade de Jamaracaru, distante em média 3h por via terrestre saindo do centro da cidade de Óbidos, na Calha norte do Pará, a capacitação teve como foco o combate à incêndio, resgate de vítimas e primeiros socorros.

Em cada módulo extrativistas que trabalham com a coleta de produtos da sociobiodiversidade dentro da Unidade de Conservação de Uso Sustentável, técnicos da Secretaria de Meio Ambiente de Óbidos, Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-bio) e militares da 1ª Companhia de Policiamento Ambiental do Estado do Pará recebem capacitações sobre temas voltados à proteção territorial. “O nosso trabalho tem muito a ver com o combate a todo tipo de ilícito ambiental e o incêndio florestal não fica de fora, uma vez que a gente pode se deparar com focos de incêndio e com o conhecimento a gente já é capaz de eliminar esse foco de incêndio”, declarou o soldado Railson Oliveira Batista da 1ª Companhia de Policiamento Ambiental do Estado do Pará.

Neste 3° módulos os participantes receberam instruções teórico e prático sobre noções de combate incêndio floresta e primeiros socorros. “A gente recebeu esse convite para dar instruções teóricas e práticas de brigada de incêndio florestal, transporte de acidentados e primeiros socorros, nós trabalhamos a questão dos materiais, equipamentos e acessórios que são usados propriamente no combate ao incêndio florestal, técnica e táticas de combate ao incêndio, organização de pessoal entre outras situações”, frisou o Sargento Sebastião Junior, 4º GBM.

A capacitação buscou repassar aos extrativistas, que passam em média de 15 dias há 2 meses dentro da UC realizando a coleta dos produtos da sociobiodiversidade, orientações sobre primeiros socorros, remoção de vítimas e reanimação. “Nós trouxemos técnicas de primeiros socorros para que eles possam utilizar no campo, em caso de incêndio florestal, ou na vida doméstica. Eles passaram pelo treinamento de RCP (ressuscitação cardiopulmonar) foram feitas várias demonstrações, inclusive conseguiram alcançar a média e eficácia para fazer massagem respiratória em uma pessoa que esteja com problemas dentro da floresta, retirada rápida de uma pessoa com mal subido e como fazer atendimento em caso de queimadas, imobilização de fraturas, maca improvisada e retirada de local em perigo iminente”, explicou o sargento Helisson Cley do 4º GBM.

A pesquisadora do Instituto do Homem e Meio Ambienta da Amazônia (Imazon), Jakeline Pereira, ressaltou a importância desta capacitação aos moradores do entorno da Flota Trombetas. “Essa atividade é muito importante porque além da vegetação de floresta ombrófila densa nós temos uma vegetação singular que nós chamamos de savana, essa é uma vegetação natural, mais seca, rasteira e com as mudanças climáticas essa vegetação está ficando mais suscetível ao fogo, essa área já pegou fogo anos atrás, e ela está cada vez mais seca, e isso torna essa área muito vulnerável, então as comunidades que estão ao redor da Unidade de Conservação são as primeiras a chegar nestes locais quando isso acontece, então essa capacitação está trazendo essas noções para essas comunidades para que elas possam atuar na conservação e ao mesmo protege-la”, complementou.

O projeto “O Uso das Geotecnologias no apoio à Gestão do Produtos da Sociobiodiversidade e Proteção Territorial” é uma realização da Associação dos Moradores da Comunidade de Jamaracaru e Região (Acaje) com recursos financeiros, terá duração de 18 meses do Fundo Lira, por meio do Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê) e parceria da Prefeitura de Óbidos, Imazon e Ideflor-Bio. “Esse é o terceiro modulo em parceria com o projeto Lira, nossa proposta a que a gente possa atuar como agentes ambientais da comunidade. Em 2014 teve um grande incêndio e a gente perdeu muito dos nossos castanhais, cumaru e por isso nós optamos por essa capacitação para que a gente possa combater o incêndio caso venha ocorrer”, finalizou Romário Sampaio, presidente da Acaje.

Sobre o Projeto LIRA

O Projeto LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica chama atenção para a relevância das Áreas Protegidas na conservação da Amazônia. As áreas protegidas são a base para o presente e garantem o futuro deste bioma, promovendo os ativos naturais do Brasil e a sabedoria ancestral dos povos da floresta. Para isso, a iniciativa idealizada pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, apoia organizações brasileiras locais que possam desenvolver trabalhos para a consolidação dessas áreas. As organizações foram selecionadas via edital e trabalham como uma rede, gerando benefícios para a Amazônia em cerca de 80 milhões de hectares da Amazônia, em 43 Terras Indígenas e 43 Unidades de Conservação de 5 estados – uma área que corresponde a 3 estados de São Paulo.
Com o projeto, é possível que as organizações realizem atividades importantes para a consolidação das Áreas Protegidas da Amazônia: o desenvolvimento de planos de gestão territorial e ambiental (PGTA) ou de manejo; a criação e implementação de mecanismos de governança; o uso sustentado dos recursos naturais; os sistemas de monitoramento e proteção; a integração com desenvolvimento regional; e a sustentabilidade financeira dessas áreas. Com ações complementares, o projeto busca ainda ampliar a geração de emprego nas localidades, melhorar a qualidade de vida da população e promover o desenvolvimento territorial aliado à conservação do meio ambiente. A iniciativa conta também com ações de capacitação (cursos, visitas técnicas e intercâmbios), de integração e de difusão de conhecimento e elaboração de um plano de promoção socioambiental para as regiões atendidas.
O LIRA é apoiado por recursos do Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore, que são distribuídos pelo projeto às Organizações da Sociedade Civil. O projeto conta com metas, gestão e prestação de contas monitorados pelos financiadores e auditorias externas, garantindo a transparência do processo.
lira,ipe.org,br

Sobre o IPÊ

O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas é uma organização brasileira sem fins lucrativos que trabalha pela conservação da biodiversidade do país, por meio de ciência, educação e negócios sustentáveis. Fundado em 1992, tem sede em Nazaré Paulista/SP, onde também fica o seu centro de educação, a ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade.
Presente nos biomas Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal e Cerrado, o Instituto realiza cerca de 30 projetos ao ano, aplicando o Modelo IPÊ de Conservação, que envolve pesquisa científica, educação ambiental, conservação de habitats, envolvimento comunitário, conservação da paisagem e apoio à construção de políticas públicas. Além de projetos locais, o Instituto também desenvolve trabalhos em diversas regiões, seguindo os temas Áreas Protegidas, Áreas Urbanas e Pesquisa & Desenvolvimento (Capital Natural e Biodiversidade).
Para o desenvolvimento dos projetos socioambientais, o IPÊ conta com parceiros de todos os setores e trabalha como articulador em frentes que promovem o engajamento e o fortalecimento mútuo entre organizações socioambientais, iniciativa privada e instituições governamentais.
www.ipe.org.br

Sobre o Fundo Amazônia

Gerido pelo BNDES, em coordenação com o Ministério do Meio Ambiente, o Fundo Amazônia é considerado o principal mecanismo internacional de pagamentos por resultados de REDD+ (redução de emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal).
Até o final de 2019, o Fundo havia desembolsado R$ 1,17 bilhão, em mais de uma centena de projetos com órgãos públicos estaduais e federais, universidades, corpos de bombeiros florestais militares, e instituições da sociedade civil, contribuindo para a melhoria de vida da população da Amazônia e para conservação de seus recursos naturais.
fundoamazonia.gov.br

Sobre a Fundação Gordon e Betty Moore
A Fundação Gordon e Betty Moore é uma fundação sem fins lucrativos que busca criar resultados positivos para as gerações futuras. Em busca dessa visão, a fundação promove descobertas científicas inovadoras e conservação ambiental, incluindo um bioma amazônico funcional para a natureza e a sociedade.
www.moore.org/