Dois casos vieram à tona em Belém após fotos e vídeos serem compartilhados em massa nas redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas. A divulgação das cenas pode ser perigosa, segundo especialistas
Na semana passada, dois casos de suicídio em Belém vieram à tona por meio das redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas, levantado uma série de reflexões, entre elas, o motivo no qual a imprensa não noticiou as ocorrências e os riscos do compartilhamento de vídeos e fotos das vítimas na intenet. Algumas entidades como o Centro de Valorização da Vida (CVV) defendem que o problema de saúde pública seja abordado com responsabilidade por veículos de comunicação a partir das diretrizes do Manual para Profissionais da Mídia, da Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Manuais de redação de grandes empresas jornalísticas brasileiras proíbem que seja dada visibilidade aos casos de suicídio. Há uma espécie de acordo extra-oficial da imprensa, sem registros de quando começou, que determina a exclusão dos atos suicidas dos noticiários. No Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros o tema não é abordado diretamente, porém, no artigo 11, é determinado que o jornalista não divulgue informações de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes.
O assunto já foi considerado um tabu para os veículos de comunicação. Campanhas como Setembro Amarelo, dedicada à conscientização da prevenção ao suicídio, são pautadas pela imprensa no Brasil. Luiza Montenegro, voluntária do CVV – associação civil sem fins lucrativos, que presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio -, afirma que a sociedade precisa saber da existência do problema para que as soluções sejam encontradas.
“A própria OMS possui um manual para profissionais da mídia, onde é mostrado que uma abordagem correta, não sensacionalista, sem descrever métodos, o local no qual ocorreu o ato suicida, pode ajudar a prevenir o suicídio. Portanto, a imprensa tem papel fundamental quando informa como encontrar ajuda, redes de apoio como o CVV, atendimentos gratuitos e outros serviços”, disse Luiza Montenegro.
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Compartilhar imagens das vítimas de suicídio pode influenciar outras pessoas
Estudos alertam que dar visibilidade para casos de suicídio pode influenciar outras pessoas a fazer o mesmo. As pesquisas indicam que em algumas situações pode ocorrer o chamado efeito “copycat”, ou seja, de imitação da prática, fazendo com que vários episódios semelhantes ocorram por causa da divulgação. Fotos e vídeos das duas ocorrências foram compartilhadas em massa na internet. Para Luiza Montenegro, a sociedade precisa ter consciência do que compartilha nas redes sociais e aplicativos de conversa.
“Essa é uma situação complicada. As pessoas precisam ter conhecimento dos riscos que é compartilhar essas imagens. Quando você amplia esses casos, o sofrimento das pessoas, os métodos que elas utilizaram, tudo isso pode influenciar quem também está passando por um problema desse tipo. É preciso ter responsabilidade com o que postamos nas redes ou compartilhando entre amigos”, afirmou a voluntária do CVV.
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Saiba onde encontrar ajuda
No Pará, além de diversos CAPS instalados em todos os municípios das 13 Regiões de Saúde, a população conta com seis CAPSs, que estão sob a gestão estadual, localizados em Belém (Região Metropolitana) e Santarém (região Oeste):
- CAPS Icoaraci (Caps I): Rua Monsenhor Azevedo, 237 (entre Passagem Maguari e Lopo de Castro), Campina de Icoaraci, Telefone: (91) 3227-9137. E-mail: capsicoaraci@ibete.com.br
- CAPS Amazônia (CAPS I): Passagem Dalva, 377, bairro Marambaia, telefone: 3231-2599/ 3238-0511, E-mail: capsam.sespa@outlook.com
- CAPS Renascer (CAPS III): Travessa Mauriti, 2179, entre avenidas Duque de Caxias e Visconde de Inhaúma, bairro Pedreira, telefone: (91) 3276-3448. E-mail: capsrenascer@yahoo.com.br
- CAPS Grão-Pará (Caps III): Rua dos Tamoios, 1840, Batista Campos, telefone: (91) 3269-6732. E-mail: capsgraopara@yahoo.com.br
- CAPS Marajoara (CAPS ad III): Conjunto Cohab, Gleba I, WE-2, 451- Nova Marambaia, telefone: (91) 32360399, E-mail: capsmarajoara@gmail.com
- CAPS Santarém (CAPS ad III): Travessa Dom Amando, Santa Clara, Santarém, telefone: (93) 3523-1939
Pessoas que sofrem com depressão e não conseguem buscar ajuda de profissional de saúde ou, mesmo aquelas com risco de suicídio, podem ainda buscar apoio em conversas com os voluntários do Centro de Valorização da Vida (CVV), em parceria com o SUS (Sistema Único de Saúde), pelo número 188. Por esse canal de comunicação, os cidadãos recebem apoio em momentos de crise.
Em casos de emergência, a população deve recorrer ao Samu 192, às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Pronto-Socorros.
Fonte: O Liberal