Caso foi na cidade de Vigia. Dois marinheiros entraram com duas adolescentes no motel. Uma foi baleada na boca e está internada com quadro grave de saúde. Um militar foi preso e outro está sendo procurado.
O motel “Chamego” em Vigia, nordeste do Pará, divulgou uma nota neste sábado (23) sobre o caso das adolescentes levadas por dois marinheiros ao local na última quinta-feira, feriado de Tiradentes. Segundo a direção do motel, os marinheiros burlaram o controle de acesso para entrarem com as duas menores de idade.
Uma das adolescentes foi baleada na boca dentro do estabelecimento. Ela está internada em estado grave de saúde – veja mais detalhes abaixo.
Segundo a nota do motel, o estabelecimento “resguarda a manutenção da legislação vigente para proibir a entrada de menores de idade no recinto” e atribui a entrada das adolescentes a “pessoas más intencionadas que burlam o controle de acesso e que foge no ordinário à possibilidade de controle pelo estabelecimento comercial”.
Sobre as investigações, o motel disse que “não teve acesso ao inquérito policial, pois ainda está em fase de investigação, pendente de conclusão pela autoridade competente” e que “quando solicitado compareceu até a delegacia de Vigia para prestar esclarecimentos, momento em que se comprometeu em prestar depoimento quando intimado em juízo”.
O estabelecimento afirmou também que “enfatiza seu compromisso em colaborar para que toda a situação seja esclarecida e julgada nos termos legais”.
O caso foi registrado como crime de lesão corporal culposa, quando não há a intenção de atentar contra a integridade ou a saúde da vítima. A prefeitura nem a Polícia citaram o motel como alvo de apurações.
Neste sábado, a Polícia Civil disse que diligências estão sendo feitas para apurar as circunstâncias do caso e ouvir os envolvidos, que Gabriel Lobo segue preso e que o outro envolvido foi intimado para ser ouvido nos próximos dias, mas ele continua sendo procurado.
Adolescente é baleada em Motel no Pará. — Foto: Reprodução / TV Liberal
Estado de saúde
A adolescente de 15 anos, baleada dentro na boca pelo militar Gabriel Norberto de Almeida Lobo, da Marinha, segue internada na Hospital de Urgência e Emergência, na região metropolitana de Belém. O estado de saúde dela é considerado grave.
Ela está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e passa por nova cirurgia neste sábado (23), segundo a família. Já o militar segue preso no Comando do 4º Distrito Naval, em Belém.
Ainda de acordo com a família, o procedimento no hospital inclui a retirada do projétil de arma de fogo, que está alocado próximo à coluna vertebral. Ela já havia passado por duas cirurgias na coluna cervical. A equipe médica disse estar otimista devido às resposta ao tratamento.
O padrasto da vítima disse que o militar era conhecido na cidade e que ele colocou a arma dentro da boca da enteada, quando atirou.
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Adolescente ferida por tiro em motel segue internada; veja entrevista com familiar dela
“Ela (a adolescente baleada) conseguiu falar no Hospital de vigia, ao médico de plantão, que ela foi baleada pelo Gabriel. Já Metropolitano, ela disse que o Gabriel colocou a arma dentro da boca dela, e efetuou o disparo“.
Uma audiência virtual, realizada neste sábado, definiu se o marinheiro permanecia ou não na prisão.
A defesa de Gabriel Lobo obteve uma medida provisória, mas somente após pagamento de fiança no valor de R$60.600, ele poderá ser liberado e responder em liberdade, com uso de tornozeleira eletrônica, entre outras medidas restritivas.
Já o outro suspeito, também militar da Marinha e que seria dono da arma usada no crime, continua foragido. A identidade dele não foi confirmada pelas autoridades.
Entenda o caso
O crime foi na noite do feriado de Tiradentes, na quinta-feira (21), e teria sido motivado após a vítima ter recusado tirar a roupa e manter relações sexuais. Ela foi baleada no rosto, na frente de uma outra adolescente, de 14 anos.
A Polícia Civil confirmou que o autor do disparo é Gabriel Norberto de Almeida Lobo. Ele foi autuado em flagrante e permanece preso em Unidade Militar à disposição da Justiça, até pagamento de fiança. Ele estava a serviço da Marinha na cidade de Vigia.
Segundo as investigações iniciais, o marinheiro estava com outro agente da Marinha na cidade e ofereceu carona para a vítima, que foi levada ao motel. No local, ela se recusou relações sexuais. Familiares dela e a Polícia foram chamados ao local.
Ferida, a adolescente foi internada no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência em Ananindeua, na região metropolitana de Belém. Ela passou por três cirurgias, até então, com estado de saúde considerado grave.
Segundo Delduque Thiago, advogado do marinheiro preso, Gabriel não sabia que as adolescentes eram menores de idade.
“Quando estava no motel, com essas jovens, ocorreu um disparo acidental de arma de fogo. Uma arma que não era do Gabriel. Ao que parece, ele foi manusear alguma outra coisa, em cima de um balcão, e acabou esbarrando na arma, que disparou. O serviço militar do Gabriel não é armado e ele não possui porte de arma. Pelo que eu percebi, essa arma era do outro militar”, afirma Delduque Thiago.
Por telefone, a prefeitura de Vigia disse que o órgão de assistência social do município já está em contato e presta apoio às famílias das duas adolescentes.
A Prefeitura Municipal de Vigia de Nazaré informou que está em contato com a família da adolescente que foi baleada, para proporcionar atendimento psicossocial para a vítima e familiares. O Centro de Referência especializada da Assistência Social de Vigia também realizou atendimento psicossocial com a família da outra adolescente, que estava com a vítima no local do acidente.
Em nota, a Marinha do Brasil (MB) disse que tomou conhecimento de disparo de arma de fogo particular envolvendo dois militares, em Vigia, E confirmou que uma pessoa ficou ferida e foi encaminhada para unidade de saúde, sem citar que se tratava de uma adolescente.
Segundo a corporação, o militar, que realizou o disparo, foi preso em flagrante pela Polícia e deve responder pelos atos perante a Justiça.
“A MB lamenta o ocorrido e reitera seu firme repúdio a condutas e atos ilegais que atentem contra a vida e a honra, além dos princípios militares” e “reforça, ainda, que não tolera tal comportamento e que irá colaborar com os órgãos responsáveis pela investigação”, afirma.
Fonte: g1 Pará