Conheça os prováveis candidatos à Presidência da República

Pelo menos onze políticos querem disputar o cargo mais alto do País próximo ano
Estratégias foram antecipadas e alguns possíveis candidatos já realizam discurso em tom de campanha (Divulgação)

As movimentações políticas com vistas às eleições presidenciais de 2022 ganharam força na última semana, com a filiação do ex-ministro e ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, ao Podemos, e tendem a esquentar ainda mais até o fim deste ano, com as definições dos nomes que devem entrar na disputa por partidos com mais representatividade, como o PSDB, que tem prévias marcadas para o dia 21 de novembro.

Mesmo faltando menos de um ano para o pleito e a oito meses do período oficial de registro de candidaturas na Justiça Eleitoral, as principais apostas no cenário político atual já discursam em tom de campanha, com opiniões e sugestões do que consideram o melhor para o Brasil e provocações a possíveis futuros adversários na corrida eleitoral.

Jair Bolsonaro (Fabio Rodrigues Pozzebom /Agência Brasil)

Nesse panorama está o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que despertam o clima de polarização política na população brasileira. O primeiro, ao surgir como a principal alternativa anti-Lula e contra o PT, que estava com a imagem desgastada principalmente em razão da operação Lava Jato, venceu a eleição em 2018 praticamente sem tempo de televisão e com pouco apoio político. Quase quatro anos depois, se tentar a reeleição, terá sua gestão e postura como presidente colocadas à prova.

O ex-presidente foi condenado pela segunda vez pela Lava Jato na última quarta-feira, 6Lula (Wilton Júnior/ Agência Estado)

Já Lula, liberado da prisão em 2019, após nova interpretação do Supremo Tribunal Federal (STF), proibindo a prisão imediatamente após condenação em 2ª Instância, ressurge como o principal nome da esquerda, impulsionado por outra decisão do Supremo que declarou parcial o ex-juiz Sergio Moro na condenação do petista no caso do triplex no Guarujá. Por outro lado, ainda enfrenta resistência de grande parcela da população e terá que responder, em uma eventual disputa, sobre os erros cometidos durante a gestão do PT.

Sergio Moro (Reprodução)

Sergio Moro

Em meio a essa polarização, vários nomes se lançam como ‘terceira via’, entre eles, o próprio Moro, ex-ministro de Jair Bolsonaro, que se filiou ao Podemos na última semana. “Chega de corrupção, chega de mensalão, chega de petrolão, chega de rachadinha, chega de orçamento secreto”, disse, na ocasião, em um recado claro aos adversários políticos. Ele saiu do governo acusando o presidente de tentar interferir na PF. Bolsonaro, por sua vez, acusa o antigo ministro de condicionar troca na PF por indicação ao Supremo.Ciro Gomes (Cristino Martins / Arquivo O Liberal)

Ciro Gomes

A entrada do ex-juiz da Lava Jato na política ainda gera críticas e desconfiança de grande parte da população, mas já incomoda outros candidatos que se apresentam como alternativa a Lula e Bolsonaro. “A candidatura de Moro só vai agravar sua crise de identidade. Ele vivia disfarçado de juiz e agora quer se disfarçar de político para resolver suas enormes contradições. Nenhuma das vestes lhe cabe”, provocou pelo Twitter Ciro Gomes, pré-candidato do PDT. O ex-governador do Ceará, que também não poupa críticas a Lula e ao atual presidente, chegou a “suspender” a candidatura após deputados do PDT apoiarem a Proposta de Emenda à Constituição que prevê a limitação anual de gastos do governo federal com precatórios. Ele voltou atrás na última semana, depois que a bancada do partido recuou e votou contra a PEC na apreciação em 2º turno.Alessandro Vieira (Pedro França/Agência Senado)

Alessandro Vieira

Outro possível candidato que reagiu à chegada de Moro no cenário político foi o senador Alessandro Vieira (Cidadania). Em entrevista ao Portal UOL, ele criticou projetos personalistas e defendeu que, no início do ano que vem, haja um consenso em torno do nome mais bem colocado na terceira via. Afirmou também que, mesmo com a entrada de Sergio Moro na disputa eleitoral, sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto está mantida.https://ce2036b9a9b901928f22c30d5a845982.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.htmlEduardo Leite, Arthur Virgílio e João Doria (Divulgação)

PSDB

O ex-senador e ex-prefeito de Manaus por três mandatos, Arthur Virgílio, o atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o governador de São Paulo, João Doria, também almejam chegar ao cargo mais alto no Executivo Federal. Para isso, precisam primeiro vencer a disputa no ninho tucano – as prévias para escolha do rosto do PSDB nas eleições presidenciais do próximo ano estão marcadas para o dia 21 deste mês. Enquanto Virgílio realiza uma campanha mais discreta, Leite e Doria trocam farpas e percorrem o país acompanhados de outros grandes nomes do partido.Simone Tebet (Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Simone Tebet

A cúpula do MDB decidiu lançar a senadora Simone Tebet (MS) como pré-candidata à sucessão do presidente Jair Bolsonaro. Até agora ela é a única mulher a surgir na disputa, mas também existe a possibilidade de ela ser candidata a vice em uma chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, João Doria, caso o tucano vença a prévia do PSDB.Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em entrevista coletivaLuiz Henrique Mandetta (Adriano Machado / Reuters)

Mandetta

O ex-ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, deixou a pasta por discordar das ações do presidente na condução da pandemia. Ainda com projeção e popularidade para se lançar como opção em 2022, aguarda uma posição do seu partido, o DEM (que anunciou fusão com o PSL). Ele é um dos poucos cotados que admite a possibilidade de não encabeçar uma chapa presidencial.Rodrigo Pacheco (Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

Rodrigo Pacheco

Outro que vem sendo cortejado para entrar na disputa é o Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, que se filiou ao Partido Social Democrático (PSD) durante um evento no qual discursou como candidato a presidente. Assim como Mandetta, ele é tratado como nome possível para encabeçar ou mesmo dividir uma chapa presidencialLuiz Felipe d’Avila (Reprodução / TV Cultura)

Luiz Felipe d’Avila

Após a desistência de João Amoedo de tentar o Palácio do Planalto novamente, o partido Novo anunciou o cientista político Luiz Felipe d’Avila como pré-candidato da sigla, que também busca concorrer como uma opção contra os extremos populistas.

Quem é quem

Alessandro Vieira (Cidadania): Aos 46 anos, o senador e ex-delegado ganhou maior visibilidade durante a comissão que investigou atos e omissões do governo Jair Bolsonaro ao longo da pandemia de covid-19, a chamada CPI da Pandemia. Defensor da Operação Lava Jato e representante dos movimentos de renovação política, se apresenta como um candidato capaz de combater a corrupção e também se opõe a Lula e a Bolsonaro.

Ciro Gomes (PDT): Tem 63 anos. Foi deputado estadual, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará, Ministro da Fazenda e Ministro da Integração Nacional. Ficou em terceiro lugar na última corrida à Presidência, em 2018, e caminha para disputar sua quarta eleição presidencial em 2022.

Eduardo Leite (PSDB): Mais novo dos pré-candidatos, Eduardo Leite tem 36 anos e atualmente governa o Rio Grande do Sul. Já foi prefeito de Pelotas entre 2013 e 2016, secretário municipal, vereador e presidente da Câmara Municipal na mesma cidade. Tem como obstáculo para entrar na disputa à Presidência o governador João Doria e o ex-senador Arthur Virgílio, que tentam ser o nome do PSDB nas eleições.

Jair Bolsonaro (sem partido): Atual presidente, deve tentar a reeleição. O partido mais cotado para abrigar o chefe do Executivo é o PL – a expectativa é de que ele assine a ficha de filiação no dia 22, segundo informações da própria sigla. Tem 66 anos e precisa recuperar votos perdidos de eleitores insatisfeitos com governo ou que passaram a confiar em outros nomes fortes com discurso ligado ao antipetismo, com o ex-ministro Sérgio Moro.  Já foi vereador no Rio e deputado federal por quase 30 anos. 

João Doria (PSDB): O empresário e jornalista tem 63 anos e é o atual governador do Estado de São Paulo. Entrou na vida pública em 2016, após vencer uma batalha no ninho tucano. Enfrenta outra, disputando as prévias do partido para ser o nome da sigla nas eleições 2022. 

Luiz Felipe d’Avila (Novo): É cientista político e não tem experiência na vida pública. Está com 58 anos e foi coordenador do programa de governo do então candidato Geraldo Alckmin (PSDB), em 2018. Defende o liberalismo econômico e privatizações como forma de tirar o Brasil da crise.

Luiz Henrique Mandetta (DEM): Médico, foi ministro da Saúde no governo de Jair Bolsonaro, entre 1º de janeiro de 2019 e 16 de abril de 2020, e deputado federal por Mato Grosso do Sul por dois mandatos. Tem 56 anos e saiu do governo por discordar das ações de Jair Bolsonaro na condução da pandemia. Espera uma posição do DEM sobre a possível candidatura.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT):  Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, foi líder sindical e governou o país durante dois mandatos, dos anos de 2003 a 2011. Tem 76 anos. Em abril de 2018, foi preso dentro da operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro. Voltou ao jogo eleitoral depois que a Justiça anulou as condenações.

Rodrigo Pacheco (PSD): Atual presidente do Senado, tem 44 anos e curta carreira política, mas conseguiu o apoio dos bolsonaristas para presidir o Senado. Apesar disso, consegue se descolar do governo, especialmente quando sua gestão é comparada à do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Sérgio Moro (Podemos): Tem 49 anos e ganhou projeção nacional ao julgar os processos da operação Lava Jato. Deixou o cargo de juiz para assumir a função de ministro da Justiça durante o governo de Jair Bolsonaro. Saiu 15 meses depois acusando o presidente de tentar interferir na Polícia Federal.

Simone Tebet (MDB): Tem 51 anos, é senadora e a única mulher de olho na Presidência até agora. Foi deputada estadual do Mato Grosso do Sul, prefeita de Três Lagoas (MS) e vice-governadora do Estado.  Filha de Ramez Tebet, que foi senador e presidente do Congresso, conhece bem os corredores da política.

Fonte: O Liberal