“Festival CineAlter e o desenvolvimento do audiovisual no Oeste do Pará” foi o tema do evento que divulgou e fortaleceu o apoio de parceiros do poder público ao Festival, que visa colaborar com o crescimento da produção cultural e da movimentação turística na região.
O movimento sociocultural do cinema e o audiovisual que tem Alter do Chão como palco principal foi pauta da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).
A audiência pública ocorreu na última terça-feira (14/09) solicitada pelos deputados Airton Faleiro (PT-PA), Alice Portugal (PCdoB-BA), Lídice da Mata (PSB-BA) e Alexandre Padilha (PT-SP). O objetivo foi debater sobre a importância da realização do CineAlter e o desenvolvimento do setor audiovisual do oeste do estado do Pará.
Raphael Ribeiro, coordenador do Instituto Território das Artes (ITA) e responsável pela realização do evento, falou da expectativa em torno do CineAlter.“Nós teremos várias atividades durante cinco dias de exibições de cinema em Alter do Chão, algumas exibições nessa região mais central de Santarém. Já passamos de 500 inscrições e temos filmes relevantes, que trazem abordagens, temáticas importantes para o debate em um festival de cinema, produções de pelo menos 12 países da América-Latina”, pontuou.
“O audiovisual em Alter do Chão não se propõe apenas em realizar um evento por ano. Porque só a realização de um evento desse já ajuda muito a socioeconomia da região (…) mas a proposta é mais profunda. A proposta é criar musculatura local, tanto para gerir eventos como este, como também para ser um centro de produção audiovisual”, destacou o deputado Airton Faleiro na abertura da audiência pública.
Os videoclipes “Borari” do grupo de mulheres indígenas as Karuana do grupo Suraras do Tapajós, “Guerreira Surara” abrilhantaram a audiência. Filmados no território borari em Alter do Chão são duas das diversas produções audiovisuais que divulgam a história, cultura e narrativas dos povos amazônicos.
“A Amazônia é essa experiência de uma nova governança e quando essa articulação linda que acontece em Santarém, finca as suas raízes em Alter do Chão, ela fala para o mundo sobre a possibilidade um festival, que discute não só a formação profissional de uma imensa cadeia produtiva ligada ao audiovisual, da fruição da produção audiovisual filmada, escrita e narrada na Amazônia”, pontuou a Secretária de Estado de Cultura do Pará, Úrsula Vidal, uma das convidadas da audiência pública, que também contou com a participação da Presidenta da Associação Iwipiranga do povo Borari de Alter do Chão, Jecilane Borari e o Pró-reitor de Cultura, Comunidade e Extensão da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Marcos Prado.
A atriz e cineasta Lucélia Santos, embaixadora do CineAlter 2021 participou de forma remota e falou sobre a importância da realização de festivais de cinema. “Por que defender a ideia de um festival de cinema em Alter do Chão no Pará? Porque o cinema reúne pessoas incríveis e é uma forma de comunicação imediata. E, leva adiante, as nossas ideias e nossos princípios”, ela pontuou.
Entre os convidados da região oeste do Pará, o diretor-executivo da Associação de Teatro de Santarém (ATAS), Janderson Teixeira, ressaltou a importância do festival para os moradores da região. “O CineAlter é uma construção histórica. É um momento de fortalecer a nossa cultura local, momento de fortalecer os nossos fazedores de cultura e este festival é importante porque nasce de todo um desejo”, ressaltou.
No final da audiência, o deputado Airton Faleiro fez um breve esclarecimento sobre o fato de dois eventos de cinema na Vila de Alter do Chão acontecerem em 2021. “Existe o CineAlter, que irá se realizar e existe um outro processo em curso, que irá se realizar chamado Festival de Cinema de Alter do Chão. O que aconteceu? Sinceramente, foi assim: Como eu disse, nós pensamos esse projeto, discutimos com a comunidade e convidamos uma produtora, chamada Krioca, que tem como seu líder, o Locca Faria (…) para realizar junto conosco a primeira edição. Fizemos a primeira edição. Depois veio a Covid e ele tocou uma outra edição, sem a participação da comunidade. Quando acabou eu fiz uma outra audiência pública de avaliação do festival e as organizações locais manifestaram o desejo de continuar com o festival, mas não tinham o interesse em continuar trabalhando com a produtora. Eles argumentaram que o projeto inicial era o fortalecimento da produção local, e eles não sentiam que dar continuidade daquela forma, iria fortalecer (…) os fazedores de cultura da comunidade tocaram o projeto da edição de 2021 e, quando foi efetivado, descobriu-se que a carioca havia registrado a marca (…) considero que essa disputa de propriedade intelectual será uma briga judicial, uma briga jurídica.(…) este mandato está apoiando o festival original, organizado pela população local”.
O CineAlter irá acontecer entre os dias 19 e 23 de Novembro deste ano, com exibição de mais de 50 filmes, entre longas e curtas metragens, regionais, nacionais e latino-americanos, priorizando um recorte identitário e territorial e distribuídos em uma mostra competitivas e quatro paralelas. Os vencedores de melhor longa e melhor curta serão agraciados com o Troféu Muiraquitã. Será uma edição híbrida, com exibições totalmente online para todo território brasileiro e o exterior e uma programação presencial na Vila de Alter do Chão e em Santarém. O evento será gratuito em ambos os formatos.
As inscrições estão abertas através do site www.cinealter.com
Karina Almeida/Assessoria