Comitiva do Estado conhece obras da primeira grande refinaria de ouro do Pará

O refino da produção de ouro em território paraense terá impactos em vários setores, como a produção de joias artesanais
O presidente da North Star, Maurício Gaioti, apresentou as instalações e explicou as metas do empreendimento – Foto: Divulgação

Seis meses depois de participar da assinatura de um protocolo de intenções com o Governo do Pará visando promover o desenvolvimento do setor mineral no Estado, a mineradora North Star apresentou nesta sexta-feira (20) as obras da primeira grande refinaria de ouro a ser instalada em território paraense, com tecnologia de ponta e experiência internacional. O empreendimento será instalado em Belém. A visita faz parte do Projeto “Na Fábrica”, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme).

Empresa brasileira de capital belga, especializada no refino de minerais preciosos, a North Star tem capacidade inicial para beneficiar até 25% de toda a produção anual de ouro do Brasil, que é de 90 toneladas, logo no início do empreendimento. “A verticalização existe, ela está presente, não é mais apenas um projeto; é uma realidade. A obra está aqui, tem dinheiro investido, maquinário sendo preparado, parceria com as mineradoras e a presença do governo, pra gente poder fazer todo esse desenvolvimento. Agora, temos que buscar não só a consolidação, mas a competitividade, para realmente colocar o Pará no centro do mapa de metais preciosos, a nível global”, afirmou o presidente da North Star, Maurício Gaioti.

Com o início das operações de refino, que vai atingir quase 24 toneladas por ano, o lucro vai girar em torno de R$ 7,2 bilhões, dinheiro que retorna para as mineradoras investirem na contratação de mão de obra, abastecimento de combustível, alimentação, energia elétrica e transporte de valores, além dos investimentos estruturais. “São milhares de empregos como um todo, transporte, refino, segurança. Toda uma cadeia que se beneficia com o desenvolvimento do setor”, afirmou Maurício Gaioti.

Nesse momento em que o setor do ouro passa por uma crise muito grande em relação à imagem, por conta de problemas ambientais, Maurício Gaioti disse acreditar que é preciso desmistificar essa percepção. “A produção brasileira faz a diferença na balança comercial. A grande realidade é que temos empresas sérias, que investem milhões e transformam a economia local. Não é de interesse pra nenhuma mineradora desmatar. Todas têm preocupações ambientais e planos de recuperação. A nossa, por exemplo, tem todo um processo automatizado para controle de exaustão dos gases que vão sair dos ácidos utilizados. Não existe um grama jogado fora de forma incorreta, justamente para controlar todos os impactos ambientais”, explicou.

Legado – O Projeto “Na Fábrica” reuniu uma força-tarefa para garantir a verticalização do ouro em articulação da iniciativa privada com o poder público. “A verticalização do ouro é de fundamental importância para o Pará, que é um grande produtor. E esse é um grande legado que o governador Helder Barbalho está deixando nos quatro cantos do Estado, mostrando o compromisso que as empresas precisam ter”, reforçou o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia, José Fernando Gomes Júnior.

Obras de instalação da refinaria de ouro em Belém – Foto: Divulgação

“Nós somos um Estado com grande capacidade no setor mineral, e o sindicato está aqui consagrando esse momento, para que a gente estabeleça ainda mais parcerias para atrair negócios no setor de mineração com sustentabilidade, na Amazônia legal”, reforçou Poliana Bentes, diretora executiva do Sindicato das indústrias Minerais do Estado do Pará (Simineral).

Também participaram da visita o presidente do Centro das Indústrias do Pará (CIN/Fiepa), José Maria Mendonça; a diretora-executiva do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia, Rosa Helena Neves, instituição que administra o Polo Joalheiro do Pará; o presidente da Câmara Setorial da Mineração, Wilson Antonio Borges; outros representantes da cadeia produtiva mineral no Pará e demais autoridades da comitiva do Projeto “Na Fábrica”.

Protocolo de intenções – Em fevereiro deste ano, grandes empresas mineradoras assinaram um protocolo de intenções com o Governo do Pará, a fim de garantir a verticalização da produção mineral no Estado. “Certamente, viramos a página de sermos apenas um Estado que extrai o ouro e exporta para o mercado nacional. Estamos caminhando para o novo status com a instalação da maior refinaria de ouro do País. Sabemos que o Pará tem a maior produção de ouro da Federação, estando entre os maiores do planeta, e esse passo estratégico contribuirá para que esse ativo mineral traga geração de emprego, renda e organização da cadeia econômica”, destacou o governador Helder Barbalho no ato de assinatura do protocolo.

O protocolo foi acordado com as empresas North Star Participações S/A, Serabi Mineração S/A, Brazauro Recursos Minerais S/A, BRI Mineração LTDA., Gana Gold Mineração S/A e Belo Sun Mineração LTDA.

Água Azul do Norte – Em julho, a comitiva do Projeto “Na Fábrica” também visitou o escritório da BEMISA, empresa de mineração que será instalada no município de Água Azul do Norte, no sudeste paraense. Durante o encontro, foram definidas estratégias econômicas de implantação do projeto de mineração, a fim de fomentar a economia do município e, consequentemente, gerar mais empregos com a lavra de ouro na região.

A empresa realiza pesquisas há quatro anos para a implantação do projeto. A previsão é que o empreendimento gere cerca de 240 empregos diretos na região. Para o diretor de Mineração da BEMISA, Cláudio Fernandes, cada detalhe da instalação da empresa está sendo avaliado com muito rigor. “Estamos começando com o pé direito. Com muito rigor a toda a legislação, todo cuidado com o trabalho e com a cidade. O projeto de mineração traz um impacto positivo, no ponto de vista da geração de emprego, renda e movimentação no entorno, mas a cidade precisa crescer com o projeto. Nossa ideia é que nós possamos crescer juntos”, afirmou.Comitiva do governo do Estado e representantes da mineradora North StarFoto: Divulgação

Polo Joalheiro – Para quem trabalha diretamente com a criação e produção de joias no Pará, a verticalização da cadeia produtiva do ouro chega como um divisor de águas, que vai permitir maiores investimentos e ampliação do mercado consumidor. Thiago Albuquerque Gama, diretor do Núcleo Tecnológico e Comercial do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), vê a implantação da refinaria como a materialização de um sonho.

“Ter o ouro verticalizado, dentro do Programa Polo Joalheiro, significa que a gente vai conseguir continuar produzindo nossas joias da forma artesanal ainda, mas abre um leque de possibilidades, como manter de forma mais estruturada essa produção artesanal, mas com a atratividade da indústria como suporte e apoio para a produção artesanal, alavancando essa industrialização dentro do Espaço (Espaço São José Liberto, que abriga o Polo Joalheiro). E abre, ainda, um leque de oportunidades não só na produção e desenvolvimento econômico dessas empresas, mas gera atratividade inclusive para o turismo. Fazendo essa avaliação, a gente tem uma porta aberta para fazer a exportação dessa joia e do ouro que vai sair já em forma de lingotes e chapas para outros países”, ressaltou.

Por Igor Fonseca (SEDEME)

Agência Pará