O momento tão esperado aconteceu 39 dias após o nascimento. Devido à gravidade do quadro clínico da mãe, que lutava contra a Covid-19, até então, o único contato tinha acontecido por videochamadasw
Após 39 dias do nascimento da filha, a cozinheira Brenda Keury Vieira, de 26 anos, finalmente teve o primeiro contato corpo a corpo com sua bebê. A pequena Luna Emanuelly veio ao mundo por meio de uma cesariana de emergência, realizada enquanto a mãe estava intubada, lutando contra a Covid-19 no Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém, no interior da Amazônia.
O encontro inesquecível ocorreu no mês de julho após Luna receber alta hospitalar. Bastante emocionada, Brenda recebeu a bebê dos braços da avó. “Agora só quero agradecer a Deus porque é muita felicidade. É uma princesa da mamãe. Agora vou me recuperar e cuidar dessa menina”, declarou a mãe enquanto fazia carinho na filha pela primeira vez. A família, residente do Estado de Rondônia, estava na região à trabalho.
A bebê de Brenda deixou o hospital homenageada com um corredor de palmas preparado pelos profissionais do HRBA, hospital público do Governo do Pará gerenciado pela entidade filantrópica Pró-Saúde. Devido as complicações da doença, Brenda só havia visto sua filha, até o momento, por videochamada, realizada graças ao projeto de humanização Visita Virtual, do HRBA.
Mãe em estado gravíssimo
Brenda foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI Covid-19) do HRBA em maio, transferida do município de Novo Progresso. A unidade é referência para atendimentos de alta complexidade em diversas especialidades, para uma população estimada em mais de 1,3 milhão de pessoas, residentes em 30 municípios do oeste do Pará, Baixo Amazonas e Xingu. Grávida de 7 meses, com obesidade, positiva para Covid-19 e com intensa dificuldade respiratória, precisou ser intubada pela equipe médica já no dia seguinte.
Em estado gravíssimo, no mês de junho, Brenda apresentou perda de líquido amniótico e, com 80% do pulmão comprometido e diversas outras complicações, as equipes de obstetrícia e neonatal decidiram interromper a gestação para garantir a segurança da criança e da mãe, com a realização de uma cesariana de emergência.
“Era um caso extremamente grave e, numa reunião entre as equipes médicas, optamos por interromper a gestação. Foi uma das decisões mais difíceis de tomar, pois elas corriam muitos riscos”, explicou a médica intensivista do HRBA, Lívia Corrêa e Castro. “A partir do momento que a Brenda soube que a bebê estava viva, teve ainda mais forças para lutar. É uma verdadeira história de superação”, complementou a profissional.
Luna nasceu prematura, pesando 1,3 kg e medindo 39 cm. A pequena precisou de ventilação mecânica, sendo imediatamente encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neonatal), onde recebeu toda a assistência necessária. Todos os testes de Covid-19 realizados na bebê tiveram resultado negativo, porém, ela permaneceu internada para alcançar o peso e as condições ideais, devido as complicações da prematuridade.
“Como a mãe não podia estar presente na internação da bebê, já que estava com a saúde muito debilitada, nossa equipe fez sessões de vídeochamada para que ela pudesse acompanhar o desenvolvimento e a reação do tratamento da bebê. Isso gerou interação entre o binômio mãe e filha”, contou Valdenira Cunha, médica neonatologista do HRBA. Recuperada e com mais de 2 kg, Luna recebeu alta e, acompanhada da avó, pôde finalmente conhecer a mãe em segurança.
O Hospital Regional do Baixo Amazonas é uma unidade de referência, escolhida pelo Governo do Pará, para atendimento a pacientes graves da Covid-19.
“Convivemos neste mais de um ano de pandemia com muitas perdas. Para nós, profissionais de saúde, histórias como a da Brenda representam superação. A alta da Luna é a celebração da vida, é a simbologia da vitória dos profissionais de saúde sobre a Covid-19. Temos esperança, existe muita luta ainda, mas conseguiremos vencer essa batalha contra a Covid-19”, ressaltou Hebert Moreschi, diretor Hospitalar da Pró-Saúde, que atua no HRBA.
O Regional do Baixo Amazonas é reconhecido como um dos dez melhores hospitais públicos do Brasil e possui a mais alta certificação nacional, ONA 3 – Acreditado com Excelência, que assegura o padrão de segurança e qualidade no atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Este ano, em meio ao enfrentamento de uma das mais graves crises sanitárias dos últimos tempos, o HRBA demonstrou sua expertise de gestão e excelência ao conquistar o 1º lugar no 4º Seminário Internacional de Segurança do Paciente e Acreditação em Saúde.