Projeto DocBio mostra vida e obra em filme do professor que passou por Santarém e integrou o grupo Canto de Várzea.; assista.
Tudo o que eu fazia, o que eu compunha, o que eu escrevia, o meu trabalho como professor, tinha essa intenção: de melhorar a sociedade”. É com essa fala do professor Otacílio Amaral Filho Otacílio que se iniciam as imagens da entrevista ao projeto DocBio.
Professor há mais de 40 anos, sendo aproximadamente 35 dedicados à Universidade Federal do Pará (UFPA), Otacílio é homenageado em filme documental que conta a trajetória dele na docência e na pesquisa.
O média-metragem (com cerca de 38 minutos) é resultado do projeto de extensão da UFPA chamado Documentários Biográficos da Amazônia (DocBio), que, como o nome sugere, produz cine-biografias de pessoas amazônidas.
O projeto busca registrar e mostrar, por meio da linguagem audiovisual, as histórias e as memórias de diferentes pessoas que, em comum, possuem o fato de terem gerado grande retorno social às comunidades, sejam elas o lugar onde moram ou atuam, seja a comunidade científica, por exemplo.
“Otacílio Amaral – Professor e pesquisador da Amazônia” foi produzido e dirigido pelos discentes da UFPA Jordan Navegantes, estudante de jornalismo; Lucas Vieira, estudante de publicidade e propaganda; Marina de Castro, professora responsável atualmente pelo projeto DocBio e por Fábio Castro, também professor da Faculdade de Comunicação da UFPA (Facom). A direção geral conta, ainda, com as docentes Célia Amorim e Alda Costa.
O mais novo documentário estreou no último dia 18. Uma versão curta foi publicada em no dia 19 de Agosto de 2020, quando Otacílio defendeu seu memorial na UFPA.
Trata-se do resultado de uma pesquisa iniciada em 2019, por meio da Pró-Reitoria de Extensão da UFPA (PROEX).
A entrevista filmada foi feita ao fim de 2019 e teve sua estreia de versão média-metragem interrompida em 2020 por conta da pandemia de covid-19.
Produzido coletivamente, o documentário é uma realização conjunta entre a Proex-UFPA, o grupo de pesquisa SISA, a Facom-UFPA, o Instituto de Letras e Comunicação da UFPA e a Academia Amazônia.
OTACÍLIO
Embora tenha nascido e passado parte da infância e da juventude em Fortaleza (CE), e apesar do registro de nascimento constar a cidade de Parnaíba (PI) – lugar em que, curiosamente, nunca esteve – Otacílio Amaral é não apenas um cidadão da Amazônia: ele é um grande nome da pesquisa sobre as questões culturais e políticas de nossa região.
No início dos anos 50, ainda na infância, morou por cinco anos em Santarém, no oeste do Pará.
Ele retornou à cidade durante a juventude, após ter sido preso pela Ditadura Militar em Fortaleza. Otacílio sempre foi um militante político ativo nos movimentos estudantis.
Em solo santareno, viveu grande parte da juventude; iniciou a jornada como professor; experienciou diversas linguagens artísticas; e, mesmo quando começou a estudar na UFPA, em Belém, jamais abandonou a cidade paraense que ele considera ser a cidade dele.
Ainda hoje, ele possui grande relação com Santarém. Lá, cantava, compunha músicas, participou e teve parcerias com grupos musicais e diversos artistas, como o grupo “Canto de Várzea”, com o qual possui músicas gravadas.
Dentre as pesquisas, destaca-se o trabalho iniciado na tese de doutorado, sobre a “Marca Amazônia e o Marketing da Floresta”, que reflete sobre o valor agregado a produtos comercializados com aquilo que pode ser considerado marca da Amazônia. A exemplo do açaí, que, para os paraenses, é um alimento-refeição que geralmente causa sono após o consumo e é vendido para fora do estado como produto energético e tendo seus valores ressignificados.
A outra pesquisa a ser destacada é a obra “Espetáculos Culturais da Amazônia”, que estuda a origem para compreender a atualidade de “espetáculos” como o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, e o Festival Çaíre, em Santarém, por exemplo.
Esse trabalho possui importância na desconstrução dos estigmas e do pensamento de que esses eventos nascem exclusivamente com origem na religião. Eles são, porém, resultados de resistências populares.
ONDE VER
A nova versão está disponível no canal do YouTube da Academia Amazônia.
Assista:
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