Associação nasceu em 2020, em Santarém, com o intuito de zelar também pela saúde mental dos presos e seus familiares
A Associação dos Amigos e Familiares dos Detentos do Oeste do Pará (AAFADOPA) nasceu a partir da necessidade de criação de um canal oficial de comunicação entre os internos do sistema prisional com seus parentes e familiares, com o objetivo de preservar os direitos e garantias fundamentais dos detentos.
Por Ana Carolina Maia
Um grupo de amigos e familiares de presos do sistema carcerário do Centro de Recuperação Regional Silvio Hall de Moura (CRRSHM), em Santarém, oeste do Pará, se reuniu para criar uma associação voltada para atender as demandas e prestar assistência aos presos e seus familiares.
A Associação dos Amigos e Familiares dos Detentos do Oeste do Pará (AAFADOPA) nasceu em 2020, com o intuito de zelar também pela saúde mental dos presos e seus familiares, inclusive com o objetivo de resguardar o próprio ambiente prisional.
A pandemia do novo coronavírus impactou drasticamente o mundo e suas conseqüências repercutem até hoje. O sistema prisional teve que se adaptar à nova realidade em que as visitas foram suspensas pela Secretaria de Estado e Administração Penitenciária (SEAP) para evitar a propagação do vírus.
Devido às circunstâncias atípicas os familiares e parentes dos internos ficaram meses sem receber nenhuma notícia ou informação sobre a saúde, vida ou situação do ente encarcerado. O fato gerou preocupação e revolta.
De acordo com a presidente da AAFADOPA, Jane Santos, tanto as mães quanto as esposas dos presos ficaram quase oito meses sem poder visitar os internos, e o único canal de comunicação eram os advogados. “Eles que faziam atendimentos e acabavam trazendo notícias dos internos. Depois de algumas articulações e com a pandemia dando sinais de controle, as visitas foram retomando gradativamente, claro que obedecendo aos novos protocolos de segurança”, explicou.
A finalidade da Associação é prestar apoio e orientar familiares e amigos dos internos e egressos do sistema prisional quanto aos direitos sociais, além de facilitar a comunicação entre familiares a Casa Penal, bem como o apoio jurídico aos internos que passam por situações delicadas e que venham a ferir seus direitos enquanto cidadãos.
A AAFADOPA conta ainda com a os serviços de orientação aos internos de internos, familiares e comunidade em geral sobre da importância da ressocialização.
Demandas
A atual gestão da AAFADOPA reuniu com a direção do Centro de Recuperação Regional, que abrange tanto a Central de Triagem, a Feminina e o centro de prisão permanente para tratar a respeito das demandas trazidas pelos familiares: entrada de kits de higiene, a permanência de uma máquina de biometria para fazer os cadastros de familiares para visitação, melhoria na alimentação dos internos.
A Associação visa ainda à possibilidade de realização de projetos de artesanato para produção, visando à oportunidade de remição de pena e geração de renda para os familiares dos internos.
Violação de Direitos
Alguns internos denunciaram uma série de violação dos direitos humanos: como maus-tratos, a falta de itens básicos de higiene pessoal, ausência de ventiladores e colchões.
Cucurunã abriga presos de municípios vizinhos
Associação conta com 26 famílias associadas efetivamente e a AAFADOPA abrange uma massa carcerária de aproximadamente 900 detentos oriundos em sua maioria das seguintes comarcas: Juruti, Oriximiná, Faro, Terra Santa, Óbidos, Alenquer e Santarém.
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Ana Carolina Maia, é jornalista santarena (DRT-PA 2332) com passagem por vários veículos da imprensa local.