Hospital de Campanha em Santarém encerra as atividades em clima de homenagens

Os profissionais que atuaram no Hospital de Campanha de Santarém estiveram à frente da Unidade por 5 meses e 5 dias.
Divulgação – Foto: Ascom HCS

O portão de atendimento encerrou com o registro de 794 pacientes e 649 entre altas e transferências. Antes de apagar as luzes no dia de ontem, domingo (27), os colaboradores fizeram e receberam homenagens.  Com balões brancos e muita emoção a equipe cantou a música da compositora Cássia Eller, “Por Enquanto” .

Na ocasião, alguns pacientes que passaram pelo HCS marcaram presença para homenagear a equipe, como a dona Ercilene Cohen Ferreira, que foi internada com a família. “Fiquei internada com metade da minha família aqui, eu, meu esposo e meus dois filhos. Quero muito agradecer vocês. Só tenho gratidão”, disse emocionada. Ela ainda espera a alta do filho que foi transferido para outra Unidade.

Durante as homenagens, houve um momento muito especial para os colaboradores católicos da Unidade. Isso graças a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora da Conceição que proporcionou um momento único de fé e emoção. 

Emoção tomou conta de profissionais da saúde, pacientes e familiares

Relatos da equipe

A coordenadora de enfermagem, falou da perda de sua mãe afetiva para a COVID-19. “No dia que eu perdi a minha mãe afetiva para a COVID, eu estava trabalhando aqui no Hospital cuidando dos outros. Naquele momento eu me fortaleci e me determinei a lutar para que o vírus não ganhasse a batalha”, disse emocionada.

Para a Diretora Clínica, Camila Louise, foram dias de muita luta. “794 vidas passaram por aqui, mais de 530 retornaram para os seus lares, 145 descansaram em paz. Doamos o nosso melhor: nossa vida, saúde e amor a cada um”, enfatizou. 

Camila conta que tiveram muitos momentos marcantes. “Choramos, rimos, brigamos e lutamos. Nos tornamos a família HCamp. Fiquei um longo tempo longe do meu filho. Isso foi bem difícil, mas saímos mais humanos, fortes, maduros e gratos por tudo”, finalizou.

Para a assistente social, Beatriz Sales, mesmo diante de uma doença que devastou o mundo, foi gratificante poder estar na linha de frente e parte de uma equipe aguerrida que não mediu esforços para salvar vidas. Ela lembra um dos momentos que marcou sua passagem dentro do Hospital de Campanha, foi quando um médico tentou todos os procedimentos para não intubar  um paciente que estava no setor da estabilização. “A gente sabia que em alguns casos a entubação era um caminho sem volta. Ele me disse suado, ofegante e olhar cansado: eu quase entubei esse paciente, essa doença não vai levar mais um no meu plantão!”, relatou com lágrimas nos olhos.

O Diretor Administrativo da Unidade, Marcelo Henrique, falou da sensação de dever cumprido. “Foram mais de muitos pacientes curados, muitas histórias e aprendizados. Uma equipe muito comprometida de pessoas que se afastaram de suas famílias, pois muitos familiares faziam parte de grupos de risco. Esses profissionais não hesitaram e vieram enfrentar de frente esse novo inimigo”, enfatizou.

A imagem peregrina de N. Senhora da Conceição esteve presente na despedida

Atendimento humanizado

O atendimento humanizado sempre foi prioridade. Nos cinco meses de funcionamento vários projetos foram executados, entre eles a “Visita online” onde eram realizadas videochamadas entre pacientes e familiares, momento esse que a distância era diminuída e trazia alívio aos entes queridos, e a “Fisioterapia Recreativa”, que reunia pacientes para atividades. Um momento de socialização para quem estava longe da longe da família e amigos, mas precisava se sentir acolhido. Outro projeto foi “Tardes Musicais“ que levou melodia pelos corredores da Unidade.

Fonte e fotos: Andria Almeida – Ascom HCS