Revista e internautas acusaram mulher de ter se caracterizado para fraudar o certame
Uma denúncia anônima feita nas redes sociais levou o nome de Glaucielle Dias aos assuntos mais comentados da internet brasileira nas últimas 48 horas. A jovem de foi aprovada em concurso da Polícia Federal em 2018, ocupando uma vaga destinada a candidatos negros. E para sustentar a declaração de que era negra, se caracterizou como tal para passar pela banca examinadora do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE), responsável pelo certame.
Nesta semana, uma foto de Glaucielle no exame de heteroidentificação viralizou nas redes ao lado de imagens atuais da jovem. Na imagem do dia da banca, ela aparece com o cabelo cacheado e a pele bem mais escura, o que levantou suspeitas por parte dos internautas, pela imagem ser diferente das postadas recentemente no perfil dela.
Em sua defesa, Glaucielle compartilhou um vídeo defendendo que não fraudou o sistema de cotas e que se considera “negra parda”. Segundo a jovem, foi justamente o preconceito que a levou a não gostar de sua aparência e fazer uma série de mudanças, incluindo uma rinoplastia. “Sempre sofri preconceito com meu cabelo, meu nariz. É meu direito mudar “, argumentou. “Eu sou negra sim. Negro não é só o retinto. Se você sofreu preconceito, sofreu discriminação em algum momento da sua vida, você é sim. Eu nunca vou falar pra mim que sou branca. Eu não sou. Isso seria renegar minha origem. Sou negra parda”, afirmou.
Glaucielle, que foi promovida em maio deste ano a Chefe do Núcleo de Operações de Delegacia de Polícia Federal em Guajará-Mirim, em Rondônia, justificou que pediu exoneração para cuidar da empresa familiar. O marido, que também é policial federal, tomou a mesma decisão e usou o Instagram da esposa para justificá-la. No vídeo, ele afirma que ela passou por todas as etapas que o concurso impõe, inclusive pela banca examinadora do sistema de cotas. Por coincidência, a mesma conta era usada por Glaucielle para motivar pessoas a estudarem para concurso público.
Na internet, várias pessoas ficaram chocadas com a mudança de Glaucielle na entrevista e na vida diária. “Tão bizarro que eu demorei para entender o que estava rolando”, diz um internauta. “Essa menina vendia cursos e dicas de como passar em concurso público aqui no Instagram, parecia ser algo sério e motivador. Não dá pra confiar em ninguém mesmo”, escreveu outra.
Defesa – Por meio de uma nota assinada por seu advogado, Gracielle Dias se manifestou sobre o caso. Ele confirma que sua cliente se declarou como negra no concurso e citou o “difícil histórico familiar” da candidata, o qual, de acordo com ele, teria “sensibilizado” os examinadores. Como argumento, cita que a jovem é filha de empregada doméstica, estudou em escola pública e precisou trabalhar para pagar sua faculdade particular. Diz ainda que a cliente não teve acesso a lazer ou a “cuidados de beleza” durante um ano e sete meses, período em que se dedicou ao concurso, e que as imagens das redes sociais de Glaucielle possuem “filtros” que estariam mascarando sua real aparência.
Na imagem do dia da banca, ela aparece com o cabelo cacheado e a pele bem mais escura (Reprodução)
O Cespe/Cebraspe também divulgou nota sobre o caso, destacando que irá observar a legalidade dos procedimentos relacionados ao concurso público e garantir as informações e documentos necessários para eventual apuração de crime. “Havendo suspeita ou denúncia de que fraude tenha ocorrido, o que cabe a este Centro é enviar todas as informações necessárias à apuração para a polícia, que procederá com as investigações”, diz a nota.
Fonte: O Liberal (Com informações do portal Pragmatismo Político)