Sócios da Avianca são presos em nova fase da Lava Jato que investiga irregularidades na Transpetro

Agentes saíram às ruas nesta quarta, 19, em Alagoas, São Paulo, Niterói e Rio de Janeiro na Operação Navegar é Preciso; executivo da subsidiária da Petrobrás teria recebido propinas no exterior para beneficiar estaleiro
Agentes estão cumprindo mandados de prisão e busca e apreensão. Foto: Polícia Federal

A Polícia Federal, em cooperação com o Ministério Público Federal, deflagrou na manhã desta quarta-feira, 19, a Operação Navegar é Preciso, fase 72 da Lava Jato para combater suposta fraude em licitação da Transpetro, subsidiária da Petrobrás responsável pelo transporte de combustível e pela importação e exportação de petróleo e derivados, para compra e venda de navios.

Os agentes cumprem seis mandados de busca e apreensão em Alagoas, São Paulo, Niterói e Rio de Janeiro e dois de prisão na capital paulista, todos expedidos pela 13ª Vara Federal em Curitiba.

Os alvos das ordens de prisão são os irmãos Germán e José Efromovich, donos do estaleiro Eisa – Estaleiro Ilha S.A e acionistas da Avianca Holdings, que não é citada nas investigações. A Lava Jato pediu a detenção preventiva dos empresários, mas por causa da pandemia a Justiça decretou regime domiciliar.

Germán e José Efromovich. Fotos: CARLOS VERA/REUTERS/29/03/2016 e HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO/15/06/2012

A suspeita é que os empresários tenham pago R$40 milhões em propinas a um executivo da estatal, que não teve o nome divulgado, em troca de um contrato de R$ 857 milhões para fornecer os navios. O prejuízo com a contratação, classificado pela PF como ‘assombroso’, é estimado em cerca de R$ 611 milhões.

“Verificaram-se evidências de que o favorecimento da Transpetro em relação ao estaleiro teria ocorrido também no decorrer da execução do contrato, exemplo disso seriam as sucessivas prorrogações nos prazos para a entrega dos navios e aditivos contratuais que muito beneficiaram a empresa contratada”, informou a Polícia Federal.

Operação Navegar é Preciso é fase 72 da Lava Jato. Foto: Polícia Federal

De acordo com os investigadores, as propinas teriam sido depositadas por meio de várias transferências em contas bancárias no exterior. Na tentativa de disfarçar os pagamentos, empresas ligadas ao estaleiro e ao executivo teriam firmado um contrato falso de investimento em uma terceira empresa estrangeira, que previa o pagamento de uma multa de R$ 28 milhões em caso de cancelamento do aporte.

Para os agentes, uma série de medidas de engenharia societária, confusão entre personalidades jurídicas e físicas dos investigados e das suas empresas, bem como de confusão gerencial dos alvos relacionados ao estaleiro na administração das empresas do grupo são indícios de lavagem de dinheiro, ocultação e blindagem do patrimônio.

COM AS PALAVRA, AS DEFESAS
A reportagem busca contato com a defesa dos empresários presos. O espaço está aberto para manifestações (rayssa.motta@estadao.com).

Fonte: Estadão