O Laboratório, coordenado pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), funciona no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) e conta com a parceria do Governo do Estado.
Inaugurado no início de julho, o Laboratório de Biologia Molecular para Covid-19 (Labimol) já conseguiu testar 1204 pacientes para Covid-19 de 21 municípios do Oeste do Pará. Para os próximos meses, o Laboratório assinou, no último dia 5, convênio com o Projeto Saúde e Alegria (PSA) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que permite ampliar a capacidade de testagem e atender a comunidades indígenas e ribeirinhas da região.
O Laboratório, coordenado pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), funciona no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) e conta com a parceria do Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria Regional de Governo e Secretaria de Saúde do Estado (Sespa).
Dos 1204 pacientes testados, cerca de 42% apresentaram resultado positivo para o novo coronavírus. Em Santarém, de 599 pessoas testadas, o índice de infectados foi de 64%. Dentre os 122 testes aplicados em moradores das comunidades do Tapajós na última viagem do Navio Hospital Escola Abaré, 70% testaram positivo para Covid-19.
A maior parte dos testes (65%) foi aplicada em pessoas entre 19 e 60 anos, 27% em maiores de 60 anos e 6% com idade entre 1 e 18 anos. Dentre os atendidos, 49,8% eram mulheres e 50,2%, homens.
Atendimento em comunidades indígenas e ribeirinhas – O Laboratório já contava com insumos para a realização de 9 mil testes, sendo 5 mil financiados pela Ufopa e 4 mil pelo Hospital Regional do Baixo Amazonas, com recursos do Governo do Estado. Com a parceria com o PSA e a Fiocruz, conseguiu recursos para mais mil testes, totalizando 10 mil testes para a população do Oeste paraense.
“A Fiocruz tem disponibilizado insumos para RT-PCR para testagem no Labimol, esse material está sendo utilizado para atender todos os 21 municípios do Oeste do Pará. A parceria com a Fiocruz possibilitará também a testagem em comunidades indígenas, através de parceria com o DSEI [Distrito Sanitário Especial Indígena]. O PSA, através de seus financiadores, vai comprar insumos para a realização de mais mil testes moleculares. Além disso, a parceria com o PSA, através do Abaré, vai permitir o monitoramento de comunidades ribeirinhas do Tapajós, Arapiuns e Flona do Tapajós”, explica o coordenador do Labimol e professor da Ufopa, Marcos Prado.
A realização de testes pelo Abaré iniciou em julho e irá continuar nas viagens dos próximos três meses. Segundo o coordenador, a doença está avançando nas comunidades ribeirinhas: “É algo preocupante e é preciso estabelecer estratégias de atendimentos a essas comunidades. Esse atendimento é diferente do realizado nos centros urbanos. Tem que ser uma estratégia direcionada, utilizando Unidades Básicas de Saúde Fluvial para que se possa chegar aos ribeirinhos e realizar a atenção médica”.
Descentralização de testes – Uma das maiores dificuldades no monitoramento da pandemia de Covid-19 é a subnotificação. Antes a realização de testes moleculares estava concentrada apenas na capital do estado, o que gerava atraso nos diagnósticos e subnotificação de casos. Com o Labimol, foi possível ampliar o atendimento à população e reduzir o tempo de confirmação dos resultados.
“Para entender o ritmo em que a doença está se espalhando e poder planejar uma reabertura segura, é necessário ampliar a testagem da população, e o Brasil tem tido dificuldades nessa área. Por isso a iniciativa do Labimol é de suma importância, pois traz para o Oeste do Pará a tecnologia que antes estava concentrada nas capitais, e assim permite atenção também à população rural”, afirma o professor.
De acordo com o diretor do HRBA, Hebert Moreschi, “isso permitiu que nós pudéssemos entregar os resultados, a confirmação ou não de testes positivos de Covid-19, em um tempo muito menor. Isso facilita para o gestor ter um retrato fiel da sua realidade para ele possa estabelecer ações em relação ao controle da Covid-19 aqui na região”.
Para o professor Marcos Prado, o teste molecular é o mais recomendado para diagnóstico por ser especifico para o SarCov-2 e por permitir a detecção do vírus no início da doença. “O vírus já pode ser detectado a partir do terceiro dia de sintoma, o que permite que as medidas de prevenção e tratamento sejam realizadas no momento correto. Do ponto de vista epidemiológico, diagnosticar dentro do período de sintomas é o mais recomendado para que se possa ter uma noção real da prevalência e incidência dos casos. Estes indicadores são de fundamental importância para se saber como está a transmissão do vírus na região, pois enquanto o vírus estiver circulando, há risco de novos casos ocorrerem”, complementa.
Comunicação/Ufopa