Casos de sarampo disparam em todo o Pará; Belém lidera número de casos

Os índices mostram um salto assustador da doença no Estado, sobretudo em Belém
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Erradicado desde 2016, o sarampo volta a ser uma dura realidade no Brasil. Apesar dos dados do Governo Pará e da Prefeitura de Belém serem divergentes, os índices mostram um salto assustador da doença no Estado, sobretudo em Belém.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o número de casos de 1º de janeiro a 6 de junho deste ano é seis vezes maior, comparado a igual período do calendário anterior, no Pará. Por sua vez, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) aponta que a enfermidade deu um salto de 760% no número de casos confirmados na capital, quando comparado os 12 meses de 2019 ao primeiro semestre de 2020. 

A Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) informou que em 2019, de 1º de janeiro a 6 de junho foram confirmados 403 casos da doença em todo o território paraense. Já em 2020, no mesmo período, foram registrados 2.434 casos confirmados de sarampo no Pará e destes, 829 diagnosticado em Belém. A Sespa não informou registro de óbitos provocados por complicações do sarampo.

Por sua vez, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) apontou que em todo o ano de 2019, foram confirmados 150 casos de sarampo entre os residentes de Belém. No entanto, em 2020, até o dia 27 de julho, foram confirmados 1.130 casos da doença na capital, número bem superior do que o computado pela pasta estadual. Ainda conforme a Sesma, a enfermidade registrou um óbito por complicações neste calendário, enquanto no ano passado, o mal não evoluiu à morte no município. 

Vacinação

As campanhas de vacinação são realizadas de acordo com o calendário do Ministério da Saúde em todo o Brasil. Entre as ações voltadas para o combate ao sarampo, o Estado garantiu que trabalha junto aos municípios com diversas frentes de trabalho, como por exemplo, o bloqueio vacinal de pessoas que tiveram contato com casos suspeitos e a manutenção da rotina da vacinação.

Em Belém, a campanha de imunização da doença foi intensificada no dia 7 de janeiro para pessoas de seis meses a 49 anos. Depois, no dia 10 de fevereiro, houve o reforço para a faixa-etária de 5 a 19 anos, até o dia 13 de março. No dia 23 de março, através da Campanha Nacional do Sarampo, a Sesma iniciou a imunização para pessoas de 20 a 49 anos. A meta é imunizar 695.644 pessoas nesta etapa. 

A vacina contra sarampo (tríplice viral) é de rotina. Desde o nascimento é feita de acordo com cronograma de vacinação do Ministério da Saúde. Porém, existem situações em que, quando o município está em surto, é realizado o reforço na população para garantir a imunização das pessoas.

Por conta das recomendações de isolamento domiciliar, social e etiqueta respiratória em decorrência à covid-19, houve uma baixa procura pela vacina nas Unidades de Saúde de Belém. Porém, a Sesma reforça que a população busque as unidades para imunização, fazendo o uso de máscaras, respeitando as medidas de distanciamento social entre as pessoas e a higienização das mãos.

As ações de imunização, no entanto, estão intensificadas no bairro do Tapanã, atualmente.  Em seguida, será reforçada no Jurunas e Guamá. Além disso, há vacinação em postos fora das unidades de saúde, como o drive-thru na Aldeia Amazônica, na Pedreira. 

Casos 

A dona de casa Samanta Reis, de 34, se assustou quando a filha, Beatriz Reis, de 7 anos, apareceu com pequenas marcas pelo corpo. “Ela ficou com os braços empolados, depois foi se espalhando. Pensei que fosse uma alergia. No outro dia, ela piorou e ficou com fraquinha, sem comer e com muita febre. A levei no posto de saúde, e disseram que era sarampo”, lembrou a mãe. 

A doença acometeu a pequena Beatriz no mês de fevereiro deste ano. Segundo a mãe, no bairro do Jurunas, onde elas moram, outras pessoas também apareceram com a enfermidade. “Na nossa rua, a Tambés, não ouvir falar de nenhum caso, mas na Honório, próximo à casa da minha irmã, algumas pessoas apareceram com a doença, e não sei se a Beatriz pegou de alguém por lá”, diz Samanta, que não recorda se a filha chegou a ser imunizada com a vacina.

A doença 
O sarampo já foi uma das maiores causas de mortalidade infantil no mundo por ser de fácil contágio. Ela pode ter sérias complicações, principalmente entre as crianças, adultos jovens com a imunidade comprometida. Conforme o Ministério da Saúde (MS), até 2016, a enfermidade estava erradicada no Brasil. Contudo, já em 2017, países da América do Sul começaram a apresentar surtos de sarampo e, em 2018, o Brasil teve mais de 10 mil casos confirmados da doença, com casos de norte a sul do país.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o avanço do sarampo é um fenômeno global, e nos últimos dois anos houve um aumento de 300%.  O Brasil está na lista dos países mais afetados. A causa dessa mudança varia de acordo com cada nação, mas todas elas têm um ponto em comum: as pessoas estão deixando de se vacinar, apesar de a vacina ser a melhor forma de prevenir a doença. 

O sarampo é uma enfermidade infecciosa grave, causada por um vírus, que pode ser fatal. Sua transmissão ocorre quando o doente tosse, fala, espirra ou respira próximo de outras pessoas. A única maneira de evitar o sarampo é pela vacina. Ainda conforme a MS, os sintomas são febre acompanhada de tosse, irritação nos olhos, nariz escorrendo e mal estar intenso. Eles ocorrem em torno de 3 a 5 dias, podendo aparecer outros sinais, como manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas que, em seguida, se espalham pelo corpo. 

ESQUEMA DE VACINAÇÃO

– Dose zero: todas as crianças de 6 meses a menores de 1 ano devem ser vacinadas (dose extra).

– Primeira dose:  Crianças que completarem 12 meses (1 ano).

– Segunda dose: Aos 15 meses de idade, última dose por toda a vida.
Tomou apenas uma dose até os 29 anos de idade:

– Se você tem entre 1 e 29 anos e recebeu apenas uma dose, recomenda-se completar o esquema vacinal com a segunda dose da vacina;

– Quem comprova as duas doses da vacina do sarampo, não precisa se vacinar novamente.

Não tomou nenhuma dose, perdeu o cartão ou não se lembra?

• De 1 a 29 anos – São necessárias duas doses;

• De 30 a 59 anos – Apenas uma dose.

Na gravidez: a vacina é contraindicada durante a gestação pois são produzidas com o vírus do sarampo vivo, apesar de atenuado. A gestação tende a diminuir a imunidade da mulher, o que deixa o sistema imunológico mais vulnerável e, por isso, a vacina pode desenvolver a doença ou complicações. O recomendado pelo Ministério da Saúde é que a mulher que faça planos de engravidar tome todas as doses da vacina antes, podendo esta ser a tríplice ou a tetra viral, e mantenha toda a rotina prevista no Calendário Nacional de Vacinação atualizada, para se proteger e proteger o bebê.

Prevenção: cabe ao profissional de saúde aplicar a vacina adequada para cada pessoa, de acordo com a idade ou situação epidemiológica.

Os tipos de vacinas são:

• Dupla viral – Protege do vírus do sarampo e da rubéola. Pode ser utilizada para o bloqueio vacinal em situação de surto;

• Tríplice viral – Protege do vírus do sarampo, caxumba e rubéola;
• Tetra viral – Protege do vírus do sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora).

Fonte: Ministério da Saúde