O colunista do UOL vem fazendo levantamento dos casos de covid-19 no país paralelamente ao Ministério da Saúde; Ele comparou dados sobre a pandemia divulgados por 42 prefeituras de municípios paraenses e encontrou um “buraco” no balanço da Covid no estado.
O colunista Rubens Valente, do portal de notícias UOL, um dos integrantes do consórcio de imprensa que vem fazendo levantamento dos casos de covid-19 no país paralelamente ao Ministério da Saúde, comparou os dados sobre a pandemia divulgados por 42 prefeituras de municípios paraenses com os apresentados pelo Governo do Pará e, segundo ele, encontrou “um buraco no balanço da covid” no estado.
Segundo o colunista, os boletins produzidos pelas prefeituras e os números divulgados pelo estado e apresentam diversas incongruências, que acabam indo parar no sistema do Ministério da Saúde, já que este recebe as informações da secretaria estadual, e nos balanços independentes feitos com base nos números do governo estadual.
A coluna diz ter enviado e-mail para 12 prefeituras – que não publicam seus dados no site ou nas redes sociais, como fazem boa parta das 144 prefeituras paraenses – mas apenas uma respondeu. Os dados de outras 41 prefeituras foram localizados nas fontes abertas, normalmente páginas do Facebook e portais das prefeituras.
Os municípios, de acordo com o colunista, foram selecionados tendo por critérios o número de mortos e algumas regiões do estado onde a doença tem sido mais presente. Nas 42 prefeituras pesquisadas, foi encontrado algum tipo de discrepância em 28, na comparação entre o que as cidades registram e o que o Estado acumula e divulga.
Em outros 14 casos, os números se mostram idênticos ou com diferenças ínfimas. A coluna fixou o dia 15 de junho como a data da comparação, com exceção de um caso, o da prefeitura de Augusto Corrêa, que foi no dia 16 de junho. Na soma geral, foram localizados 104 óbitos e 4.387 casos confirmados e divulgados pelas prefeituras, mas que não estavam no balanço da Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa), que divulgou naquele dia 2.940 casos de recuperados a mais do que os balanços das prefeituras pesquisadas.
No número de mortes, a maior diferença foi verificada nos dados da prefeitura de Itaituba, que no dia 12 de junho, informou à coluna que já haviam sido registradas no município 35 mortes. No Painel da Covid-19 da Sespa, contudo, o número divulgado era 11. No dia 15 de junho, data fixada pela coluna para a pesquisa, o número de óbitos informado pela prefeitura permaneceu em 35, enquanto o da Sespa teve uma ligeira diferença, 13, o que resultava numa diferença de 22 óbitos.
O número só foi atualizado pela Sespa no domingo, 21, após contato do colunista, que pediu esclarecimento sobre a diferença nos números. O balanço de Itaituba, no entanto, continuou apresentando problemas já que o boletim divulgado pela prefeitura em suas redes sociais, o total de óbitos já era de 47 no mesmo domingo em que a Sespa atualizou o dado para 35.
Segundo o colunista, a Secretaria reconheceu a discrepância de números e apontou os motivos. “As diferenças ocorrem devido a não alimentação do sistema estadual de monitoramentos de casos de Covid-19 por parte das Secretarias Municipais de Saúde, ou seja, os casos ocorrem nos municípios, mas são registrados no sistema com atraso, ocasionando uma diferença entre os boletins emitidos pelas prefeituras e o que existe de dados nos sistemas de informações oficiais de Estado e Ministério da Saúde”.
Ainda segundo a Sespa, “o sistema é on-line e pode ser alimentado pelos profissionais das secretarias municipais de Saúde, munidos das fichas de notificação dos casos positivos para Covid-19 dos seus municípios”.
A Secretaria de Saúde informou ainda que a definição de um caso de Covid-19 está a cargo dos profissionais de saúde, que “devem atender as definições de casos que são estipuladas pelo Ministério da Saúde, tanto pelo critério clínico como o laboratorial”. “É importante salientar que os dados apresentados no Portal da Covid-19, estão em constante revisão e qualificação, conforme as investigações epidemiológicas, de forma que podem ocorrer mudanças na apresentação gráfica das informações publicadas anteriormente”.
Fonte: UOL/Roma