Hospital de Campanha de Santarém implementa ala para pacientes indígenas

A liberação da Ala Indígena foi no fim da tarde desta sexta-feira (12).
Ala indígena entregue na tarde de hoje- Foto: Ascom HCS

A Ala já está equipada para receber os indígenas com sintomas ou confirmação da COVID-19 e que tenham critério de internação. O espaço foi disponibilizado por determinação do Governo Federal e terá 10 leitos inicialmente, onde uma equipe de profissionais será treinada para o atendimento de acordo com as orientações do Ministério da Saúde para pacientes indígenas.

Na manhã de hoje, 12 de junho, às 9h, o Hospital de Campanha de Santarém (HCS) recebeu a visita do Secretário de Saúde Indígena, Robson Silva. Na oportunidade ele visitou a ala indígena que estava sendo preparada para a inauguração. Na tarde hoje, os leitos já foram liberados no Sistema de Estadual de Regulação (SER) e já está disponível para receber indígenas.

Além do Secretário de Saúde Indígena, participaram da visita o Diretor Administrativo do HCS, Marcelo Henrique, o Secretário do Centro Regional de Governo, Henderson Pinto, e a Diretora do 9° Centro Regional da Secretária de Saúde do Estado do Pará (Sespa), Marcela Tolentino, além de profissionais que atuam no Governo Federal e Estadual, e lideranças indígenas do Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns (Cita).

O Secretário de Saúde Indígena, Robson Santos, comemorou a inauguração da Ala. “Esses leitos serão fundamentais para que a gente possa, de acordo com o perfil epidemiológico das populações indígenas, dar o melhor atendimento. Isso é fundamental, não só nesse momento da COVID-19, mas uma nova perspectiva da política de tratamento e de atenção à saúde indígena como um todo”, disse.

O HCS atende os municípios do oeste do Pará, baixo Xingu e Tapajós e nessas regiões existem diferentes aldeias. Como explicou o Diretor Administrativo do HCS, Marcelo Henrique, “devido nossa região Amazônica ser uma região que contempla a questão de aldeias indígenas, se faz necessário esse espaço reservado para eles, por conta do atendimento que eles precisam em decorrência de costumes e cultura. Então, a ala será direcionada especificamente no   formato de atendimento indígena”, endossou.

Ainda de acordo com o diretor, a característica da ala é de um hospital normal, mas com alguns ajustes para tratarmos a questão da humanização. ”O espaço contará com identificação visual e uma pessoa específica para o trato indígena do processo de atendimento deles”, finalizou.

Sindomar Munduruku, representante do povo Munduruku, destacou a situação de casos da COVID-19 nos indígenas da região. “Em alguns locais como Rio das Tropas, Sai Cinza e Carapanatuba, em Jacareacanga têm muitos casos da doença. Já perdemos três caciques e quatro lideranças indígenas e isso nos deixa muito preocupados. Ao todo, na nossa região já perdemos nove indígenas“, falou.

Na ocasião, o secretário Henderson Pinto ressaltou a importância da parceria entre governo do estado e federal. “Essa parceria, tanto no atendimento quanto na logística, irá existir para garantir que aqueles que precisem de atendimento cheguem até o Hospital de Campanha de Santarém. Além das etnias da região, temos os warao que serão contemplados com essa ala”, destacou.

A representante da liderança do Cita, Juciete Tapajós, comemorou a disponibilização da ala. “Nós do Cita agradecemos. Os leitos vão possibilitar o acesso dos nossos parentes. Esperamos ter realmente um atendimento de qualidade”, disse.

Ala pronta – Foto: Ascom HC

Atendimento especializado e transporte

A equipe que vai atuar na ala receberá um treinamento ministrado pela enfermeira Daniele Nascimento, que representa a UNICEF na região. Ela falou sobre os cuidados no atendimento aos indígenas. “É preciso compreender que os indígenas têm uma saúde fragilizada, por isso, nos mínimos sinais de SEPSE e síndromes gripais, que para eles são muito mais graves, é preciso dar atenção. Quando eles têm dispneia, a saturação deles baixa drasticamente. 93% de saturação para o indígena já  requer internação imediata”, explicou.

Sobre a Unidade

O HCS é uma Unidade porta-fechada e é um local de risco de contágio, pois atende exclusivamente pacientes com sintomas ou confirmação de COVID-19. O acesso só́ é permitido aos profissionais que atuam dentro do Hospital. Esses, utilizam toda a paramentação de Equipamentos de Proteção Individuais (EPI) recomendada pelo Ministério da Saúde (MS) e Organização Mundial de Saúde (OMS). Afinal, eles estão na linha de frente no combate à doença.

A exemplo do que já é feito no processo de internação de pacientes, o HCS disponibilizará o leito através do SER, onde as secretarias dos municípios farão a solicitação. O serviço Aeromédico do Estado, estará à disposição para transporte.

Ascom HCS