Entre os supostos casos já publicados, a maioria são de cursos altamente concorridos: medicina, engenharia e direito
Após perfis no Twitter viralizarem na rede denunciando irregularidades do sistema de cotas raciais em instituições de ensino, usuários da rede social do Pará também decidiram tornar públicas supostas fraudes cometidas na admissão de candidatos cotistas nas universidades paraenses.
Criado em maio deste ano, o perfil “Fraude nas cotas PA #antiracista” compartilha informações pessoais de candidatos, em sua maioria brancos, que teriam sido aprovados em vagas exclusiva para cotistas negros ou indígenas. A conta @fraudecotapa já publicou supostos casos ocorridos na Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).
O primeiro tweet, o perfil justifica a sua atividade na rede como parte da luta contra o racismo. “Não adianta postar que vidas negras importam e defender o coleguinha que rouba a oportunidade de um negro ou um indígena conseguir entrar na faculdade”, disse ao avisar aos seguidores que já estavam preparados para receber denúncias.
Entre os supostos casos já publicados, a maioria são de cursos altamente concorridos: medicina, engenharia e direito, em que na modalidade de ampla concorrência, a nota de corte é sempre mais alta que na modalidade cota. Ou seja, geralmente, o estudante aprovado por conta, não seria aprovado em outra modalidade.
O portal Roma News solicitou informações às instituições para saber se elas estão atentas às denúncias.
Cotas nas universidades
A chance de ter um diploma de graduação aumentou quase quatro vezes para a população negra nas últimas décadas no Brasil. Depois de mais de 15 anos desde as primeiras experiências de ações afirmativas no ensino superior, o percentual de pretos e pardos que concluíram a graduação cresceu de 2,2%, em 2000, para 9,3% em 2017.
Apesar do crescimento, os negros ainda não alcançaram o índice de brancos diplomados. Entre a população branca, a proporção atual é de 22% de graduados, o que representa pouco mais do que o dobro dos brancos diplomados no ano 2000, quando o índice era de 9,3%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Censo do Ensino Superior elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) também evidencia o aumento do número de matrículas de estudantes negros em cursos de graduação. Em 2011, do total de 8 milhões de matrículas, 11% foram feitas por alunos pretos ou pardos. Em 2016, ano do último Censo, o percentual de negros matriculados subiu para 30%.
Em 2003, a UnB foi a primeira instituição federal a oficializar a opção pelo sistema de reserva de vagas para negros. Quase dez anos depois, em 2012, o governo federal instituiu a Lei de Cotas Sociais e Raciais para todas as universidades do país e, em 2014, para concursos públicos.
Com informações da Agência Brasil