“Quem vai pagar a conta pela falta de firmeza do Prefeito Nélio Aguiar em defender a saúde e a vida do povo?”, diz um trecho da nota. Veja, na íntegra!
Organizações e movimentos sociais, por meio de nota, estão repudiando o prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, pela não prorrogação do lockdown em Santarém.
De acordo com a nota, a medida radical de isolamento foi tomada devido o avanço da pandemia do coronavírus no município, que é alarmante. A nota cita alguns dados que comprovam esse cenário.
“Mesmo Santarém estando numa galopante escalada no número de casos confirmados, o Prefeito e o Comitê de Crise decidiram, nesse sábado, dia 23 de maio, pela não prorrogação do lockdown”, diz um trecho da nota.
A nota faz uma série de questionamentos, como por exemplo, “Quem vai pagar a conta pela falta de firmeza do Prefeito Nélio Aguiar em defender a saúde e a vida do povo?”
Veja, na íntegra a nota:
CARTA DE REPÚDIO AO PREFEITO NÉLIO AGUIAR PELO ENCERRAMENTO DO LOCKDOWN EM SANTARÉM
As organizações e movimentos sociais subscritos vêm a público manifestar o seu mais veemente REPÚDIO à atitude do Senhor Prefeito Municipal, Nélio Aguiar, e do Comitê de Crise em não prorrogar o fechamento total das atividades não essenciais em Santarém, o chamado lockdown.
Essa medida radical de proibir a realização de atividades que promovem aglomeração de pessoas foi tomada porque o avanço da pandemia do coronavírus no município é alarmante. Nos primeiros quinze dias de maio, Santarém registrou aumento de 216 novos casos de pacientes que testaram positivo para a covid-19. No dia 1º eram 88 casos confirmados, já no dia 15 eram 304 pessoas acometidas pela doença, conforme boletim da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA).
Diante desse assustador crescimento dos casos confirmados, do aumento da procura pelos serviços de saúde e da diminuição do número de leitos disponíveis para atendimento de casos suspeitos e confirmados de Covid-19, além do baixo índice de isolamento social, o Comitê de Crise e o Prefeito decidiram pela implementação do lockdown no dia 16 de maio, quando já eram 355 pessoas oficialmente infectadas.
No dia 19 de maio, quando passou a valer o lockdown em Santarém, o número de pessoas vítimas da doença saltou para 497, com a confirmação de 30 óbitos. Nos últimos 5 dias, quando vigorou o lockdown, houve um crescimento de 70% no número de mortes, indo de 30 para 51 óbitos, de acordo com os dados divulgados pela SEMSA na noite do sábado, 23 de maio. O número de notificações no mesmo período cresceu 48% e de confirmados 56%, chegando a 776 pessoas com covid-19, nesse último sábado.
Mesmo Santarém estando numa galopante escalada no número de casos confirmados, o Prefeito e o Comitê de Crise decidiram, nesse sábado, dia 23 de maio, pela não prorrogação do lockdown. Momentos depois, a SEMSA divulgou o boletim diário revelando um salto de 21 mortes nas últimas 24h, maior marca registrada desde o início da pandemia. Diante desse gravíssimo quadro, quais razões poderiam justificar a não prorrogação do lockdown em Santarém? Quais foram os dados estatísticos utilizados para embasar tal decisão?
Será que o Prefeito e o Comitê de Crise cederam à pressão dos empresários do comércio que exigiam, inclusive em entrevistas na televisão, a reabertura imediata do centro comercial? Quanto vale uma vida? Quantas pessoas merecem ficar em risco de contágio para que os interesses do setor comercial sejam preservados? Quem vai pagar a conta pela falta de firmeza do Prefeito Nélio Aguiar em defender a saúde e a vida do povo?
Além disso, nos dados oficiais não constam as dezenas de pessoas com os sintomas da covid-19 que não são submetidas a testes. A todo momento chegam notícias de pessoas falecidas nas comunidades rurais com os sintomas da doença, mas que não foram testadas. O contágio por coronavírus está explodindo na zona rural e essa realidade só tende a piorar, já que o acesso da população do interior ao atendimento médico é muito precário.
Na cidade, também aumentam os relatos de insatisfação da população com a ineficiência do atendimento na unidade montada na Escola Ubaldo Corrêa, causando aglomeração e fazendo com que as pessoas aguardem o dia inteiro para serem atendidas. Aglomeração que também ocorre na SEMSA por conta da distribuição de medicamentos. Outro problema é o sistema de monitoramento que não funciona e as pessoas ficam sem orientações e atendimento adequados. Ademais, muitas pessoas que procuram as unidades de saúde para fazer o teste não conseguem ser atendidas, o que aponta um alto grau de subnotificação, indicando que os números reais de pessoas com a covid-19 certamente são muito maiores do que informam os dados oficiais.
Com esse cenário dramático, a medida mais adequada teria sido a prorrogação do lockdown por, pelo menos, mais uma semana, até para que os resultados que possam ter sido obtidos nesses cinco dias de suspensão das atividades não essenciais não tivessem sido jogados pelo ralo.
Pelo descaso e pela falta de firmeza do Senhor Prefeito em defender a saúde e a vida da população santarena diante de uma pandemia que já causou a morte de 51 pessoas, e infelizmente muitos mais vidas podem ser perdidas, as organizações e movimentos sociais que assinam esse documento, vêm tornar público seu total REPÚDIO.
Santarém, 24 de maio de 2020
- Ir. Fátima de Sousa Paiva – Coordenadora Regional Associação Francisca Maristella do Brasil AFMB.
- Jefferson Júnior de Oliveira Souza – Sindicato dos Profissionais das Instituições Educacionais da Rede Pública Municipal de Santarém – SINPROSAN
- Dionéia Cardoso dos Anjos – Sindicato dos Trabalhadores em Saúde no Estado do Pará SINDSAUDE
- Guillermo Antônio Cardona Grisales, SJ. – Coordenador das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Santarém
- Caetano Scannavino – Projeto Saúde Alegria PSA
- Sara Pereira – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional FASE
- Entre outros…(no link)
Leia, na íntegra, a nota de repúdio e os movimentos e entidades que assinam a mesma.