Brasil contabiliza 109 enfermeiros e enfermeiras mortos por Covid-19 e condições ruins de trabalho

Os dados são do Conselho Nacional de Enfermagem, que alerta para a gravidade da situação em que vivem esses profissionais espalhados pelo país.
Foto/divulgação – Ver-o-fato

No dia seguinte ao Dia Internacional da Enfermagem, que passou sem comemorações em todo o mundo, o Brasil contabiliza, nesta quarta-feira (13), 109 enfermeiros e enfermeiras mortos e mais de 4.128 contaminados na linha de frente do combate ao coronavírus. Os dados são do Conselho Nacional de Enfermagem, que alerta para a gravidade da situação em que vivem esses profissionais espalhados pelo país.

É a categoria profissional que tem o primeiro contato com os pacientes infectados e uma das que mais se arriscam no tratamento dos internados, juntamente com a classe médica.
Segundo o Cofen, São Paulo é o estado com o maior número de casos, por se tratar do centro da pandemia no Brasil. A diferença é imensa em relação a outros países afetados pela pandemia.

A Espanha, por exemplo, perdeu 42 profissionais de saúde entre enfermeiros e médicos. Na Itália, houve 79 mortes, também de médicos e enfermeiros, somados. Nos Estados Unidos, 27 enfermeiros e médicos morreram.

No Dia Internacional do Enfermeiro, o que deveria ser comemoração, tornou-se um protesto. Na tarde de terça-feira (12), dezenas de profissionais da enfermagem se reuniram na área externa do Museu da República, em Brasília, para lembrar os 109 colegas que já perderam a vida na linha de frente do combate ao coronavírus. Cada manifestante exibia o nome de um colega morto e nas mãos, uma vela em homenagem às vítimas.

O protesto também foi uma forma de pedir melhores condições de trabalho. “A enfermagem já vem sofrendo com a falta de reconhecimento com ou sem pandemia. Mas, nesse momento, chamou a atenção por sermos profissionais da linha de frente e muitos estão perdendo vidas por causa dela. Mesmo assim está longe do reconhecimento ideal”, disse a enfermeira Fabiana Sena à imprensa.

Em todo o mundo, há mais de 300 profissionais da enfermagem que morreram em decorrência da doença e mais de 90 mil trabalhadores da categoria foram infectados pelo vírus, segundo o Conselho Internacional de Enfermeiros, o Internacional Council of Nurses (ICN). Desse total, o Brasil já é responsável por mais de 38% das mortes.

Em protesto em Brasília, ontem, enfermeira exibe nome de colega morta pela Covid-19

Os profissionais de saúde são reconhecidos pela população, mas lamentam as condições de trabalho a que são submetidos. São muitas denúncias de que os profissionais têm comprado com o próprio dinheiro os EPIs, ou vêm recebendo os equipamentos de outros colegas de trabalho ou entidades. Há falta principalmente de máscaras e do capote/avental e quando não são racionados, os gestores das unidades de saúde vêm pedindo aos profissionais que reutilizem o material.

No Brasil, há mais de 30 anos, a categoria vem lutando pela redução de jornada a 30 horas semanais, adequação fundamental para amenizar a sobrecarga e stress próprio das funções.
O país conta hoje com mais de 2 milhões de profissionais dessa área, entre enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem. Porém, segundo a OMS, há déficit de profissionais no setor em todo o mundo.

No relatório mais recente lançado pela organização, em abril deste ano, a estimativa é de carência de 6 milhões de profissionais. Nas Américas, o déficit seria em torno de 800 mil trabalhadores.

Fonte: VER-O-FATO