Entre os motivos para o afastamento de Wilson Lima e Carlos Almeida está o pagamento de mais de R$ 700 milhões de exercícios anteriores, assim como gastos como a promoção do programa ‘Peladão à Bordo’ e realização da Expoagro, que custaram mais de R$ 1 milhão aos cofres do Estado
O Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam) ingressou, nesta terça-feira (21), com pedido de impeachment do governador Wilson Lima e do vice-governador Carlos Almeida Filho, em virtude da má gestão da saúde durante a pandemia do novo coronavírus. O pedido foi protocolado na Assembleia Legislativa do Estado (ALE) e será analisado pelos deputados estaduais.
O pedido é assinado pelo presidente do Sindicato, Mário Viana, que afirma que o governador e o vice cometeram crimes de responsabilidade porque, segundo a entidade, “a probidade administrativa foi completamente quebrada no momento em que estes foram contra o princípio da economia das verbas públicas, com esvaziamento desenfreado e inconsequente dos cofres públicos do Amazonas”.
Outro trecho do documento cita que “o patrimônio público foi dilapidado com tantos fomentos a eventos em época de crise, como quando foi patrocinado o evento ‘Peladão à Bordo’, e a Expoagro, que, juntos, custaram mais de R$ 1 milhão aos cofres públicos, sem contar com os eventos carnavalescos e culturais que viraram rotina nesse governo”.
Outro caso citado é o pagamento de R$ 736 milhões a título de gastos das gestões anteriores “em um período que se mostra absolutamente delicado ao Estado do Amazonas, onde a sua população está falecendo por uma doença que causa uma pandemia global atualmente, e, também, onde o hospital referência no tratamento dessa doença (COVID-19) não opera nem com 50% da sua capacidade, mas o Instituto responsável pela sua gestão recebe mensalmente o valor integral para execução do contrato“.
Petição inicial de impeachment do governador Wilson Lima e vice Carlos Almeida
Em vídeo divulgado nas redes sociais o presidente do Simeam sustenta os motivos. “O pedido está baseado na negligência e omissão do estado em relação à Saúde, inclusive sendo responsabilizado da morte de pessoas da sociedade como um todo como de profissionais da Saúde. Nossa esperança é que a ALE acate este pedido”, afirmou.
Segundo o requerimento, a Saúde do estado já está em colapso desde o último dia 9. “Os três Prontos-Socorros da cidade de Manaus estão praticamente funcionando para atender pacientes Covid-19, sendo que continuam a ser a porta de entrada para urgência e emergência, e por isso recebendo a todo tempo pacientes, inclusive os pacientes com problemas graves cardíacos e vasculares, que acabam se misturando com pacientes COVID-19, e ao serem levados para o Hospital Universitário Francisca Mendes, chegam contaminados, situação que agrava o seu quadro de risco, tendo levado nesta última semana, um paciente cardíaco à morte”.
Para o Sindicato, em apenas um mês após a confirmação da primeira infecção pelo novo coronavírus, pacientes em estado grave são obrigados a esperar numa fila por uma vaga de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e há falta de médicos nos hospitais.
“A grande demora na tomada de decisões e, quando tomadas, são recheadas de diversos equívocos, enquanto isso, a população descumpre as orientações de distanciamento social. Em números absolutos, o Amazonas é o quinto estado brasileiro com mais casos confirmados da doença, e, por consequência, o quinto em mortes, segundo dados do Ministério da Saúde. Ao todo, o Brasil havia registrado, na mesma data, 36.599 (Trinta e Seis Mil, Quinhentos e Noventa e Nove) casos e 2.347 mortes. O que preocupa, porém, é que o Amazonas possui uma das maiores taxas de incidência da doença no país”, consta no documento.
Para o sindicato, a gestão Wilson LIma, “em tentativa de não serem descobertas suas falhas”, evita a fiscalização de forma a impedir que os órgãos de controle do Amazonas possam até mesmo contribuir para a tomada de decisões acuradas e que possam favorecer a população amazonense.
“Em meio à crise do novo coronavírus, o Governo do Estado do Amazonas se mostra com grande potencial de irresponsabilidade com a sua população, gastando desenfreadamente e sem sequer dar satisfação aos contribuintes acerca das medidas que estão sendo tomadas com suas próprias verbas”.
A entidade destaca ainda que o Hospital e Pronto Socorro Delphina Rinaldi Abdel Aziz foi parcialmente inaugurado em 2014 e “em 2019 a atual gestão do Poder Executivo Estadual assumiu o Governo. Desde então, vários dispêndios de verbas foram realizados, muitos deles sem sequer sentido para a sua realização, como o aluguel de um estacionamento para realização da Expoagro 2019, da mesma forma que o pagamento de R$ 736 milhões para pagamento de dívidas das gestões anteriores no Estado do Amazonas”.
Por fim, o Simeam pede que “seja admitido e autorizado por esse Poder Legislativo Estadual, a instauração do necessário processo de impeachment do Excelentíssimo governador do Estado do Amazonas, Wilson Miranda Lima, e do excelentíssimo vice-governador, Carlos Alberto Souza de Almeida Filho em razão da farta comprovação da prática de crime de responsabilidade e improbidade administrativa, na forma do caput, do art. 56, da Constituição do Estado do Amazonas e art. 74 e seguintes da Lei n.º 1.079/1950”.
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Fonte: D24am