Com a hashtag #Libras na TV, os surdos reivindicam acesso às informações, sobretudo nesse tempo de pandemia e pedem apoio da sociedade à causa.
O Movimento Surdo de Santarém uniu forças com o Movimento Surdo do Pará, e juntos, estão reivindicando um direito fundamental e inerente a todo ser humano; o direito à informação.
Em tempos de pandemia ocasionada por conta do novo coronavírus (Covid-19), os surdos estão sentindo a necessidade de acompanhar melhor o assunto e, ao mesmo tempo, se protegerem do vírus, a partir das dicas e informações repassadas pelos meios de comunicação, principalmente a televisão.
Por conta disso, lançaram a campanha #LibrasnaTV (Hashtag Libras na TV). Os surdos querem ficar por dentro do assunto, principalmente em relação a atualização dos boletins, dos comunicados dos governos e das estratégias de precaução frente à pandemia.
De acordo com Aurilane Marques, do Movimento Surdo de Santarém e membro titular do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, a campanha #LibrasnaTV é uma reivindicação aos governos estadual e municipal para que os mesmos adotem a tradução em Língua Brasileira de Sinais (Libras) nos comunicados e boletins sobre o novo coronavírus. “A gente já percebe que o governo federal, nas suas atualizações, nos seus boletins, tem a tradução em língua de sinais, então agora os surdos estão reivindicando que seja feita também nos comunicados do governo do estado assim como também nas atualizações do governo municipal”, disse Aurilane.
Os surdos também reclamam que as atualizações e comunicados feitos por meio de vídeo ou mesmo das chamadas Lives não tem nem legenda e nem tradução em Libras.Logo, essas informações não chegam à comunidade surda.
“Esse conteúdo que tá sendo divulgado, informado, atualizando a população, não chega a um determinado grupo da sociedade que são as comunidades surdas. Então, essa é a reivindicação deles; a reivindicação é que esses comunicados, essas atualizações frente à pandemia que a gente tá passando sejam feitas também por meio da língua de sinais”, destacou Aurilane Marques, que também é professora surda, especialista em Libras e Neuropsicopedagogia,
Ainda segundo Aurilane, os surdos não estão fazendo nenhuma reivindicação sem base legal. A reivindicação é feita com base na lei. “Tem fundamento e base legal, tanto é que a Língua de Sinais tem uma lei que reconhece ela como língua da comunidade surda; também tem decreto, tem a lei de acessibilidade, que fala sobre acessibilidade comunicacional, que o surdo tem direito a receber comunicação, informação, por meio da Língua de Sinais. E tem ainda a LBI, que é a lei brasileira de inclusão, que corrobora pra tudo isso. Então, essa reivindicação que eles estão fazendo é com base legal”.
A Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2020, sancionada pelo então presidente da república Fernando Henrique Cardoso, dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e dá outras providencias. Saiba mais, no link abaixo.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm
Já a Lei de acessibilidade, citada pela professora Aurilane, estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Trata-se da lei Nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, também sancionada pelo ex presidente Fernando Henrique Cardoso. Veja o link.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10098.htm
Com relação a LBI a Lei Brasileira de Inclusão, também chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), afirma a autonomia e a capacidade desses cidadãos para exercerem atos da vida civil em condições de igualdade com as demais pessoas. Detalhes, no link!
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm
A representante dos surdos explicou que não se trata de uma reivindicação por recurso de acessibilidade. Os surdos querem ter acesso a informação em Língua de Sinais. “Então, a reivindicação deles não é o recurso; a reinvindicação é a Língua de Sinais”.
Professora Aurilane esclareceu ainda que, apesar das TVs contarem com a opção do closed caption, que é a tradução simultânea da fala por meio de legenda, o conteúdo transmitido não chega ao surdo já que não há tradução de Libras. Logo, o surdo não tem como ficar atualizado das informações.
Para Kelen Garcia, interprete de Libras e integrante do Núcleo de Acessibilidade da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), essa bandeira de luta pela questão da acessibilidade nos informativos da TV, para tradução em Língua de Sinais das informações veiculadas nos meios de comunicação, através do interprete de Libras, não é de agora. No entanto, segundo ela, com a iminência da pandemia do Covid-19, aumentou e muito a necessidade uma vez que as informações estão sendo atualizadas todos os dias.
“As informações vão se atualizando muito rápido e assim não chega para o surdo. Eles se perguntam: porque que tá acontecendo isso; quais são as informações atuais; qual o numero de vítimas do Covid-19; quais os números de óbitos; como se proteger; quais os cuidados que devemos tomar? Fica muito escasso de informações, e principalmente porque vem por meio de nossos governantes, vem por meio do governador, algumas informações, alguns decretos vem por meio do prefeito, e assim, pro surdo que não tá tendo acesso à todas as informações às vezes parece que é uma coisa partidária. Eles dizem, por exemplo: ah, porque o presidente da República diz que pode e o governador diz que não pode? será que é apenas uma briga politica? então, ele (o surdo) não consegue ter essa percepção das falas, fica parecendo uma situação política, quando, na verdade, é uma questão de saúde pública. Logo, se houvesse a tradução a partir do intérprete de Libras, o próprio surdo teria condições de fazer a sua análise e se precaver dos cuidados necessários”.
Ainda de acordo com Kelen Garcia, por isso é importante chamar a atenção da população, das mídias sociais, das emissoras de TVs locais, estaduais e até nacionais. “Porque a gente tem um público muito grande, uma população bem significativa de surdos e eles são cidadãos, são participantes da sociedade, têm seus deveres, mas também tem seus direitos e a informação é um desses direitos. Então, é uma bandeira de luta e nós, enquanto intérpretes, estamos apoiando esse movimento. A gente espera que seja visto, e que os surdos sejam beneficiados com esse direito”.
Você também pode apoiar a campanha dos surdos por interprete de Libras na TV. Basta postar nas suas redes sociais um cartaz com mensagem de incentivo à campanha e com a hashtag #librasnaTV.
* Colaborou com esta matéria Fabiana Ferreira da Silva
Fabiana Ferreira é jornalista, intérprete de Libras e membro do Movimento Surdo de Santarém
Eu apoio essa causa……
Muito importante direito da pessoa surda ser informada do tudo que si passa de forma clara por meio da Lígia de sinais
…Quero contribuir com essa causa.
Como faço?
Eu apoio essa causa,
Muito importante,e direito da pessoa surda ser informado de tudo que si passa na TV. Por meio da língua Brasileira de sinais